"Heat - Cidade Sob Pressão"(1995) é um magnífico filme de Michael Mann, um policial que representa uma homenagem às melhores sequências de assaltos a bancos dos westerns clássicos e, simultaneamente, um renovado olhar sobre o género policial. É que para além de um inesquecível duelo entre dois gigantes da representação - Robert de Niro e Al Pacino - este filme contém, porventura, a melhor cena de tiroteio jamais filmada em cinema (e não me esqueço do memorável tiroteio final de "Scarface", também com Al Pacino). São sete minutos e meio absolutamene antológicos e que elevaram o cinema de acção à condição artística (Michael Mann não foi o primeiro a fazê-lo, mas ok). Sete minutos e meio de uma intensidade dramática absorvente e, acima de tudo (coisa rara nos filmes de acção de Hollywood), com uma preocupação visual extremamente realista: repare-se que, assim que começa o tiroteio após o assalto ao banco, a música da banda sonora extingue-se para dar maior autenticidade à violência - e raramente o som das balas e dos seus impactos soaram tão reais e impactantes. Tudo se passa em ruas verdadeiras de Los Angeles, numa encenação visual quase operática e num ritmo prodigioso. E por último, a fabulosa realização enfatizada com dois recursos muito bem manobrados: o trabalho de câmara e a montagem. Uma montagem milimétrica, de um equilíbrio a toda a prova, dando ao espectador a perspectiva de ambas as partes (polícias e ladrões), planos curtos e planos mais demorados, imprimindo a sensação de adrenalina pura, sem tempo para retomar o fôlego. Estes sete minutos e meio de "Heat" serão estudados, ao pormenor, nas melhores escolas de cinema do mundo. E Quentin Tarantino bem pode viver, como Manoel de Oliveira, 100 anos, que dificilmente conseguirá igualar ou superar esta sequência de acção imparável e - arriscaria mesmo - perfeita.
3 comentários:
Long live Victor, o grande. Andei anos há procura destas palavras. Este é "o tiroteio".
Esta sequência é extraordinária tal como o frente a frente entre De Niro e Al Pacino e como muitas outras deste grande filme. (A banda sonora também é de assinalar)
De tantas cenas antológicas neste filme era difícil esscolher a melhor. O tiroteio é sem dúvida "o tiroteio". Aqui há pura ARTE. Porque também é possível fazer arte numa cena deste género.
E nós que sentimos uma empatia enorme com os assaltantes, perde-se parte dela a partir do momento em que um deles faz de uma criança refém... Isso só embelezou ainda mais a cena.
Para o filme 5/5
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