Para além de admirar a obra cinematográfica do realizador húngaro Béla Tarr, admiro também a sua postura e as suas ideias. Enquanto não estreia em sala o seu último filme, "O Cavalo de Turim" (dia 14 de Junho), sugiro a leitura de uma entrevista que deu à Time Out de Londres, na qual Béla Tarr explica porque é que, aos 56 anos de idade, decidiu abandonar a carreira no cinema. O cineasta fundamenta a sua decisão dizendo que já conseguiu fazer o cinema que sempre quis fazer acerca das questões existências: "Um cinema muito simples, muito puro, acerca do peso das nossas vidas e de como acabamos por ficar cada vez mais fracos até desaparecer."
Acrescenta que já não quer, no futuro, arrastar-se por festivais e festivais a revelar um cinema cuja fórmula se repete. Em suma, Tarr está convencido que já mostrou tudo o que tinha a mostrar no cinema e, por isso, retira-se (no auge do reconhecimento artístico internacional) com a consciência de ter concebido uma obra única.
E à semelhança do que acontecia com Andrei Tarkovski, também Béla Tarr atribui uma importância fundamental à ideia de "tempo" no seu cinema, a propósito dos seus longos planos.
Entrevista aqui.
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