1971 foi um ano particularmente fértil na produção de filmes sobre a violência: “Dirty Harry” de Don Siegel (com o implacável polícia interpretado por Clint Eastwood), o icónico “A Laranja Mecânica” de Stanley Kubrick e “Straw Dogs – Cães de Palha” do mestre (maldito) Sam Peckinpah.
Os dois últimos filmes foram banidos e censurados ao longo de décadas, inclusive, em países ditos liberais como a Inglaterra e os EUA pela sua violência explícita e estilizada. “Cães de Palha” é um impressionante manifesto sobre a violência, sem moralismos facciosos. É a história de um homem comum, um professor de matemática interpretado por um perturbante Dustin Hoffman, que vai viver para o campo com a sua mulher no intuito de encontrar sossego para o seu trabalho. Acontece que, a partir de dado momento, os habitantes da aldeia invadem o território do casal e inicia-se uma incrível espiral de violência gráfica e realista (como a sequência da violação, à data altamente polémica e ousada). É também um filme sobre como um cidadão comum reage sob extrema pressão psicológica face a situações de brutal e crescente adversidade. Um estudo sobre o lado mais animalesco da mente humana com um toque tão radical e pessoal quanto o do Sam Peckinpah (uma das maiores influências, por exemplo de Quentin Tarantino).
Vem isto a propósito do facto deste filme de culto ser exibido, dia 30 de Julho, na Cinemateca Portuguesa. Sugiro ainda a leitura da acertada crítica de Luís Mendonça no blog À Pala de Walsh.
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