sábado, 12 de fevereiro de 2011

O cinema é o demónio


Agora que o Egipto se livrou de Mubarak, era também hora do Médio Oriente em geral se livrar, igualmente, de preconceitos que minam mentalidades culturais.
O senhor da imagem chama-se Ibrahim al-Ghaith e é o chefe da polícia religiosa da Arábia Saudita. Este país muçulmano, um dos mais fundamentalistas e censores do mundo, baniu durante três décadas o cinema, invocando que se trata de uma "vil forma de violar a lei islâmica".
No entanto, após trinta anos de total censura, em que os cidadãos sauditas nunca puderam ver, sequer, uma película por mais inofensiva que fosse, as autoridades abriram uma rara excepção e autorizaram a exibição de um filme produzido por um rico príncipe saudita. O filme chama-se "Menahi" e, segundo rezam as crónicas, trata-se de uma comédia familiar (adaptada de uma popular série televisiva) sobre as aventuras de um camponês no reino muçulmano. O filme foi um sucesso e levou milhares de pessoas às salas de cinema (nota importante: não se trata de um infame filme ocidental que veio corromper a moral islâmica, foi antes um filme feito na Arábia Saudita e com profundas raízes na história local).
Contudo, apesar de ser o único filme exibido em 30 anos na fundamentalista Arábia Saudita, e apesar de se tratar de um mero filme de entretenimento de Domingo à tarde, "Menahi" acabou por ser criticado pelo chefe da polícia religiosa, que viu nele a tal violação à divina lei islâmica. Mas fez mais do que criticar, claro.
Acabou por proibir a exibição do filme em todo o território saudita. O argumento de Ibrahim é demolidor e sem remissão: "A nossa posição sobre este assunto é clara - proiba-se. Porque o cinema é o demónio e não precisamos dele. Já temos demónios que cheguem".
A minha dúvida é: será que se estava a referir a ele próprio?

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