Por mais que filmes como "Moulin Rouge", "Chicago" ou o recente "Os Miseráveis" tentem impor-se, a verdade é que o género musical é um género cinematográfico morto e quase sem expressão nas últimas décadas. Mas houve tempos que não foi assim.
Nos anos 40, 50 e 60, o musical era considerado um género respeitável e muito popular. Génios como Fred Astaire, Gene Kelly ou Ginger Rogers e realizadores como Stanley Donen e Vincente Minnelli consolidaram o musical como género de identidade artística própria.
Nos anos 40, 50 e 60, o musical era considerado um género respeitável e muito popular. Génios como Fred Astaire, Gene Kelly ou Ginger Rogers e realizadores como Stanley Donen e Vincente Minnelli consolidaram o musical como género de identidade artística própria.
Isto para dizer que um dos filmes que marcou a minha infância foi, precisamente, um musical. Mais propriamente, "Royal Wedding" (1951), de Stanley Donen. Vi-o num sábado à tarde na televisão espanhola e fiquei deslumbrado. Fred Astaire é magnético como dançarino, dono de uma notável capacidade expressiva e corporal.
Neste filme há duas coreografias que marcaram a história do musical: uma é a brilhante dança de Astaire num ginásio (provando que Astaire podia dançar com qualquer objecto à sua volta), que pode ser apreciado neste vídeo; e o momento mais emblemático do filme - e talvez de toda a carreira de Fred Astaire: a sequência na qual Astaire dança no tecto e nas paredes da sala.
Neste filme há duas coreografias que marcaram a história do musical: uma é a brilhante dança de Astaire num ginásio (provando que Astaire podia dançar com qualquer objecto à sua volta), que pode ser apreciado neste vídeo; e o momento mais emblemático do filme - e talvez de toda a carreira de Fred Astaire: a sequência na qual Astaire dança no tecto e nas paredes da sala.
Lembro-me de ficar deveras boquiaberto com esta sequência (conhecida como "Ceiling Dance") - como era possível que Astaire dançasse com tanta graciosidade contrariando de forma tão natural a lei da gravidade? Bom, à data da estreia de "Royal Weeding", 1951, calculo a estupefacção do público perante este prodígio visual. O espantoso é que, depois de décadas de evolução técnica e digital ao nível dos efeitos especiais, esta sequência continua a surpreender e a encantar.
E como foi concebida e filmada? De forma aparentemente simples mas muito eficaz: o cenário e adereços estavam completamente fixos, assim como a câmara. Esse cenário estava ligado a um motor potente que rodava o próprio cilindro conforme os movimentos do bailarino. Sempre que Fred Astaire passava de uma parede para o tecto (ou vice-versa), o cenário rodava em conformidade (tudo filmado em tempo real da acção, sem truques de montagem). O olhar do espectador é, pois, enganado com esta simples estrutura mecânica, criando a ilusão pretendida.
Talvez seja mais interessante visionar as sequências paralelas - a do filme e a da explicação do mecanismo:
PS - O filme integral encontra-se disponível no Youtube.
3 comentários:
Falaram-me deste blog há cerca de 6 meses. No inicio visitava-o pouco, até porque não sou uma fã incondicional de cinema.
No entanto, desde que o subscrevi, além de achar que o meu interesse e sabedoria pelo cinema aumentou, não posso deixar de dar os meus parabéns ao autor.
É de facto um blog espetacular! Obrigada. E espero continuar a ler estes posts por muito tempo :)
Obrigado Susana. São comentários como o seu que me motivam a continuar com o blog.
obrigada por este post :)
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