"Penso que esta geração não sente uma necessidade profunda de cultura, por se encontrar permanentemente saciada. Não necessita dos seus poetas, dos seus escritores, dos seus cineastas e artistas... Pelo menos, comporta-se como se passasse naturalmente sem eles. Creio poder afirmar que uma das razões essenciais da grande inquietação da juventude actual é a ignorância em que se compraz; atrevo-me a dizer uma certa qualidade de ignorância, pois mesmo no seio do movimento estudantil, desconhece-se ou ignora-se a cultura profunda. Esta juventude não ama a cultura. A cultura sempre coincidiu, até hoje, com a existência do bloco familiar: a revolta dos jovens fazia-se através da cultura, os rebeldes de todos os tempos, da Idade Média aos surrealistas e aos existencialistas do pós-guerra, inovaram no âmbito da cultural. Ora, nos nossos tempos, recusam-na, pura e simplesmente. Não a querem, Situam-se fora dela... como na China!"
Pier Paolo Pasolini, realizador
In "As Últimas Palavras de um Ímpio" (Distri Editora, 1981)
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