Apesar de ser um país que também está a enfrentar gravemente a crise, Espanha é muito diferente de Portugal. Visitei há uma semana a cidade de Salamanca e, sempre que lá vou, fico deslumbrado. Com a arquitectura, com o dinamismo urbano, com o património, com o cosmopolitismo dos estudantes, com a magnífica Plaza Mayor, com a oferta comercial e cultural... Enfim, uma cidade bela e sempre atractiva em múltiplos aspectos e onde não se "sente" a crise.
Um dos sítios onde se qualquer leitor se pode perder durante horas é a livraria Cervantes, que é deveras irrepreensível e um exemplo a seguir pelas livrarias portuguesas. Para cada tema há uma diversidade incrível de títulos. E o sentido de oportunidade e de actualidade é surpreendente: para dar um simples exemplo, tinham passado apenas três semanas da eleição do novo Papa Francisco e a livraria já tinha disponível duas obras biográficas em castelhano!
A secção onde fiquei mesmo maravilhado foi na secção de cinema: largas dezenas e dezenas de títulos, quase todos originalmente escritos por jornalistas e ensaístas espanhóis (poucas traduções, o que prova o dinamismo editorial espanhol), sobre os mais improváveis temas: o cinema e a época egípcia; o cinema e as drogas; o cinema e o papel das mães; o cinema como terapia; o cinema e a psiquiatria; o cinema e a guerra, o cinema e a arquitectura, etc, etc. Vi também a tradução das memórias da realizadora alemã Leni Riefenstahl, obra que tarda para o mercado português.
Ou seja, uma espantosa variedade de livros para quem se interessa pelo cinema e suas múltiplas áreas de intervenção social, estética, histórica ou cultural. Acabei por comprar este magnífico livro sobre a relação entre o cinema e a música.
PS - Já aqui tinha escrito sobre uma superlativa livraria só sobre cinema de Madrid (que eu visitei numas férias de Verão).
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