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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

A história da música industrial



Um dos géneros musicais mais radicais e revolucionários da segunda metade do século XX foi o industrial (que  muito me marcou na adolescência). A música industrial correspondia ao espírito mais insurrecto e alternativo dos músicos pouco satisfeitos com o rumo político e social da sociedade, muito ligada à arte, literatura e filosofia mais subversivas: desde Marquês de Sade a Nietzsche e Lautréamont, de William S. Burroughs a Philip K. Dick, do Surrealismo ao Futurismo. Nascida nos finais dos anos 1970, a música industrial conciliou uma grande fusão de tendências e estilos. Desde a música electrónica mais experimental e vanguardista (música concreta e electro-acústica), ao noise-rock, à energia da No-Wave e do Krautrock (rock vanguardista alemão).

Um dado novo veio revolucionar a cena musical: a música industrial socorre-se da parafernália mecânica e tecnológica das fábricas decadentes, própria das sociedades modernas. Ou seja, usa as ferramentas dessas fábricas como instrumentos musicais para fazer música: bidões metálicos, martelos pneumáticos, serras eléctricas, utensílios fabris diversos com efeitos sonoros originais, etc. A música industrial era ideologicamente pessimista, crítica da sociedade actual, avessa à fama e ao dinheiro. A sonoridade era compatível com estas características, com uns grupos mais radicais e extremos do que outros, mas todos com vontade de subverter as normas convencionais da música com muito ruído à mistura. Os músicos e bandas deste estilo preocupavam-se com a criação de sonoridades abrasivas, com efeito de choque sonoro imediato, de grande e extrema amplitude estética.


Grupos como Throbbing Gristle (na imagem), Cabaret Voltaire, SPK, Test Dept, Click Click, NON / Boyd Rice, Clock DVA, Z'EV, In The Nursery ou Klinik definiram um género de culto que só teria decréscimo criativo a partir da segunda metade dos anos 90. Um grupo alemão irrompeu em força no panorama industrial nos anos 80: Einstürzende Neubauten, colectivo de músicos radicais liderados pelo carismático Blixa Bargeld. Tive a oportunidade de os ver ao vivo em Lisboa há 22 anos e foi uma experiência arrepiante (voltam agora para o próximo festival NOS Primavera Sound).

Tudo para dizer que agora surgiu, finalmente, um documentário que tenta explicar o nascimento e evolução deste peculiaríssimo e alternativo género de culto: "Industrial Soundtrack For The Urban Decay", no qual muitos dos nomes citados são entrevistados. 

Eis o trailer.
E eis uma brevíssima e concisa explicação do que é a música industrial.

terça-feira, 26 de junho de 2012

"Blade Runner" - 30 anos

No dia 25 de Junho comemoraram-se 30 anos da estreia de um dos mais influentes filmes de ficção científica de sempre: "Blade Runner" de Ridley Scott. Estreado nos EUA no dia 25 de Junho de 1982 (a Portugal chegaria apenas em Fevereiro do ano seguinte com o título "Perigo Iminente"), "Blade Runner" marcaria um ponto de viragem neste tipo de cinema e transformaria esta obra de Scott num verdadeiro fenómeno de culto.
Visão distópica e negra de um futuro não muito distante (2019), um "set design" vanguardista, um enredo sofisticado (com base numa história de Philip K. Dick), interpretações memoráveis (Rutger Hauer e Harrisson Ford), notável banda sonora de Vangelis e realização suguríssima de Ridley Scott, "Blade Runner" constituiu uma experiência memorável para várias gerações de cinéfilos e cineastas. Com várias versões ao longo das três décadas de existência, este filme revela, a cada visionamento, novas capacidades de leitura e interpretação. Plasticamente é imaculado, sombrio e antecipou o mundo altamente tecnológico no qual vivemos.  

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

"Blade Runner" - Antecipar a realidade


Ontem revi no canal Hollywood o clássico de ficção científica "Blade Runner - Perigo Iminente" (1982) de Ridley Scott.
De todas as qualidades do filme, realço o espantoso e claustrofóbico ambiente criado numa cidade futurista: o caótico movimento de pessoas nas ruas, o tráfego automóvel, o contraste entre o negro da noite e a cores dos néons, a permanente agitação de uma metrópole hiper-tecnológica. E "Blade Runner" é um filme tremendamente visionário (em 1982): para além de uma série de outras situações, em dado momento do filme, o agente Rick Deckard (Harrison Ford) efectua uma videochamada para a replicante Rachael (na imagem). Uma modalidade de comunicação que, em pleno ano de 2011, está longe de ser banal.
Ou seja, neste caso específico, a imaginação de Philip K. Dick materializada no filme de Ridley Scott numa antecipação da própria realidade.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Huxley e Ridley Scott?


Durante uns meses foi um mero rumor. Agora parece que é oficial: Ridley Scott, o realizador de um dos mais significativos filmes de ficção científica de sempre - "Blade Runner" (1982) com base no livro homónimo de Philip K. Dick, vai adaptar para cinema outro clássico da literatura futurista - "O Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley.
O cineasta revelou que foi Leonardo DiCaprio quem desafiou Scott a avançar com esta arriscada adaptação cinematográfica. O realizador de "Alien" e "O Gladiador" disse que é um projecto ainda embrionário e de difícil adaptação, dada a complexidade da obra de Huxley.
Não admira esta apreensão do realizador, uma vez que "O Admirável Mundo Novo", livro originalmente editado em 1932, antecipou uma série de desenvolvimentos tecnológicos e sociais que são realidade presente, como a inseminação artificial, a neurolinguística, o predomínio da tecnologia sobre o conhecimento, a eutanásia, a prevalência do colectivo em detrimento do individual, o crescimento desumanizado do progresso científico e material, ou o poder do estado de pendor totalitário disfarçado de democracia.
Huxley ficou famoso por essa criação de uma espécie de sociedade distópica, caracterizada por um regime opressivo, controlador e autoritário que elimina a identidade individual em prol de um suposto "bem colectivo". Um mundo altamente perigoso e distorcido, no qual valores como família, arte, ciência, liberdade ou cultura, são suprimidos em nome de um ideal comum propagandeado pelo estado controlador.
Lembro-me que li primeiro "1984" de Goerge Orwell e só depois li a obra de Huxley (que tem o segundo capítulo - "O Regresso ao Admirável Mundo Novo", menos interessante) e senti, em ambos autores, fortes conexões na crítica social e no modo de interpretar o mundo através da sátira política e de um fortíssimo sentido de antecipação histórica. Agora que, pelos vistos, Ridley Scott vai adaptar um dos livros de ficção científica fundamentais da primeira metade do século XX, fica a pergunta: conseguirá o realizador perturbar-nos com esta adaptação cinematográfica com a mesma eloquência formal e estética com que o fez com o clássico incontornável "Blade Runner"?

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Huxley sob o olhar de Scott


Durante uns meses foi um mero rumor. Agora parece que é oficial: Ridley Scott, o realizador de um dos mais significativos filmes de ficção científica de sempre - "Blade Runner" (1982) com base no livro homónimo de Philip K. Dick, vai adaptar para cinema outro clássico da literatura futurista - "O Admirável Mundo Novo" de Aldous Huxley. O cineasta revelou que foi Leonardo DiCaprio quem desafiou Scott a avançar com esta arriscada adaptação cinematográfica. O realizador de "Alien" e "O Gladiador" revelou que é um projecto ainda embrionário e de difícil adaptação, dada a complexidade da obra de Huxley.
Não admira esta apreensão do realizador, uma vez que "O Admirável Mundo Novo", livro originalmente editado em 1932, antecipou uma série de desenvolvimentos tecnológicos e sociais que são realidade presente, como a inseminação artificial, a neurolinguística, o predomínio da tecnologia sobre o conhecimento, a eutanásia, a prevalência do colectivo em detrimento do individual, o crescimento desumanizado do progresso científico e material, ou o poder do estado de pendor totalitário disfarçado de democracia. Huxley ficou famoso por essa criação de uma espécie de sociedade distópica, caracterizada por um regime opressivo, controlador e autoritário que elimina a identidade individual em prol de um suposto "bem colectivo". Um mundo altamente perigoso e distorcido, no qual valores como família, arte, ciência, liberdade ou cultura, são suprimidos em nome de um ideal comum propagandeado pelo estado controlador.
Lembro-me que li primeiro "1984" de Goerge Orwell e só depois li a obra de Huxley (que tem o segundo capítulo - "O Regresso ao Admirável Mundo Novo", menos interessante) e senti, em ambos autores, fortes conexões na crítica social e no modo de interpretar o mundo através da sátira política e de um fortíssimo sentido de antecipação histórica.
Agora que Ridley Scott vai adaptar um dos livros de ficção científica fundamentais da primeira metade do século XX, fica a pergunta: conseguirá o realizador perturbar-nos com esta adaptação cinematográfica com a mesma eloquência formal e estética com que o fez com "Blade Runner"?


quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

DVD do ano


É talvez a edição DVD do ano: “Blade Runner” (1982), mítico filme de culto de Ridley Scott. Imperdível para fanáticos da obra de ficção científica de Philip K. Dick (que morreu pouco antes da estreia do filme). Edição que inclui cinco versões do filme, entre as quais, a nova versão final do realizador e a rara versão preliminar, cerca de nove horas de extras, um booklet de 16 páginas e uma colecção de fotos. Custa à volta de 36€.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Livros e cinema - afinidades selectivas


A relação entre o cinema e a literatura remonta, praticamente, aos primórdios da história do cinema. Ainda no período do cinema mudo, foram muitas as obras literárias, dos mais variados géneros, a serem adaptadas ao cinema. Todavia, nem sempre grandes livros originaram grandes filmes. O inverso também é verdade: muitos livros desinteressantes resultaram em magníficas obras cinematográficas. Ao longo de mais de cem anos de história do cinema, realizadores consagrados e menos consagrados basearam os seus filmes em obras literárias: John Huston, Alfred Hitchcock, Stanley Kubrick, Murnau, Francis Coppola, François Truffaut, Rainer Fassbinder, John Ford, entre muitos outros. De igual modo, inúmeras obras de escritores, dos clássicos aos contemporâneos, foram objecto de adaptações ao cinema: Philip K. Dick, Alexandre Dumas, Julio Verne, Stephen King, Ernest Hemingway, Virginia Wolf, Michael Crichton, Marguerite Duras, Isabel Allende, John Steinbeck, George Orwell, Graham Greene, Tolkien, Ray Bradbury, William S. Burroughs, Vergílio Ferreira, José Cardoso Pires, Manuel Tiago, entre muitos outros exemplos.À volta deste assunto, geram-se debates acalorados no que concerne às eventuais diferenças de qualidade do objecto “livro” e do objecto “filme”: qual o verdadeiro conceito de adaptação literária ao cinema? O realizador deve basear-se literalmente no livro ou tem o direito de recriar o conteúdo do mesmo? Até que ponto o cinema, como expressão artística autónoma, necessita da literatura para se exprimir? É melhor o filme ou livro? Quais as fronteiras estéticas entre a linguagem da literatura e do cinema?

Sem querer assumir o risco das respostas, deixo aqui apenas uma pequeníssima lista de grandes obras literárias que originaram grandes filmes:

Livro: “FARENHEIT 451” de Ray Bradbury
Filme: “FARENHEIT 451” de François Truffaut

Livro: "SOLARIS" de Stanislav Lem
Filme: "SOLARIS" de Andrei Tarkovski

Livro: “THE PROCESS” de Franz Kafka
Filme: “O PROCESSO” de Orson Welles

Livro: “BRAM STOKER’S DRACULA” de Bram Stoker
Filme: “DRACULA” de Todd Browning (e a versão de Coppola)

Livro: “MACBETH” de William Shakespeare
Filme: “MACBETH” de Orson Welles

Livro: “THE THIRD MAN” de Graham Greene
Filme: “O TERCEIRO HOMEM” de Carol Ree

Livro: “UMA ABELHA NA CHUVA” de Carlos de Oliveira
Filme: “UMA ABELHA NA CHUVA” de Fernando Lopes

Livro: “THE NAKED LUNCH” de William S. Burroughs
Filme: “O FESTIM NU” de David Cronenberg

Livro: “QUERELLE” de Jean Genet
Filme: “QUERELLE” de Rainer Fassbinder

Livro: “MANHÃ SUBMERSA” de Vergílio Ferreira
Filme: “MANHÃ SUBMERSA” de Lauro António

Livro: “AMERICAN PSYCHO” de Bret Easton Ellis
Filme: “AMERICAN PSYCHO” de Marry Harron