domingo, 30 de junho de 2013

Kubik e filme mudo de samurais

Com o meu projecto Kubik fiz uma banda sonora original para um filme mudo japonês obscuro sobre samurais datado  de 1921.


Mais informação sobre Kubik aqui.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

O que diz Tarkovski #5

"Sempre me surpreendi com o cinema de Robert Bresson: a sua concentração é extraordinária. Nada de casual jamais conseguiu insinuar-se na sua relação ascética dos meios de expressão. Bresson nunca poderia fazer um filme "às pressas". Ele é sério, profundo e nobre, é um daqueles mestres para quem cada filme se transforma num facto da sua existência espiritual. E só é levado a realizar um filme quando estiver nos limites de um estado interior de profunda inquietação."

Michael Nyman

O pianista e compositor Michael Nyman regressa a Portugal para três concertos e na bagagem traz as bandas sonoras que compôs para cinema ao longo da sua carreira.
Juntamente com Wim Mertens, Michael Nyman encarna um compositor neo-clássico com influências minimalistas. A sua carreira foi catapultada com a notável banda sonora que criou para o filme "O Piano" (1993) de Jane Campion
Mas na década anterior (80) já se tinha revelado com a criatividade musical para os filmes do inglês Peter Greenaway. Para além de outros exemplos de valor, quiçá a melhor partitura de Nyman seja a que fez para o ousado filme "The Cook, The Thief, His Wife and Her Lover" (1989). O filme de Greenaway, visualmente barroco e excessivo, era um misto de crítica social com humor negro (canibalismo pelo meio).
A música de Nyman é fabulosa na forma como ajuda a encenar cada momento do filme, como é o caso deste brilhante "Memorial". Oxalá Michael Nyman interprete em Portugal esta fabulosa peça musical.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Playtime #86

A solução: "Naked Lunch" (1991) - David Cronenberg
Quem descobriu: Cid Brasil


A visão da guerra de Lore



No meio da avalanche de estreias de cinema em Portugal - às vezes chegam a ser oito (!) por semana -, lá estreia um ou outro filme que vale, realmente, uma ida à sala de cinema. Há algumas semanas atrás, valia por "Os Nossos Filhos" do belga Joachim Lafosse (como referi num post abaixo), a semana passada valeu por "Lore", da australiana Cate Shortland.
O filme conta-se de uma penada: na Primavera de 1945 e com a Alemanha em ruínas após a morte de Hitler, Lore (Saskia Rosendahl) é a filha mais velha de um casal alemão (o pai era oficial do exército nazi). Perante a ausência do pai e da mãe, Lore toma conta dos quatro irmãos e leva-os numa viagem de quilómetros até à casa de uma avó... 
"Lore" é, por isso, um fascinante olhar sobre a Segunda Guerra Mundial do ponto de vista da Alemanhã vencida. É também um lancinante olhar dos horrores da guerra a partir dos olhos de uma adolescente ingénua (traz à memória o brutal filme "Vem e Vê" de Elem Klimov). A realizadora soube construir personagens fortes, dar densidade psicológica a todo o processo narrativo e mostrar uma perturbadora perspectiva dos efeitos da devastação da guerra na mente (e no físico) de um grupo de crianças. 
Uma das grandes surpresas cinematográficas do ano.
 Trailer: 

sábado, 22 de junho de 2013

Chaplin imita Chaplin



Não se sabe se este episódio é real ou fictício: Geraldine Chaplin, actriz e filha do famoso realizador da comédia burlesca muda, Charlie Chaplin, disse recentemente numa entrevista que também desconhece a veracidade deste episódio.
O que se conta é que, no auge da popularidade de Charlie Chaplin, havia frequentemente concursos de imitação do personagem Charlot (tal como hoje existem os programas televisivos de imitações de celebridades). 
Ora, um dia, por brincadeira, o próprio actor e realizador resolveu participar, anonimamente, num desses concursos. O objectivo era imitar o mais possível, em termos físicos e expressivos o célebre vagabundo de bigode, chapéu e bengala. Chaplin terá dado o seu melhor a interpretar-se a si mesmo e, surpresa das surpresas, ficou em terceiro lugar no 'ranking' das melhores imitações. E nunca terá revelado a sua verdadeira identidade...

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Falta música

Este blogue precisa de ter mais música. Música que se estranha e depois se entranha (nas profundezas da nossa alma e do nosso corpo). Lights in a Fat City foi o projecto que apenas editou um disco em 1989: "Somewhere". 
Era o projecto do músico Stephen Kent, magistral especialista no Didjeridu australiano. Este disco mistura a sonoridade típica deste instrumento aborígene e funde-o com ritmos tribais e alguma electrónica. "Somewhere" é um dos grandes discos originais do final dos anos 80, mas pouca gente sabe disso. 
Por isso, caro leitor, relaxe e coloque o volume alto. Deixe-se contaminar por cada ritmo, cada som, cada vibração hipnótica desta música que parece evocar os espíritos mais ancestrais que ligam o homem à natureza. 
(Para ouvir o resto do álbum, aqui).

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Perder a razão e a emoção











Em Portugal teve o título redutor "Os Nossos Filhos" e é um filme que passou completamente despercebido da crítica e do público há umas semanas atrás (quando estreou em sala). Realizador pelo jovem realizador belga Joachim Lafosse, "Os Nossos Filhos" ganhou o Prémio de Melhor Actriz (Émile Dequenne, na imagem) na secção “Un Certain Regard” do festival de Cinema de Cannes 2012. A história é baseada num acontecimento verídico ocorrido em 2007 na Bélgica, no qual uma mãe matou os cinco filhos pequenos. 
O filme de Lafosse conta a história do casal Muriel e Mounir, dois jovens verdadeiramente apaixonados. Infelizmente os problemas começam a surgir rapidamente após o casamento. No centro do problema está o Dr. Pinget, o homem que cuidou de Mounir desde pequeno e que passa a exercer uma forte influência sobre os dois: o casal não só vive na sua casa como também depende financeiramente dele. Aos poucos, ela começa a sentir-se aprisionada e devastada neste clima emocional doentio e uma sombra trágica começa a pairar sobre esta família... 
É aqui que o filme resvala para um ambiente que parece extraído da estética de Michael Haneke: a mãe das crianças entra, paulatinamente, numa espiral de desintegração da personalidade. E perante o sufoco da sua vida, só vê uma forma de "proteger" os filhos: matando-os. A frieza emocional com que o realizador encena esta solução extrema faz parecer uma brincadeira a cena da morte dos 6 filhos de Magda Goebbels no filme "Downfall" (2004).
Lafosse não mostra praticamente nada, nem violência, nem sangue, nem gritos, nem a loucura que passa pela cabeça daquela mãe. A sugestão é a melhor arma para amedrontar o espectador. Apenas filma num plano fixo as crianças a irem ao chamamento da mãe que as espera com uma faca no quarto. Sim, é perturbador, pela "não acção" aparente, mas é a constatação de um cineasta que vai, certamente, crescer muito depois desta experiência radical. Porque este filme é sobre a dilaceração do amor, estilhaçado em mil pedaços perante o peso da responsabilidade, da rotina e da ausência de afecto.
Voltando ao início: é pena que o filme tenha passado ao lado de tanta gente. Ah, e o título original é bem mais adequado: "À Perdre La Raison". Ou seja, perder a racionalidade...
Trailer:

terça-feira, 18 de junho de 2013

Os enigmas de "The Shining"




















Acabei de ver o documentário "Room 237" de Rodney Ascher. Trata-se de um documentário que analisa o filme "The Shining" (1980) de Stanley Kubrick, tentando desvendar elementos obscuros muito para além da óbvia história de terror de Stephen King.
Dividido em 9 capítulos diferentes - cada um dedicado a um tema específico do filme - "Room 237" escalpeliza os mais ínfimos pormenores e simbolismos que, aparentemente, um olhar distraído torna impossível de detectar. Para tal, o realizador socorreu-se de 5 ou 6 especialistas (escritores, críticos, professores) e fanáticos conhecedores da obra de Kubrick em geral e deste filme em particular. Cada um destes especialistas apresenta ideias e interpretações rebuscadas do significado oculto que "The Shining" encerra.
Sinceramente, depois de ver este documentário, fico com a noção de que, se nalguns casos as interpretações até podem fazer sentido, noutros casos, são meros delírios fantasistas de fãs que julgam que o filme está recheado de mensagens subliminares. 
Assim, resolvi apontar algumas ideias que "Room 237" apresenta, pelo que cada leitor retirará as suas próprias conclusões:

- "The Shining" é um filme sobre o genocídio dos índios americanos: O Overlook Hotel foi construído num antigo cemitério índio. Outra pista: na despensa do hotel, é possível ver latas de fermento em pó “Calumet”, que significa "cachimbo da paz e há símbolos índios espalhados no hotel.

- Existem também padrões e detalhes de subtexto sobre o Holocausto – máquina de escrever que Jack Torrance usa é da marca alemã Adler (Águia, símbolo de poder). Jack Nicholson veste uma t-shirt com uma águia. Há várias referências ao número 42 – o ano 1942 foi quando a Alemanha Nazi pôs em marcha o plano de matar judeus. Jack e Danny vêem a série “Verão de 42” na televisão. O quarto 237 tem múltiplos de 42. Na escadaria, Wendy abana o bastão 42 vezes para afugentar Jack. 

-  Kubrick é um mestre na profundidade de campo e brinca constantemente com referências visuais e no filme coloca muitas pistas especiais em segundo planos de várias cenas. Kubrick conhecia as técnicas de imagens subliminares usadas na publicidade. 

- Nos créditos inicias, logo a seguir à legenda “Directed by Stanley Kubrick”, as nuvens do céus mostram a forma do rosto do realizador. 

- No hotel há um cartaz com um homem a fazer ski mas que é entendido como um Minotauro. Jack é o Minotauro com o seu olhar desafiador. 

- Os passeios de triciclo de Danny são uma forma visual de explorar a "cabeça dos seus pais". 

- “The Shining” é uma espécie de jogo de xadrez tridimensional em que Kubrick tenta contar várias histórias que parecem separadas mas estão intimamente ligadas. 

- Kubrick falsificou a aterragem da missão Apolo na Lua e lançou pistas no filme: Kubrick mudou o número do quarto 217 para 237 porque a distância em milhas da Terra à Lua é de 237 mil milhas. Danny tem uma camisola da missão Apolo 11. O padrão hexagonal do chão do hotel é idêntico à forma da base de lançamento da missão Apolo. 

- No livro de Stephen King, o carro de Jack Torrance é um Volkswagen vermelho. Kubrick mudou a cor do carro para amarelo e mandou "à merda" o escritor quando se vê Dick Holloran a conduzir em direcção ao hotel no meio de um temporal de neve e passa por um acidente de carro em que se vê um camião que cilindrou um… Volkswagen vermelho! 

- É um filme que também tem significados e simbolismos se for visionado de trás para a frente. É um filme que tem várias leituras ao “contrário”: há personagens que andam de frente para trás (Wendy, Danny) e que escrevem palavras ao contrário (“Redrum”). Logo, é um filme sobre o impacto que o passado tem sobre todos nós.

-  Há muita coisa em “The Shining” que ainda ninguém descobriu, Por isso é preciso continuar a vê-lo e a descobrir novas interpretações.

domingo, 16 de junho de 2013

O que diz Tarkovski #4

"A mais absoluta prova de genialidade que um artista pode dar é não desviar-se nunca da sua concepção, da sua ideia, do seu princípio, e de fazê-lo com tanta firmeza que nunca perca o controlo sobre essa verdade, não renunciando a ela mesmo que isso lhe custe o prazer do seu trabalho".

sábado, 15 de junho de 2013

"A" Maiúsculo com Círculo à Volta



Rui Eduardo Paes tem sido um combatente. As suas armas são a sua imensa sabedoria musical/cultural e a sua escrita em livros e imprensa escrita ao longo de quase 30 anos de intensa actividade de crítico e ensaísta. Por isso é o melhor especialista português sobre as novas tendências artísticas contemporâneas no que à música diz respeito e, por inerência, a todo o vasto e complexo pensamento subjacente.
Rui Eduardo Paes, de quem já escrevi várias vezes neste blogue, estuda a problemática das músicas contemporâneas de índole experimental e a significação das estéticas de ruptura face aos valores culturais instituídos. Dito de outro modo, aborda todas as expressões artísticas tidas como de vanguarda, nas suas múltiplas formas e configurações - música electroacústica, free-jazz, improvisada, electrónica, noise, multimédia, erudita contemporânea, computer music, fusões estilísticas bizarras e outras derivações estéticas radicais e alternativas face à cultura "mainstream" dominante. 
Rui Eduardo Paes tem sido uma voz crítica única no panorama jornalístico nacional, revelando sempre uma argumentação extremamente bem urdida, lúcida e uma visão histórica dos factos simultaneamente original e pertinente. Analisa eloquentemente os fenómenos artísticos, disseca-os com auxílio de teorias não só musicais como filosóficas e literárias, citando para tal autores tão prementes para a cultura contemporânea como Virilio, Camus, Borges, Sartre, Lyotard, Deleuze, Debord, Heidegger ou Cioran. 
Além disso, explora a congeminação de relações entre distintas áreas do pensamento ensaístico, tentando estabelecer elos de ligação entre correntes específicas do pensamento artístico (surrealismo, dadaísmo, pós-modernidade, teoria do Caos, minimalismo, nihilismo...) com outras tantas correntes musicais e artísticas (free jazz, música concreta, electrónica, improvisação, instalações multimédia, cinema experimental, pintura conceptual...).
A novidade que o seu novo livro traz é que o ponto de vista essencial é o ponto de vista político associado às manifestações estéticas contemporâneas. O título é, de resto, todo um programa de intenções: "A" Maiúsculo Com Círculo à Volta". O anarquismo histórico e as suas formas libertárias de expressão são intercaladas, pelo autor, com múltiplas abordagens a músicos, escritores, cientistas ou artistas multimédia. Um livro que, uma vez mais, prova que o autor rejeita o conformismo de pensamento e ousa analisar novas abordagens, novas relações, novos pontos de vista sobres os fenómenos artístico-culturais-sociais-filosóficos do mundo contemporâneo.

Com a edição conjunta da Chili Com Carne e Thisco, o novo livro de Rui Eduardo Paes relaciona as músicas de hoje (jazz, improvisação, pop-rock, noise, electrónica experimental, música contemporânea) com as novas tendências do pensamento libertário, descobrindo analogias mas também desmistificando ideias feitas. Entre os temas percorridos ao longo dos 10 capítulos amplamente ilustrados estão o ocultismo, a espiritualidade, a ciência, a ficção científica, a tecnologia, o amor e o sexo, com referência a autores como Robert Anton Wilson, Hakim Bey ou Murray Bookchin (o livro é ilustrado por vários artistas da Associação Chili Com Carne: Joana Pires, Marcos Farrajota, André Coelho, Jucifer, Bráulio Amado (acumulando o cargo de Designer do livro), José Feitor, David Campos, André Lemos ou João Chambel).
Trata-se pois, de uma obra ousada na forma e no conteúdo; não será de fácil leitura para leitores pouco habituados à torrente de informação criteriosamente debitada por Rui Eduardo Paes (numa página pode ter dezenas de referências a músicos, escritores ou filósofos), mas será certamente uma experiência altamente enriquecedora absorver tamanha sapiência nesta forma tão original e "anárquica" de interpretar a cultura paradoxal característica da sociedade em que vivemos.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

O rosto de Montgomery Clift

Ontem revi um dos grandes clássicos (por vezes esquecidos) do mestre Alfred Hitchcock: "I Confess", de 1953. Um filme com exactos 60 anos que não perdeu um pingo de inquietação e fascínio. A história é tipicamente hitchcockiana: o padre Michael Logan (fabuloso Montgomery Clift) ouve a confissão de um homem que lhe confessa ter cometido um assassinato. O padre Logan, face às regras da Igreja, não pode revelar às autoridades o assassino, mesmo quando ele próprio se torna suspeito do crime...
Hitchcock preferia actores mais seguros e carismáticos como James Stewart ou Cary Grant. Mas  a verdade é que Montgomery Clift revelou-se um actor absolutamente notável na composição de um padre dizimado pela dúvida moral e pelo amor de uma mulher (o título brasileiro faz justiça à essência do filme: "A Tortura do Silêncio").
Clift dá ao filme um verdadeiro clima de suspense e intriga, num ambiente sombrio de crescente angústia. Não é por acaso que "I Confess" era o filme preferido da geração da Nouvelle Vague francesa. Este é um dos filmes de Hitchcock mais densos e frios. E raramente o realizador terá feito tão perturbadores "close-ups" do rosto de um homem como aqueles que fez com o belo e inquietante rosto de Montgomery Clift. O actor contava uns jovens 33 anos quando fez este filme e a sua carreira terminou abruptamente aos 45 anos de idade (em 1966).
"I Confess": um clássico para rever sempre.

domingo, 9 de junho de 2013

Artistas: rituais bizarros




Ao ler a revista Sábado fiquei a conhecer um livro deveras interessante: "Daily Rituals: How Artists Work" de Mason Currey Pode ser adquirido na Amazon). Um livro que, basicamente, conta os rituais, métodos e manias dos artistas para alcançarem inspiração criativa. Mason Currey demorou 10 anos na pesquisa e escrita do livro, numa investigação histórica séria e aprofundada. 
O resultado deste estudo foi a elaboração de uma criteriosa lista de 160 artistas e criadores de todas as áreas: escritores, pintores, músicos, filósofos, realizadores, poetas, arquitectos, dramaturgos, actores, coreógrafos, cientistas, etc. 
Estão listados nomes como Woody Allen, Agatha Christie, Lev Tolstoy, Ingmar Bergman, Charles Dickens, Pablo Picasso, George Gershwin, Charles Darwin, Andy Warhol, John Updike, Benjamin Franklin, William Faulkner, Jane Austen, Anne Rice, Igor Stravinsky, Glenn Gould, entre muitos outros.
E que tipo de rituais estranhos estamos a falar? Bom, quando pensamos na ideia lírica de que os artistas têm uma espécie de musa inspiradora espontânea, nada mais errado. Os artistas revelam rituais muito estranhos e originais.
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Exemplos:
- Thomas Wolfe escrevia acariciando os órgãos genitais.
- Igor Stravinsky fazia o pino quando estava a compor música.
- Woody Allen toma vários banhos por dia enquanto pensa nos argumentos.
- Patricia Highsmith costumava ficar a olhar para caracóis até ter inspiração.
- David Lynch medita e bebe grandes doses de batidos de chocolate.
- Truman Capote (na imagem) escrevia na cama e passava horas sem se levantar.
- Frank Lloyd Wright tinha, aos 85 anos, sexo três vezes por dia enquanto acabava um projecto.
- Friedrich Schiller cheirava maçãs podres para se inspirar.
- Somerset Maugham só conseguia escrever em frente a uma parede totalmente branca.

sábado, 8 de junho de 2013

O carismático Mr. Spock

Hoje estreia o novo filme da saga "Star Trek - Além da Escuridão" de J.J. Abrams. Nunca fui fã de Star Trek, mas via a série televisiva, há muitos anos, com os carismáticos actores William Shatner como Capitão Kirk e Leonard Nimoy como o fascinante Mr. Spock (na imagem).
Era um miúdo e ficava fascinado com a presença física de Mr. Spock, a sua voz assertiva, o seu olhar gélido, as suas sobrancelhas pontiagudas, a sua peculiar forma de saudar (com os dedos abertos da mão) e a sua pose compenetrada. Era uma personagem com grande poder de sedução e repartia com o Capitão Kirk o protagonismo das aventuras intergalácticas pelo Universo (claro que a nova saga Star Trek já não tem nenhuma personagem com a personalidade de Nimoy).
Fui espreitar o perfil de Nimoy, e hoje é um veterano actor de 82 anos que também se dedica à poesia e literatura, à pintura e fotografia. 
Um homem de muitos ofícios e sabedoria.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

O Futuro Distópico

José Carlos Maltez, autor do blogue de cinema A Janela Encantada, convidou-me para escrever na rubrica "O Meu Ciclo". Ou seja, tive de imaginar um ciclo temático ligado ao cinema e justificar (ou descrever) a escolha. Foi o que fiz. 
Intitulei ao "meu ciclo" de "O Futuro Distópico" e seleccionei um conjunto de filmes aconselhados que correspondessem à essência do tema. Pode ler o resultado das minhas opções aqui.

Desabafo

Já não sei o que fazer para parar com o maldito e incómodo 'spam' que ataca, todos os dias, a caixa de comentários deste blogue...

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Melhor filme de animação

Hoje perguntaram-me qual o melhor filme de animação que vi nos últimos anos. Não hesitei ao responder que o melhor filme de animação que vi nos últimos 10 anos, sem sombras de dúvida, foi este.

quarta-feira, 5 de junho de 2013

Discos que mudam uma vida #180

"The Dark Side of The Moon" (1973) - Pink Floyd

A melancolia de Hopper

Raramente escrevo no blogue sobre pintura. E devia fazê-lo mais vezes.
Escrever, por exemplo, sobre um dos pintores de que mais gosto: o enigmático e melancólico Edward Hopper. A sua pintura inquieta o olhar porque nos coloca perante figuras solitárias e perante o silêncio da paisagem, a alienação de uma sociedade egocêntrica. Mas eu nem me alongo mais, porque sobre a arte de Hopper e tudo o que ele representa e significa, escreveu muito bem o José Antônio Orlando no seu blogue Semióticas, que eu aconselho a consultar.

domingo, 2 de junho de 2013

Chaplin e a multidão

Quando pensamos que hoje existem celebridades no mundo do espectáculo e do cinema, nem sempre nos lembramos que este não é um fenómeno recente. Desde o período do cinema mudo que grandes vedetas do cinema arrastavam multidões de fãs e seguidores.
Foi assim, por exemplo, com o génio de Charlie Chaplin. Depois da primeira década de trabalho ter sido de pouco reconhecimento (1910), a fama chegou em força a partir do final da mesma década e no início dos anos 1920. 
Esta fotografia é espantosa pela forma como se revela aos nossos olhos: nela vemos Chaplin "à civil" aos ombros de um homem para que toda uma incrível multidão de pessoas o possa admirar. Foi tirada em Londres em 1921, uma cena em total apoteose popular, quase parecendo que foi encenada de tão perfeita ser. 
Uma imagem como hoje não há mais (carregar na imagem para aumentar a visualização).

sábado, 1 de junho de 2013

O livro de Tarkovski

Para ir directo ao assunto: este é porventura um dos mais belos livros que alguma vez li.
"Esculpir o Tempo" de Andrei Tarkovski. Escrito ao longo de muitos anos de vivências múltiplas, de momentos felizes e de infortúnios, de períodos de reflexão e de sofrimento. O realizador compilou todo os seus pensamentos, memórias e considerandos sobre a função da arte e do artista, o que deve ser ou não o cinema, qual o lugar do homem e da natureza no mundo.
São reflexões fluídas e que se lêem avidamente. Não é só um tratado sobre cinema (dos melhores que já foram escritos), é um tratado sobre a vida, sobre os valores espirituais do homem. É um tratado filosófico sobre questões terrenas e metafísicas, num estilo de escrita que tem mais de literário do que técnico. Um guia para compreendermos a sua arte e a sua visão cosmológica das coisas e dos afectos.
Mais do que Bergman, mais do que Dreyer, Tarkovski é o mestre absoluto na exploração das emoções humanas e na manipulação do tempo e da memória.
Profundamente marcado pela poesia do seu pai Arseni Tarkovski, Andrei teve uma fortíssima formação académica no campo da pintura (queria ter sido pintor), da história, da literatura e da poesia. A sua sensibilidade artística denota a extrema exigência que tinha para com a arte e o cinema. Filmar um plano era o mesmo que congelar um pedaço de tempo. Esculpi-lo. E toda a sua estética se baseia na ideia de esculpir o tempo. Em tempos houve na Fnac uma edição brasileira de "Esculpir o Tempo" (ou podem fazer o download do livro em PDF e em português).