O filme "A Vida de Adèle" de Abdellatif Kechiche, vencedor da Palma de Ouro no último festival de Cannes, não é, quanto a mim, a obra-prima que muitos apregoam. É claramente um dos dez filmes do ano, mas não percebo onde o realizador revela genialidade tamanha para ter impressionado tanta gente. Julgo que tem uma duração excessiva (3 horas) que prejudica a desarmante linearidade da narrativa, mas tem duas belas interpretações numa - a espaços - pungente história de amor e sexo entre dois seres humanos que desabrocham para os prazeres carnais e emocionais de uma relação.
As duas actrizes que dão corpo (literalmente) a esta história, Adèle Exarchopoulos e Léa Seydoux, queixaram-se da dureza das filmagens e de uma alegada postura depravada do realizador em querer o máximo de realismo possível. Houve cenas que foram repetidas mais de cem vezes e as actrizes eram obrigadas a improvisar e a envolverem-se ao máximo nas cenas de sexo.
A atracção erótica é filmada de forma sensual e despojada, mas uma coisa que me surpreendeu foi o facto das actrizes terem usado uma espécie de prótese vaginal que impedia, no momento sexual mais íntimo, de um contacto físico e erótico directo. Ora, se assim foi, não se percebe o elevado grau de realismo que Kechiche exigia às actrizes: se queria total realismo e entrega física, tal deveria ter sido abertamente assumido sem recurso a próteses de plástico que evitaram, precisamente, o envolvimento real e o contacto físico entre os dois corpos.
A atracção erótica é filmada de forma sensual e despojada, mas uma coisa que me surpreendeu foi o facto das actrizes terem usado uma espécie de prótese vaginal que impedia, no momento sexual mais íntimo, de um contacto físico e erótico directo. Ora, se assim foi, não se percebe o elevado grau de realismo que Kechiche exigia às actrizes: se queria total realismo e entrega física, tal deveria ter sido abertamente assumido sem recurso a próteses de plástico que evitaram, precisamente, o envolvimento real e o contacto físico entre os dois corpos.
3 comentários:
Prefiro sem qualquer sombra de dúvida os filmes "Calígula" de Tinto Brass, e "120 Dias de Sodoma" de Pasolini.
Parabéns pelo blog, continuação de um bom trabalho.
Reduziria esse número de cenas sexuais - até para reduzir a duração do filme -, e ele ficaria igualmente bom. Aliás, porventura, até ficaria melhor e mais acessível ao público.
Ainda que aplauda a capacidade de retratar a nu - literal e figurativamente -, a relação entre duas mulheres e o prazer destas mesmas mulheres, algo que não é comum de todo, não nos devemos deixar levar pelo ordinário.
cenas de nudez podem parecer muito longas, mas eu amo Adele de qualquer maneira
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