domingo, 20 de janeiro de 2013

A córnea de Malcolm












Comprei a revista de cinema Empire por causa da reportagem alargada sobre a obra de Stanley Kubrick. Nesta reportagem consta uma interessante entrevista a Malcolm McDowell, o célebre Alex de "Laranja Mecânica", a propósito dos 40 anos do filme.

Uma das imagens icónicas deste filme de Kubrick é a de Alex, de olhos forçosamente abertos, a ser reabilitado com o visionamento forçado de imagens de violência e sexo.
Eis o que Malcolm responde à pergunta "Quão dolorosa foi a cena dos olhos abertos?":
- "Antes de mais, aquele aparelho nos meus olhos é usado em operações delicadas aos olhos onde estás deitado de costas, não numa cadeira e não num colete de forças. Colocavam anestésicos nos meus olhos, o que ardia bastante. Quando fazia efeito, o aparelho era colocado, mas estava sempre a saltar. Quando caía, arranhava a córnea, algo que não me apercebia até ir conduzir para casa e o efeito da anestesia desaparecer. A dor da córnea arranhada é horrível."

4 comentários:

Vasco disse...

Víctor, 2 apartes:
O que te fez gostar tanto do "morte cansada" e do conteúdo do "danação"?

Unknown disse...

Referes-te ao filme do Fritz Lang e do Béla Tarr?
Bom, para mim são duas obras magníficas do cinema, cada um na sua estética (Lang no expressionismo, Tarr no existencialismo).
O conteúdo do "Danação" é a história da obsessão de um homem por uma cantora de cabaret. Gosto da forma como Tarr filma a deriva existencial desse homem à procura de um amor impossível. Danação tem alguns dos melhores movimentos de câmara e planos da carreira do cineasta húngaro.

Vasco disse...

A forma de filmar do Béla Tarr e todo o contraste das luzes(não sei se bebeu de Ford e Welles) é simplesmente perfeita, mas tenho alguma dificuldade em perceber a substância do conteúdo, ou seja, de achar uma verdadeira obra prima. Quando vemos o "Como o meu vale era verde" "Young, Mr Lincoln" "vinhas da ira" enfim n filmes cuja substância é infinita e eterna e, comparamos com a mensagem dos filmes do Béla Tarr... Provavelmente sou eu que ainda estou num patamar muito inferior, a meu ver, os filmes de Tarr são espectáculos de ilusão, são mágicos e inspiradores, mas ao mesmo tempo aquela monotonia dá-me sono e a mensagem diz-me pouco.
Não me dá aquela sensação que senti quando saí da cinemateca após ver o "It's a wonderful life" por exemplo.
Não sei se percebes onde quero chegar, se será inexperiência, subjectividade ou...

Abraço!

Unknown disse...

Sim, eu percebo o que queres dizer, Vasco.
O cinema de Tarr é toda uma experiência diferente de tudo o resto e tem que se aderir de forma despojada e sem preconceitos. É natural que a sua "substância" ou "conteúdo" não toquem tanto no espectador médio como outros filmes, mas acho que o cinema pode também tocar pelo lado formal e estético. O cinema de Tarr aborda a condição humana, é pessimista, mas é belo e inesgotável.