O rapaz da fotografia tem cara de um jovem saído da adolescência, igual a tantos outros. Na verdade já tem 27 anos e, apesar da cara de miúdo, é actualmente um compositor prestigiado e reconhecido. É americano, chama-se Nico Muhly e teve formação musical clássica. Com pouco mais de 20 anos colaborou já com nomes sonantes como Philip Glass (enquanto orquestrador e organista) e com Björk. Compôs inúmeras peças eruditas (para orquestra e coro, sobretudo) e é tido como um excelente intérprete de reportório renascentista e clássico. É especialista em música renascentista, medieval e coral, mas isso não o impede de abraçar experiências contemporâneas, nomeadamente, com música pop e de cariz mais experimental. Mistura referências eruditas com elementos da linguagem pop, compõe tanto para cravo, banjo, percussão, piano, como para cordas, coro e samples electrónicos. Ou seja, um compositor que escapa a convenções e classificações, o que é um excelente e saudável sintoma de inconformismo artístico.
Pela precocidade artística e pelo talento insólito revelado, Nico Muhly tem sido alvo de todas as atenções por parte da comunicação social especializada - dos jornais mais circunspectos à vanguardista revista Wire. E compreende-se porquê. Editou há poucas semanas o seu segundo disco a solo, intitulado "Mothertongue" (imagem à direita), um disco que é uma fascinante viagem ao imaginário musical ecléctico de Nico Muhly. Podemos escutar jogos vocais em espiral (influência óbvia das peças vocais de Philip Glass), composições electro-acústicas de fino recorte musical, grande variedade de paleta tímbrica e instrumental, aproximações difusas ao formato de canção pop - mas sempre com um inebriante rasgo de inovação formal (seja pela orquestração ou pelos arranjos). Nico Muhly, apesar da sua juventude, está claramente a marcar pontos no panorama da música contemporânea, situando-se num território estético marcado pela fusão e simbiose de referências estilísticas.
3 comentários:
À 4ª audição do Mothertongue fui googlar o Nico Muhly e descobri este belo post. Não conhecia, foi graças a um mail da Flur que descobri o disco e é uma lufada de ar fresco.
Parece começar a ser uma constante o facto de pessoas com formação clássica proporcionarem as mais incríveis inovações impregnadas de ecletismo.
Cumps.
da pa disponibilizar bolacha?
obrigado
Se conseguir arranjar, eu posto aqui...
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