domingo, 31 de maio de 2015

A carta de Virginia Woolf

Em 28 de Março de 1941, aos 57 anos, a escritora Virgínia Woolf vestiu um casaco, encheu os bolsos de pedras e afogou-se deliberadamente no Rio Ouse (no sul do Reino Unido). Antes do acto suicida final, após um colapso nervoso, a escritora deixou uma carta breve para o seu marido. Leonard era marido, amigo e editor de Virgínia (na imagem).

Eis a pungente e sentida carta de despedida que Virginia Woolf deixou ao marido (manuscrito e transcrição):

Meu Muito Querido: 
Tenho a certeza de que estou novamente enlouquecendo: sinto que não posso suportar outro destes terríveis períodos. E desta vez não me restabelecerei. Estou a começar a ouvir vozes e não consigo concentrar-me. Por isso vou fazer o que me parece ser o melhor. Deste-me a maior felicidade possível. Fostes em todos os sentidos tudo o que qualquer pessoa podia ser. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes até surgir esta terrível doença. Não consigo lutar mais contra ela, sei que estou destruindo a tua vida, que sem mim poderias trabalhar. E trabalharás, eu sei. Como vês, nem isto consigo escrever como deve ser. Não consigo ler. O que quero dizer é que te devo toda a felicidade da minha vida. Fostes inteiramente paciente comigo e incrivelmente bom. Quero dizer isso — toda a gente o sabe. Se alguém me pudesse ter salvo, esse alguém terias sido tu. Perdi tudo menos a certeza da tua bondade. Não posso continuar a estragar a tua vida. Não creio que duas pessoas pudessem ter sido mais felizes do que nós fomos. 
V.

sábado, 30 de maio de 2015

Efeitos de "O Exorcista"

Em 1973 o cinema ainda conseguia arrastar multidões que faziam fila na rua para comprar bilhete. Sobretudo para um dos maiores fenómenos populares do cinema da segunda metade do século XX: "O Exorcista" de William Friedkin. Este foi um dos filmes de terror que mais impacto e surpresa provocou no público. Hoje "O Exorcista" já não impressionará assim tanto as audiências mas em 1973 o efeito que este filme provocou foi devastador. 

Sempre soube que a rapariga possuída pelo demónio tinha causado desmaios e fortes reacções emocionais e agora descobri o vídeo que o comprova: "The Exorcist - Audience Reactions" mostra primeiro as filas intermináveis dos curiosos que queriam ver o filme; em segundo, revela-nos entrevistas breves aos espectadores após o visionamento do filme. As reacções são as mais diversas, desde desmaios, choros, até respostas angustiadas e rostos tomados pelo horror. Que filme dos últimos 20 anos foi capaz de gerar tamanha comoção no público?

quinta-feira, 28 de maio de 2015

John Cage e Quim Barreiros



O compositor e teórico John Cage (1912 - 1992) foi um dos mais revolucionários estetas do século XX. A sua visão da arte e da música quebraram convenções e normas instituídas. Basta pensar que foi o percursor da música concreta (feita de sons e ruídos quotidianos), da música aleatória e da célebre obra de silêncio 4'33''.

John Cage tinha ideias artísticas altamente invulgares e originais que desafiavam o senso comum. Uma delas consistia em pôr 9 orquestras a tocar ao mesmo tempo as 9 sinfonias de Beethoven. Ao mesmo tempo! Foi um projecto tão ousado e inviável que nunca se concretizou. 
Isto para dizer que algum português potencialmente inspirado nesta ideia juntou, numa única faixa, todas as músicas famosas do Quim Barreiros. O resultado sonoro é cacofónico, próximo da música industrial ruidosa, numa avalanche imparável de mil músicas tocadas ao mesmo tempo. Mas estou em crer que seria certamente do agrado estético do próprio John Cage, porque para ele isto também era "música".

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segunda-feira, 25 de maio de 2015

Memórias de "Que Grande es el Cine!"


É recorrente as televisões portuguesas programarem filmes de qualidade para horários improváveis (muitas das vezes, madrugada dentro). Há muitos anos atrás, a RTP fazia verdadeiro serviço público quando passava, às quartas-feiras à noite (21h30), uma sessão de cinema. Filmes de qualidade em horário nobre com apenas um intervalo pelo meio. Isto já para não falar da programação cinéfila de cinema clássico da RTP2, que teve o seu auge até meados da década de 90. Desde que os canais privados entraram no mercado, a programação de cinema de qualidade desmoronou-se.
Desde há uns anos a esta parte a programação das televisões em horário nobre tem sido monopolizada com telelixo: telenovelas aos molhos, futebol e programas medíocres de entretenimento (reality shows e afins). E, claro, intervalos infindáveis de publicidade maçuda (um intervalo comercial da TVI dura, em média, 20 intermináveis minutos). Por isso os filmes, séries e programas de informação de qualidade são relegados para secundaríssimo plano, quase sempre depois da meia-noite. Claro que há alternativas: televisão por cabo e clubes de vídeo online. Só que há dezenas de milhares de famílias portuguesas que não podem pagar televisão por cabo. E assim estupidificam-se, de forma passiva, assistindo à boçalidade televisiva diária. A nova televisão digital e os novos pacotes multimédia (Nos e Meo) podem atenuar a nefasta formatação da televisão actual e alargar as possibilidades de visionamento do espectador, mas estes produtos vão levar muitos anos a generalizar-se por toda a população.
Como vivo perto de Espanha habituei-me a ver televisão, desde muito cedo, do país vizinho. Durante anos vi clássicos de aventuras ao sábado à tarde e durante anos vi, pela primeira vez, verdadeiras obras-primas do cinema em horário nobre. Era o caso do excelente programa "Qué Grande es el Cine!" (exibido entre 1995 e 2005 na TVE2 - a equivalente à RTP2) do jornalista e realizador José Luis Garci (na imagem).


Durante esses anos, todas as segundas-feiras à noite depois de jantar, era exibido um filme clássico (legendado) e depois comentado e discutido durante 40 minutos por parte de críticos de cinema e realizadores (como se faz agora depois de um jogo de futebol). Um notável serviço público, pedagógico e cultural, num formato quase impensável nos dias de hoje. Foi neste programa que vi grandes filmes de John Ford, Orson Welles, Murnau, Charles Laughton, Hitchcock, Capra, Truffaut, Nicholas Ray, etc. Aposto que, nos 10 anos que durou o programa, este contribuiu para formar o gosto cinéfilo de muitas pessoas (uma geração?) para a verdadeira arte do cinema. Aqui podem ver-se muitos desses programas no Youtube.
Era com critérios destes que se deveria reger toda e qualquer televisão pública.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

O cinema vira-se para a música

Nunca como agora houve tantos documentários e filmes sobre figuras marcantes da música mundial. O mais recente exemplo foi o documentário sobre Kurt Cobain, líder e vocalista dos Nirvana. Mas outros estão quase concluídos (ou em vias de tal) como um filme sobre a vida da cantora de ópera Maria Callas (com Noomi Rapace no papel da diva); dois biopic sobre as curtas vidas de Jimi Hendrix e Amy Winehouse; um outro sobre a conturbada vida e carreira do rei da soul James Brown e, por fim, um filme já anunciado (estreia em 2016) sobre a lendária cantora dos anos 60, Janis Joplin (interpretada por Amy Adams).

E é quase certo que o filão não vai terminar por aqui... 




Para conhecer 'Unknown Pleasures'

Ainda a propósito dos 35 anos da morte de Ian Curtis (Joy Division), eis uma interessante lista do New Musical Express sobre "20 Coisas Que Não Sabia Acerca do Álbum Unknown Pleasures". 
Aqui.


segunda-feira, 18 de maio de 2015

35 anos sem Ian Curtis

Lembro-me como se fosse hoje: o bloco de gelo que se abateu sobre mim com a audição de “Unknown Pleasures”. A minha formação de ouvinte tivera vários estágios, mas nada me tinha preparado para o embate que foi a audição do primeiro disco dos Joy Division. Quando somos adolescentes julgamos que temos o tempo todo do mundo para desfrutar das grandes descobertas musicais. E, na verdade, eu tinha esse tempo todo. Viver em casa dos pais, fechado num quarto hermético, com centenas de discos, cassetes, livros e posters, era mundo suficiente para mim. Claro, a vida de estudante também se fazia, suportada à custa de muita condescendência e resignação.

Daí que, com 15 ou 16 anos, ouvir música significava um refúgio tão revigorante e enérgico como julgo já não existir hoje. Representava marcar um território delimitado à base da militância severa do prazer estético partilhado com um círculo restrito de amigos. A descoberta da figura de Ian Curtis, mais do que a de Jim Morrisson, Iggy Pop, Lou Reed, David Bowie ou Peter Murphy, foi uma descoberta quase de cariz religiosa. Lia aqueles artigos incensados e devotos do Miguel Esteves Cardoso sobre a intensa e criativa movida de Manchester e fiquei, automaticamente, siderado. Ansioso por conhecer tudo numa era em que Internet nem figurava nos livros de ficção científica.

Porém, a devoção pelo prazer da descoberta levou-me a mover mundos e fundos até conseguir pôr os ouvidos na música de Ian Curtis. Primeiro com a banda Warsaw, ainda reminiscente da fúria punk; depois, sim, com a era estilizada, superlativamente estética, de “Unknown Pleasures” e, postumamente à morte de Curtis, com o legado “Closer”. Para um adolescente como eu, de temperamento algo sorumbático e reflexivo, a música dos Joy Division revelou-se como a suprema bênção identitária. Nenhuma outra música, nenhumas outras letras, nenhum outro disco se poderia colar melhor à minha alma do que aqueles discos. A poesia (porque de poesia se trata) de Ian Curtis resultava numa espécie de elegia sobre a presença terrena desta vida.

E tocava-me nas mais profundas das vísceras (porque a poesia não toca apenas na alma). Via Curtis como um criador ambicioso mas permanentemente insatisfeito, um angustiado feliz que tentava libertar os seus demónios interiores. Gostava das preocupações existenciais de Ian, devedoras das suas leituras de Kerouac, Burroughs, Ballard ou Camus. Cantava o sonho e o pesadelo, o amor e a morte, o desejo de existir e o medo de existir. Comprei um livro com as letras das canções, e li-as uma e outra vez, até sugar toda a essência daquelas palavras (decorava, na íntegra, algumas letras). E ouvia repetidamente, obsessivamente, algumas das canções. A agulha do gira-discos pousava, uma e outra vez, nas mesmas faixas dos vinis: “Isolation”, “Passover”, “Heart and Soul”, “A Means to na End”, “Disorder”, “Shadowplay”, etc.


E foi “Closer”, mais do que “Unknown Pleasures”, a deixar-me incondicionalmente devoto dos Joy Division. Tamanha devoção deveu-se, igualmente, à icónica arte gráfica de Peter Saville expressa na capa e no design, na produção inovadora de Martin Hannett, que concebeu aquela sonoridade única do disco, com a voz intensa e enxuta de Curtis, a bateria marcial de Stephen Morris, o baixo-tocado-como-uma-guitarra de Peter Hook, e a guitarra assanhada de Bernard Summer. Só mais tarde conheceria os tema-hinos, “Atmosphere” e “Love Will Tear us Apart”.

Ian Curtis só podia ter-se transformado em mártir do rock. Não havia outra solução. Como dizia Albert Camus, o suicídio é o único problema filosófico importante – saber se a vida merece ou não ser vivida. Curtis viveu intensamente e sempre no fio da navalha das emoções. O seu derradeiro acto foi o consumar de um fogo que tinha dentro de si. Lembro-me de que, no dia 18 de Maio de cada ano, sentia uma espécie de respeito e reverência espiritual para com a alma dos Joy Division. Era um dia especial.

E lembro-me de comemorar, com um amigo, os dez anos desse dia fatídico (Maio de 1990). Agora assinalam-se já 35 anos e a intensidade passional continua viva, ainda que algo indolente pela natural passagem do tempo. E os sonhos continuam vívidos, imersos numa realidade ainda por revelar, como se expressa na canção “Dead Souls”: “Someone Take These Dreams Away / That Point me To Another Day / A Duel of Personalities / That Strech all True Realities”.

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Gaspar Noe volta a provocar

Não, não se trata de dois posters de um filme pornográfico de série B.
São os posters explícitos de um filme sério de um realizador que já nos habituou à provocação: Gaspar Noe (com o célebre filme "Irreversível"). De singelo título "Love" este novo filme de Noe vai estrear no festival de Cannes e narra a relação de um trio amoroso entre um homem e duas mulheres (uma das quais menor de idade). Ainda por cima vai ser exibido em 3D. Ou seja, o sexo explícito cada vez mais a entrar no sistema industrial mainstream do cinema.

Um filme sobre amor e sexo que promete fazer corar de vergonha o próprio Lars von Trier e o seu díptico "Nymphomaniac". 

quarta-feira, 13 de maio de 2015

Da comédia ao filme épico histórico

Imagine que o caro leitor nunca viu o filme "Monty Python e o Cálide Sagrado" (Monty Python and The Holy Grail) dos Monty Python. Se vir este trailer vai achar que se trata de um épico histórico de grande produção de Hollywood (ao jeito de "Gladiador", por exemplo). Porém, como se sabe, nada mais errado: trata-se de uma remontagem do clássico de comédia anárquica da trupe de humoristas britânicos. 
Com uma montagem cuidada e o recurso a música épica o trailer transforma "Monty Python e o Cálice Sagrado" num autêntico e grandioso blockbuster de acção medieval. 
Ora veja:

segunda-feira, 11 de maio de 2015

A música de "Mad Max"

Parece que o filme "Mad Max: Fury Road" é um blockbuster de tal qualidade que já há quem lhe chame "obra-prima" (num delírio visual que mistura Alejandro Jodorowsky e Terry Gilliam!). Enquanto o filme não estreia esta semana na Europa podemos escutar a banda sonora (pelo menos o tema principal do filme) da autoria de Junkie XL
Junkie XL foi em meados dos anos 90 um músico de electrónica/big beat que veio a especializar-se em bandas sonoras para cinema, videojogos e publicidade. 
Aos 47 anos assina a banda sonora do regresso esperado de "Mad Max". Musicalmente trata-se de um tema bastante eloquente e grandioso com uma possante matriz rítmica pós-industrial (como de resto o próprio filme pede).

Ouçam:
 

domingo, 10 de maio de 2015

Berlim, 70 anos depois


Por estes dias assinalam-se os 70 anos do fim da 2ª Guerra Mundial, o maior conflito da história da Humanidade. Em Maio de 1945 os fotógrafos (amadores e profissionais) registavam os últimos combates selvagens na batalha por Berlim. O  exército russo lutava contra os nazis nos últimos dias de resistência dos alemães. A destruição estava espalhada por toda a capital alemã. Nada escapou à violência: ruas, monumentos e edifícios. 
Graças à perícia de fotógrafos actuais foi possível fazer a comparação visual entre o antes e o depois da destruição de Berlim (ou seja, os locais actuais da cidade que foram palco das batalhas). 

Mais fotografias aqui. 


O mesmo princípio para Paris mas com as fotografias originais inseridas na realidade contemporânea. Link.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

"Força Maior" - A força do instinto

Para fugir à pressão do dia-a-dia, Tomas e Ebba vão passar uns dias de férias com os dois filhos numa estância de esqui nos Alpes franceses. Tudo lhes parece perfeito até serem surpreendidos por uma avalancha. No momento em que ela, em pânico, tenta proteger as crianças a qualquer custo, repara que Tomas fugiu para se salvar. Profundamente desiludida com a reacção cobarde do marido, e considerando que proteger a família devia ser algo instintivo, Ebba sente-se incapaz de perdoar aquela atitude. Este incidente, de grande significado, vai corroer os laços entre cada um deles, alterando para sempre a dinâmica da família…

"Força Maior" (estreia esta semana) é assim um filme que reflecte sobre a essência da família nuclear e sobre a natureza dos instintos que condicionam (e minam) as relações humanas. E é também, a meu ver, um filme profundamente ancorado na estética do cineasta Michael Haneke - pela forma como está filmado, pelo timing dos planos e pela astúcia no modo de ir ao âmago das emoções humanas mais primárias. Altamente recomendável, portanto.


terça-feira, 5 de maio de 2015

Kubrick com música ao vivo

Quem vive em Lisboa e ama o cinema e a música não pode perder este espectáculo: exibição do clássico "2001 - Odisseia no Espaço" de Stanley Kubrick com música de orquestra e coro ao vivo. Será uma oportunidade única de poder ver um dos maiores filmes de ficção científica jamais feitos com a imponente música ao vivo de Richard Strauss, Johann Strauss e Ligeti.
Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian, quinta e sexta-feiras. Será certamente uma experiência total.

 Im-per-dí-vel.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Uma história do punk em Portugal

"As Palavras do Punk"  de Augusto Santos Silva e Paula Guerra (Alêtheia Editores)

Da nota de imprensa:

"O punk chegou a Portugal relativamente cedo. Entre os últimos anos da década de 1970 e os primeiros da década de 80, formou-se uma primeira cena nacional do punk. Que ela perdura até à atualidade, mostram-no as três centenas de bandas em atividade que se lhe referem, direta ou indiretamente. Este livro aborda a cena a partir dos discursos que gera sobre o país e o papel nele do punk. Fá-lo a partir de entrevistas realizadas a 214 protagonistas e da análise de conteúdo dos nomes das bandas, das letras de canções, das capas de discos, dos fanzines ou dos videoclips. Propõe assim uma interpretação sociológica do desenvolvimento do punk em Portugal que se combina e enriquece com as reflexões dos músicos, promotores, fãs e outros agentes da cena."

O livro é apresentado esta segunda-feira no Porto às 18h (no Palacete dos Viscondes de Balsemão).

domingo, 3 de maio de 2015

Moondog: o músico viking


À primeira impressão este homem parece um figurante de um filme antigo de Vikings ou de guerreiros medievais. Nada mais errado. Trata-se de Louis Hardin, mais conhecido pelo nome artístico Moondog. Morreu em 1999 com 82 anos e ficou conhecido por viver quase três décadas nas ruas de Nova Iorque (Sixth Avenue - "O Viking da Sexta Avenida"). Ficou cego ao 16 anos e renunciou à educação cristã vestindo-se com roupas e adereços nórdicos (lanças e tudo) que o próprio criava.

Na realidade, Moondog foi das personagens de rua mais fotografadas dos anos 40, 50 e 60 nos EUA.
Pode parecer um louco excêntrico, mas trata-se de um genial e lúcido compositor que desafia convenções ainda hoje. Inventou instrumentos e gravou dezenas de discos com peças musicais que fundiam o jazz com música clássica e ritmos tribais. Apesar de cego, Moondog foi um criador visionário, admirado por artistas ilustres como Stravinsky, Philip Glass, Bob Dylan, Frank Zappa, Leonard Bernstein, Steve Reich, Charlie Parker, entre muitos outros. Um dos seus temas mais conhecidos é o seu tributo a Charlie Parker com esta esplêndida música "Bird's Lament".

Moondog viveu os últimos 25 anos na Alemanha, país que lhe possibilitou a concretização de uma verdadeira carreira artística através do contributo de uma fã. Actualmente está a ser feito um documentário da realizadora Holly Elson sobre a vida incrível de Moondog. Chama-se "The Viking of Sixth Avenue: Moondog and His Music".

Músico imenso, de uma criatividade que ultrapassa barreiras estilísticas, a obra de Moondog merece ser ouvida e apreciada (só no Youtube há mais de cem músicas disponíveis). Eis duas facetas musicais distintas de Moondog: o primeiro vídeo é de uma música de cariz clássico com um toque jazzístico. Pura criatividade em dois minutos de música:


O segundo vídeo representa outra vertente da visão criativa de Moondog: baseado nos sons e no ritmo do quotidiano de Nova Iorque, "Invocation" é um tema longo, fascinante, hipnótico e tribal que antecipa a estética da música minimalista (que surgiria apenas uma década depois):

sábado, 2 de maio de 2015

O legado de uma canção



Ben E. King faleceu e o seu maior legado foi a famosa canção "Stand By Me" composta em 1961. Canção plena de soul obteve imenso sucesso até aos dias de hoje. Consta que existem mais de 400 gravações oficiais com versões e milhares de interpretações de músicos e cantores amadores.
O jornal espanhol El País reuniu 10 icónicas versões, desde John Lennon aos U2, de Eric Clapton aos Imagine Dragons (versão que tem apenas uns meses).
Para ver e ouvir aqui.