A apresentar mensagens correspondentes à consulta leni riefenstahl ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens
A apresentar mensagens correspondentes à consulta leni riefenstahl ordenadas por relevância. Ordenar por data Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Entrevistas Póstumas (7) - Leni Riefenstahl



O Homem Que Sabia Demasiado - A sua reputação como cineasta é enorme, apesar de só ter realizado 8 longas-metragens. Como explica este facto?

Leni Riefenstahl - Bom, o meu percurso foi bastante longo, de cerca de sete décadas, mas estive muitos anos sem filmar depois do fim da Segunda Guerra Mundial. Fiz os meus filmes sobretudo entre 1932 e 1945, depois do fim da Guerra, como sabe, tive imensos problemas para desenvolver os meus projectos.

O Homem Que Sabia Demasiado - A que se deveram, no seu entender, esses problemas?

Leni Riefenstahl - Basicamente, por causa da minha ligação a Adolf Hitler e os dois filmes que fiz para o regime Nazi: "O Triunfo da Vontade" (1934) e "Olympia" (1938). O mundo inteiro acusou-me de colaboradora do regime hitleriano, mas isso não é bem verdade. Apesar do que se diz, não fui eu que ofereci os meus serviços como realizadora a Hitler. Ele é que me convidou depois de ter visto o meu primeiro filme, "A Luz Azul" (1932). Eu ainda declinei, sugerindo que fosse convidado um grande realizador alemão, Walter Ruttman, mas Hitler insistiu que fosse eu e, como estava ansiosa de trabalhar num grande projecto, resolvi aceitar. Como aconteceu a muita gente, eu fiquei fascinada quando ouvi o poder de oratória do Kaiser, e era difícil resistir ao seu incrível magnetismo. Nos anos em que fiz os filmes, desconhecia ainda as atrocidades cometidas contra os Judeus. Pode-ma chamar de ingénua, mas foi isso que aconteceu.

O Homem Que Sabia Demasiado - Acha justo que critiquem os seus filmes pela inevitável propaganda política mas que os elogiem, ao mesmo tempo, pela sua inovadora linguagem estética e formal?

Leni Riefenstahl - Sim, não me importo que as pessoas façam essa análise. Tive muitos meios técnicos ao meu dispor para filmar a convenção Nazi de Nuremberga e por isso inventei novos enquadramentos, novos movimentos de câmara, novas formas de montar as imagens.

O Homem Que Sabia Demasiado - Muitos anos depois, na década de 70, desiste do cinema e torna-se fotógrafa, fazendo reportagens nas tribos do Sudão.

Leni Riefenstahl - Desisti do cinema porque achava que já tinha tido as experiências estéticas que me realizaram. E como senti sempre obstáculos e boicotes para continuar a filmar por causa da minha alegada simpatia com o Nazismo, então experimentei a fotografia, uma outra arte nobre e extremamente gratificante. E com 80 anos descobri outro prazer único: a fotografia submarina! Em 2002, quando fiz 100 anos de idade, realizei um documentário sobre esse fascinante mundo subaquático.

O Homem Que Sabia Demasiado - O seu percurso artístico é indissociável do percurso político do regime Nazi e de Hitler. Há pouco tempo, o estilista John Galliano disse que simpatizava com a figura de Hitler; ontem o realizador Lars Von Trier, referiu que compreendia Hitler e se sentida nazi. A que se deve este fenómeno de "empatia" com uma figura tão terrível da hstória?

Leni Riefenstahl - É difícil explicar, ainda mais para mim, que vivi todos aqueles anos loucos e frenéticos na Alemanha de Hitler. Não creio que Hitler seja citado por ser uma personalidade cruel e responsável por milhões de mortes. Creio que é referenciado porque existe uma total ausência de liderança política na Europa e Hitler, para o bem e para o mal, encarnou um líder carismático, determinado, seguro e com grande poder de fascínio junto das populações. Se houvesse um líder político europeu actual com estas características, mas sem a brutal carga maléfica que lhe é atribuída, talvez as pessoas se esquecessem rapidamente que Hitler existiu.

sábado, 17 de outubro de 2009

O legado de Leni Riefenstahl


A realizadora Leni Riefenstahl representa um fenómeno excepcional na história das imagens do século XX. Odiada e adorada em igual proporção, Leni Riefenstahl será sempre conotada com o hediondo regime nazi. Adolf Hiltler e Goebbels escolheram-na para ser a cineasta da propaganda (Fritz Lang tinha negado tal "convite", exilando-se nos EUA), impressionados com o talento artístico revelado nos seus primeiros documentários (anos 30). Fruto dessa colaboração, Riefenstahl realizou dois monumentos estéticos de exaltação da raça ariana germânica. "O Triunfo da Vontade" (1935) e "Olympia" (1938), duas obras belas e grandiosas ao serviço de uma ideologia ditatorial e racista que preconizou o Holocausto.
Há quem assuma não poder apreciar a obra da realizadora alemã por causa da sua óbvia ligação ao nazismo (ainda que desmentida ou relativizada pela própria Leni); outros há, como eu, que conseguem estabelecer uma separação no âmago da obra de Riefenstahl: separar a vertente estética da vertente política e ideológica. O pioneiro trabalho da realizadora alemã foi determinante para a história do cinema, sobretudo ao nível da linguagem do documentário - Leni era uma vanguardista visionária, experimentalista, na forma como utilizou inovadoras técnicas de filmagem, planos, enquadramentos, movimentos de câmara, fotografia, montagem, etc.
Mas a obra de Leni Riefenstahl não se resumiu aos dois enormes monumentos estéticos em prol do ideal nazi. Antes dessa colaboração, fez outros documentários importantes. Além disso, manteve-se activa até ao fim da vida (morreu em 2003 com 101 anos!), filmando o mundo subaquático e tribos africanas. Neste preciso fim-de-semana, o blogue de cinema My One Thousand Movies, dedica um ciclo especial à obra desta controversa cineasta. Vale a pena descobrir.

segunda-feira, 17 de março de 2008

A bela e horrível vida de Leni

É o melhor e mais completo documentário sobre a grandiosa realizadora Leni Riefenstahl (deixemos agora para trás as considerações sobre se era ou não Nazi). Realizado pelo alemão Ray Müller, está agora disponível a primeira parte de "The Wonderful, Horrible Life Of Leni Riefenstahl". Compreende várias fases da vida artística e pessoal de Leni, desde os tempos do Nazismo até à realização de documentários da vida submarina e de tribos africanas. Uma vida feita de paradoxos e de estigmas históricos. Basta carregar em play: The Power of Image - Leni Rienfenstahl

domingo, 30 de dezembro de 2007

2007 - escolhas são escolhas


É inevitável. O calendário marca o fim de 2007. E no final do ano, fazem-se as recensões do melhor (e pior) do ano que passou. Já tinha colocado o post sobre os melhores discos, aqui e aqui; agora é a minha lista pessoal (e subjectiva) de filmes e livros. Do cinema há ainda títulos que quiçá poderiam incluir-se na lista mas que ainda não vi (os novos Cronenberg e Van Sant, por exemplo).

FILMES 2007:

1 – INLAND EMPIRE – DAVID LYNCH
2 – PECADOS ÍNTIMOS – TODD FIELD
3 – CONTROL – ANTON CORBIJN
4 – BUG – WILLIAM FRIEDKIN
5 – CARTAS DE IWO JIMA – CLINT EASTWOOD
6 – A VIDA DOS OUTROS - FLORIAN DONNERSMARCK
7 – ZODIAC – DAVID FINCHER
8 – O BOM ALEMÃO – STEVEN SODERBERGH
9 – DEATH PROOF – QUENTIN TARANTINO
10 – O LIVRO NEGRO – PAUL VERHOEVEN
11 – ZIDANE – RETRATO DO SÉCULO XXI – GORDON / PARRENO
12 - HALF NELSON - RYAN FLECK
13 - SHORTBUS - JOHN CAMERON MITCHELL
14 - 300 - ZACK SNYDER
15 - RATATUI - BRAD BIRD

Cinema - acontecimentos do ano:
- Mortes de Bergman e Antonioni
- Aclamação internacional (sobretudo nos EUA) de Pedro Costa
- Filme “Corrupção” e conflito realizador vs. produtor
- Encerramento de salas de cinema de autor – Quarteto, Nimas e King
- O apogeu do género documentário – Al Gore, "O Grande Silêncio", "Sicko", Doclisboa…
- Prémios para documentário "Ainda Há Pastores?"
- Sucesso de séries de televisão - 24, Prison Break, Dr. House, Lost...
- Editora Midas Filmes – edições DVD de cinema de autor
- Filme em qualidade 3D ("Beowulf")

Melhores edições DVD do ano:
- Colecção Fassbinder
- Colecção Tarkovski
- Colecção Hal Hartley
- Colecção Aalin Resnais
- Edição especial de "Blade Runner"
- Edição "Hiroshima Meu Amor + "Noite e Nevoeiro"
- Edição especial de Leni Riefenstahl
- Colecção "Os Malucos do Circo" - Monty Python
- Colecção Robert Bresson
- Pack Douglas Sirk
- "Histórias do Cinema" - Godard

Música - acontecimentos do ano:
- Golpe fatal na indústria discográfica – Radiohead, Madonna, Prince
- Morte de Tony Wilson, Stockhausen, Ligeti, Rostropovitch, Pavarotti e Oscar Peterson
- Ornette Coleman ao vivo na Gulbenkian
- Actividade cultural da ZDB
- Reconversão do jornal BLITZ para a revista BLITZ
- Nova orquestra de Câmara Portuguesa de Pedro Carneiro
- Profusão de concertos comentados
- Sucesso e qualidade do festival FMM Sines
Reedições do ano:
- Young Marble Giants - Colossal Youth
- Laurie Anderson - Big Science
- David Bowie - Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders From Mars
- Leonard Cohen - Songs of Love and Hate
- Pink Floyd - The Piper at the Gates of Dawn
- Sonic Youth - Daydream Nation
- John Coltrane - My Favourite Things: Coltrane at Newport

LIVROS :

O FIM DA FÉ – SAM HARRIES
DEUS NÃO É GRANDE – CRISTOPHER HITCHENS
A DESILUSÃO DE DEUS – RICHARD HAWKINS
LENI – VIDA E OBRA DE LENI RIEFENSTAHL – STEVEN BACH
SOBRE HUMANOS E OUTROS ANIMAIS - JOHN GRAY
TODO O MUNDO – PHILP ROTH
AUTOBIOGRAFIA DOS MONTY PYTHON
GUIA TERAPÊUTICO DO CINEMA
– PEDRO MARTA SANTOS
GORE VIDAL – NAVEGAÇÃO PONTO POR PONTO
APRENDER A REZAR NA ERA DA TÉCNICA – GONÇALO M. TAVARES
CAL – JOSÉ LUÍS PEIXOTO
PURA ANARQUIA – WOODY ALLEN
O HOMEM EM QUEDA - DON DELILLO
BREVE HISTÓRIA DO FUTURO - JACQUES ATTALI

Livros - acontecimentos do ano:
- Consagração de Gonçalo M. Tavares e Valter Hugo Mãe
- Crescimento dos e-books
- Debate entre Vasco Pulido Valente e Miguel Sousa Tavares
- Proliferação editorial de livros sobre Salazar
- Abertura da megalivraria Byblos
- Paes do Amaral e o domínio do mercado livreiro
- Exagero de edições: 14 mil livros no ano, média 100 por semana.
- Proliferação massiva de romances históricos sucedâneos do Código DaVinci

terça-feira, 30 de novembro de 2010

A estética de Leni


Independentemente da habitual controvérsia à volta desta fotógrafa e realizadora (amante de Hilter? Colaboracionista do regime nazi? Elemento de propaganda de Goebbels?), o que importa é que se torna necessário perceber que Leni Riefenstahl realizou dois dos mais espantosos documentos visuais da História do Século XX, designadamente, da História que precedeu a 2ª Grande Guerra Mundial.
A rigorosa composição plástica das imagens, o ritmo meticuloso da montagem, os ângulos e planos inovadores, o "zeitgeist" que transpira em cada sequência filmada, a apoteose coreográfica das paradas militares e os jogos de encenação teatral dos atletas (em "Olympia"), dos soldados e de Hitler (em "O Triunfo da Vontade"), fazem destes documentários objectos de um inigualável fascínio estético (mesmo que a ideologia do nacional-socialismo totalitário nazi que está subjacente a estes documentários seja alvo de incondicional repúdio - que é o meu próprio caso).
Em Portugal estão editados, que eu tenha conhecimento, estes dois filmes que consagraram para a eternidade a realizadora alemã Leni Riefenstahl: "Olympia" (1938) e "O Triunfo da Vontade" (1934).

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Díptico - 5


"Olympia" (1938) e "O Triunfo da Vontade" (1934) de Leni Riefenstahl
Sobre a realizadora e o seu trabalho já falei aqui.

domingo, 2 de dezembro de 2007

O triunfo da estética

A Fnac anuncia no seu último catálogo que vai editar, em exclusivo nacional, os dois filmes em DVD que consagraram para a eternidade a realizadora alemã Leni Riefenstahl: "Olympia" (1938) e "O Triunfo da Vontade" (1934). Acontece que no site espanhol dvdgo, a mesmíssima edição, está à venda há quase dois anos (foi onde a comprei). Independentemente da habitual controvérsia à volta desta fotógrafa e realizadora (amante de Hilter? Colaboracionista do regime nazi? Elemento de propaganda de Goebbels?), o que importa é que se torna necessário perceber que estamos perante dois dos mais espantosos documentos visuais da História do Século XX, designadamente, da História que precedeu a 2ª Grande Guerra Mundial. A plasticidade das imagens e sua composição estética, o ritmo da montagem, os ângulos de câmara inovadores, o "zeitgeist" que transpira cada sequência filmada, a apoteose coreográfica das paradas militares e os jogos de encenação teatral dos atletas (em "Olympia"), dos soldados e de Hitler (em "O Triunfo da Vontade"), fazem destes filmes objectos de um inigualável fascínio. Mesmo que a ideologia do nacional-socialismo totalitário nazi que está subjacente a estes documentários seja alvo de incondicional repúdio.

domingo, 4 de outubro de 2009

Os sacanas de Tarantino


Só agora vi no cinema "Inglorious Basterds" de Quentin Tarantino. Mas antes de o ver, li muitas opiniões (amadoras e profissionais) sobre a última obra do autor de "Kill Bill". Raramente li uma opinião moderada. Quase todas eram (são) extremas: ou é genial pela sua energia, montagem e argumento, ou é uma profunda desilusão pela sua aparente auto-indulgência e fantasia histórica. Julgo que "Sacanas Sem Lei" não é uma coisa nem outra. Gostei muito do filme, mas não é, quanto a mim a obra-prima inovadora que foi "Reservoir Dogs" ou "Pulp Fiction", nem é um falhanço espalhafatoso.
Quentin Tarantino sabe muito de cinema, cita descaradamente filmes e cineastas, e filma com inesgotável dedicação e energia. Sabe construir histórias delirantes com grandes momentos - diálogos soberbos, interpretações majestosas, montagem cirúrgica, humor negro imprevisível, violência impiedosa e utilização sempre surpreendente da música. Também não me parece que "Inglorious Basterds", sendo um filme assumidamente anti-filme de guerra convencional, seja uma obra fracassada nos seus intentos. Sempre foi dito pelo realizador e produtores que este filme seria um filme que apresentaria uma estrutura narrativa livre e uma visão alternativa dos acontecimentos da 2ª Guerra Mundial (uma espécie de anti-"Valquíria").
Tarantino conseguiu essa meta, rasgando os requisitos primários da heroicidade clássica dos filmes de guerra e criando personagens de um imaginário febril. Talvez por isso, atrás de mim nas cadeiras do cinema, havia um jovem casal de namorados que, no fim dos primeiros 5 minutos de projecção já estava a refilar: "Que seca de filme!" (não espanta, os teenagers vão atrás do Brad Pitt porque é o Brad Pitt, estrela mediática, e não estão preparados para sequências longas de incisivos e desconcertantes diálogos).
É óbvio que "Sacanas Sem Lei" é uma prodigiosa homenagem à história do cinema. As citações e referências são muitas - o soldado nazi que é cinéfilo, a jovem francesa que é dona de um cinema que exibe filmes de G.W. Pabst e Leni Riefenstahl, o oficial inglês que é crítico de cinema e autor de uma tese sobre cinema expressionista alemão, a carta de "King Kong" que o oficial nazi coloca na testa (no bar), que era o filme preferido de Adolf Hitler, a propaganda nazi através da indústria dos filmes, a sala de cinema enquanto palco da matança final, a frase de Shosanna "Nós os franceses respeitamos os nossos realizadores", entre outras.

No meio do turbilhão de criatividade visual e narrativa deste filme de Tarantino, há a destacar fortemente as interpretações: em primeiro lugar, destacadíssimo e responsável por uma das mais impressionantes criações dos últimos anos, está Christoph Waltz como o implacável Coronel Hans Landa. Agora percebo o que queira dizer Tarantino quando disse o que disse sobre este espantoso actor: "I think that Landa is one of the best characters I've ever written and ever will write, and Christoph played it to a tee… It's true that if I couldn't have found someone as good as Christoph I might not have made Inglorious Basterds".
O filme é quase todo atravessado pela incrível prestação de Waltz, numa personagem cáustica, mordaz, paródica e extremamente cínica. A fluência em quatro línguas (inglês, alemão, francês e italiano) acrescenta mais valia e realismo à interpretação de Waltz, justo vencedor do prémio de melhor actor no último festival de Cannes. O próprio Brad Pitt é magnífico na pele do sanguinário tenente Aldo Raine, assim como muitos personagens secundários.
Em suma, "Sacanas Sem Lei" é um obra de grande fulgor, genuinamente "tarantiniana", porventura com um ritmo desequilibrado, porventura excessiva e ambiciosa, mas é um filme que a história definirá como determinante para a redefinição do género de filmes de guerra.

terça-feira, 2 de abril de 2013

Espanha e os livros

Apesar de ser um país que também está a enfrentar gravemente a crise, Espanha é muito diferente de Portugal. Visitei há uma semana a cidade de Salamanca e, sempre que lá vou, fico deslumbrado. Com a arquitectura, com o dinamismo urbano, com o património, com o cosmopolitismo dos estudantes, com a magnífica Plaza Mayor, com a oferta comercial e cultural... Enfim, uma cidade bela e sempre atractiva em múltiplos aspectos e onde não se "sente" a crise.
Um dos sítios onde se qualquer leitor se pode perder durante horas é a livraria Cervantes, que é deveras irrepreensível e um exemplo a seguir pelas livrarias portuguesas. Para cada tema há uma diversidade incrível de títulos. E o sentido de oportunidade e de actualidade é surpreendente: para dar um simples exemplo, tinham passado apenas três semanas da eleição do novo Papa Francisco e a livraria já tinha disponível duas obras biográficas em castelhano! 
A secção onde fiquei mesmo maravilhado foi na secção de cinema: largas dezenas e dezenas de títulos, quase todos originalmente escritos por jornalistas e ensaístas espanhóis (poucas traduções, o que prova o dinamismo editorial espanhol), sobre os mais improváveis temas: o cinema e a época egípcia; o cinema e as drogas; o cinema e o papel das mães; o cinema como terapia; o cinema e a psiquiatria; o cinema e a guerra, o cinema e a arquitectura, etc, etc. Vi também a tradução das memórias da realizadora alemã Leni Riefenstahl, obra que tarda para o mercado português.
Ou seja, uma espantosa variedade de livros para quem se interessa pelo cinema e suas múltiplas áreas de intervenção social, estética, histórica ou cultural. Acabei por comprar este magnífico livro sobre a relação entre o cinema e a música.
PS - aqui tinha escrito sobre uma superlativa livraria só sobre cinema de Madrid (que eu visitei numas férias de Verão).