Enquanto esperamos pela estreia nacional do novo filme de Michael Haneke, "Amour", recordo algumas ideias que o cineasta austríaco proferiu há dois anos a um jornal espanhol. São palavras que ajudam a compreender as opções formais e de conteúdo do seu cinema.
Tem uma visão desesperada da Humanidade?
Tem uma visão desesperada da Humanidade?
Não. Por vezes perguntam-se se todos os meus filmes falavam sempre do mesmo e eu disse que representavam a guerra quotidiana entre os seres humanos. A guerra entre o casal, entre amigos ou entre filhos e pais. Essas pequenas guerras do dia-a-dia podem levar a uma guerra maior. Não têm necessariamente uma consequência imediata, mas acredito firmemente que várias gerações que desenvolvem pequenas guerras desembocam, mais cedo ou mais tarde, numa guerra geral.
Como descreve o seu cinema? Terror? Thriller? Realista?
Tenho elementos de filmes de terror ou de Thriller (como em "Funny Games"), mas o meu estilo é, exactamente, realista. Eu sou um realista. Por isso não usei música em "O Laço Branco", porque na vida real não existe banda sonora de fundo - só há música quando um personagem ouve um CD ou alguém a cantar. Muita gente me pergunta porque é que me fascino com o lado obscuro dos seres humanos e a verdade é que não é assim. Quando tento ser realista, ao retratar os seres humanos encontro sempre esses elementos obscuros da natureza humana. A realidade tem um lado obscuro. Não tenho outro remédio que lidar com isso. Por isso quase todos os meus filmes têm violência e crueldade, mas não é algo que procuro deliberadamente.
Porque é que nunca fez comédias?
Pela mesma razão que não se pede a um sapateiro que faça um chapéu. No entanto, adoro as comédias inteligentes e desfruto muito com os filmes do Woody Allen. Não há muitas comédias boas na história do cinema.
1 comentário:
Estou ansioso para o lançamento desse filme, quem sabe por aqui no Brasil (não estou a par de datas). Esse Schubert no trailer é tocante.
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