quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Nota breve sobre "Amour"




Finalmente vi "Amour" de Michael Haneke
Para não correr o risco de repetir ideias já professadas sobre o filme, não vou acrescentar grande coisa ao muito que já foi dito e escrito. Apenas manifestar sucintamente a minha reacção pessoal a esta obra sobre a decadência da existência humana: gostei muito desta profunda abordagem à relação entre um casal que se vê confrontado com a eminência da doença e da morte. Haneke imprimiu uma notável e cirúrgica dimensão humana a todo o crescente sofrimento a angústia sem nunca resvalar para o fácil sentimentalismo. Pelo contrário, "Amour" está imbuído de uma crueza e densidade a toda a prova, mostrando os factos como eles são, sem rodeios nem cedências emocionais.
A realização é, como habitualmente em Haneke, de um rigor estético quase geométrico, com planos extremamente bem conseguidos à justa medida da arquitectura e espaços da casa. É verdade que neste filma perpassa uma forte tonalidade negra e pessimista, mas por fim Haneke prova ser mestre na subtileza, revelando uma ténue esperança redentora e deixando muitas pistas para a reflexão sobre as contradições do amor e da condição humana.
Por fim, palmas para as interpretações superiores da dupla de octogenários actores.  

1 comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Amor é pessimista, angustiante e maravilhoso.