
As votações são do público (mais de 200 mil espectadores), mas as críticas profissionais especializadas (jornais, revistas, sites...), não se coibiram de tecer rasgados elogios ao filme, considerando a melhor adaptação de sempre de um super-herói para o grande ecrã. Na minha humilde opinião, ocorre-me duvidar seriamente desta afirmação.
Vi o filme ontem e não enveredo pelo mesmo entusiasmo generalizado e praticamente unânime. Decepção. Aliás, partilho da opinião contra-corrente do blog Cataclismo Cerebral. O filme vale sobretudo pela magnífica interpretação psicótica de Heath Ledger como Joker (fala-se já em Óscar póstumo), mas uma grande interpretação não faz um grande filme. O realizador envereda por um exacerbado espectáculo visual não dando suficiente espaço narrativo para os personagens se desenvolverem. Christian Bale, o actor que encarna Batman, é demasiado contido e fechado numa expressividade quase austera (repare-se na voz gutural e monocórdica com que fala na pela do homem-morcego). A última meia hora de filme foi, para mim, um autêntico bocejo de previsibilidade e de soluções dramáticas. A banda sonora cansou-me pela forma como está omnipresente em praticamente todas as cenas, em constantes voltas e reviravoltas musicais consoante o momento do filme.
A propalada negritude estética do filme está bem representada e explorada (fotografia excelente), é verdade, mas o argumento resvala para convenções narrativas que julgava já gastas de tanto uso e exploradas em filmes anteriores bem melhores do que o de Nolan. Refiro-me à forma com o filme transpira, de forma grosseira e pueril, ambiguidade ética e moral num duelo entre o Bem e o Mal num mundo cruel e sem regras. Nenhuma ideia inovadora e ousada na forma como o filme desenvolve estas premissas. As cenas de acção são retiradas do manual "como fazer filmes de acção à Hollywood". Há mais cinema nos míticos 7 minutos de tiroteio do genial filme "Heat - Cidade sob Pressão" de Michal Mann - uma influência declarada para o realizador Christopher Nolan - do que nas sequências boçais de acção de "O Cavaleiro das Trevas".
O malogrado Heath Ledger e Aaron Eckhart ("Harvey Dent") levam o filme às costas. O resto é fogo de artifício, muita espectacularidade visual ao serviço de um argumento ambicioso e sobrevalorizado. Daí que tenha ficado boquiaberto ao constatar a entrada directa no site Imdb para primeiro lugar da lista dos 250 melhores filmes de sempre. Registe-se: para 200 e tal mil espectadores que votam livremente no site de cinema, o blockbuster de Verão "O Cavaleiro das Trevas" é simplesmente o "melhor filme de sempre". É obra.
4 comentários:
Eu achei o filme fantastico. Talvez porque esteja ja completamente farto das adaptacoes patetas que tem feito na ultima decada, nao so do Batman mas como de todos os super herois. Este leva-se a serio e nao trata o espectador como palerma, lancando algumas questoes que levantam alguma discussao depois de se ver o filme.
Nunca se chegara a conclusao sobre qual o melhor filme de sempre. Este nao sera de certeza. Mas Acho que sem duvida, o Cavaleiro das Trevas (juntamente com o Hulk do Ang Lee) e a melhores adaptacao de comics ao cinema desde os lendarios filmes de Tim Burton.
Ah, e essa do Batman viajar ate Hong Kong tambem me deixa bem contente :)
É um filme muito bom. Mas estar na galeria dos grandes de sempre, já é outra história...
como viste dei 8 e nem tanto pela interpretação do Batman ou do Joker. Foi mesmo pelo Harvey Dent :)
Acho que gerou-se um exagero á volta deste filme que nunca se viu antes. É bom filme mas ´não é fantástico...
Beijos
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