quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Dizem que é o melhor filme de sempre.

Está a fazer-se história com o filme "Batman - Cavaleiro das Trevas" de Christopher Nolan. Não só arrebatou o record de maior receita de bilheteira de sempre com o primeiro fim-de-semana de estreia, como também entrou directamente para o primeiro lugar do top dos 250 melhores filmes de sempre do Imdb com uma média impressionante de 9,3 em 10 (o site avisa: the first film to be ranked #1 on the IMDb within two days of its theatrical release).
As votações são do público (mais de 200 mil espectadores), mas as críticas profissionais especializadas (jornais, revistas, sites...), não se coibiram de tecer rasgados elogios ao filme, considerando a melhor adaptação de sempre de um super-herói para o grande ecrã. Na minha humilde opinião, ocorre-me duvidar seriamente desta afirmação.
Vi o filme ontem e não enveredo pelo mesmo entusiasmo generalizado e praticamente unânime. Decepção. Aliás, partilho da opinião contra-corrente do blog Cataclismo Cerebral. O filme vale sobretudo pela magnífica interpretação psicótica de Heath Ledger como Joker (fala-se já em Óscar póstumo), mas uma grande interpretação não faz um grande filme. O realizador envereda por um exacerbado espectáculo visual não dando suficiente espaço narrativo para os personagens se desenvolverem. Christian Bale, o actor que encarna Batman, é demasiado contido e fechado numa expressividade quase austera (repare-se na voz gutural e monocórdica com que fala na pela do homem-morcego). A última meia hora de filme foi, para mim, um autêntico bocejo de previsibilidade e de soluções dramáticas. A banda sonora cansou-me pela forma como está omnipresente em praticamente todas as cenas, em constantes voltas e reviravoltas musicais consoante o momento do filme.
A propalada negritude estética do filme está bem representada e explorada (fotografia excelente), é verdade, mas o argumento resvala para convenções narrativas que julgava já gastas de tanto uso e exploradas em filmes anteriores bem melhores do que o de Nolan. Refiro-me à forma com o filme transpira, de forma grosseira e pueril, ambiguidade ética e moral num duelo entre o Bem e o Mal num mundo cruel e sem regras. Nenhuma ideia inovadora e ousada na forma como o filme desenvolve estas premissas. As cenas de acção são retiradas do manual "como fazer filmes de acção à Hollywood". Há mais cinema nos míticos 7 minutos de tiroteio do genial filme "Heat - Cidade sob Pressão" de Michal Mann - uma influência declarada para o realizador Christopher Nolan - do que nas sequências boçais de acção de "O Cavaleiro das Trevas".
O malogrado Heath Ledger e Aaron Eckhart ("Harvey Dent") levam o filme às costas. O resto é fogo de artifício, muita espectacularidade visual ao serviço de um argumento ambicioso e sobrevalorizado. Daí que tenha ficado boquiaberto ao constatar a entrada directa no site Imdb para primeiro lugar da lista dos 250 melhores filmes de sempre. Registe-se: para 200 e tal mil espectadores que votam livremente no site de cinema, o blockbuster de Verão "O Cavaleiro das Trevas" é simplesmente o "melhor filme de sempre". É obra.

4 comentários:

Anónimo disse...

Eu achei o filme fantastico. Talvez porque esteja ja completamente farto das adaptacoes patetas que tem feito na ultima decada, nao so do Batman mas como de todos os super herois. Este leva-se a serio e nao trata o espectador como palerma, lancando algumas questoes que levantam alguma discussao depois de se ver o filme.
Nunca se chegara a conclusao sobre qual o melhor filme de sempre. Este nao sera de certeza. Mas Acho que sem duvida, o Cavaleiro das Trevas (juntamente com o Hulk do Ang Lee) e a melhores adaptacao de comics ao cinema desde os lendarios filmes de Tim Burton.

Anónimo disse...

Ah, e essa do Batman viajar ate Hong Kong tambem me deixa bem contente :)

Red Dust disse...

É um filme muito bom. Mas estar na galeria dos grandes de sempre, já é outra história...

Anónimo disse...

como viste dei 8 e nem tanto pela interpretação do Batman ou do Joker. Foi mesmo pelo Harvey Dent :)
Acho que gerou-se um exagero á volta deste filme que nunca se viu antes. É bom filme mas ´não é fantástico...
Beijos