"Quando ficas velho é suposto que deves pedir a reforma, mas a verdade é que o volume do meu trabalho não pára de crescer. Vivo na Holanda, país onde a eutanásia é legal e creio que ninguém faz nada de interessante depois dos 80 anos. Agora tenho 68, por isso só me restam 12 anos mais e tenho uma grande quantidade de coisas que devo fazer até que peça voluntariamente a eutanásia."
Foi assim que o realizador Peter Greenaway falou ao jornal espanhol El País.
E disse mais: "Creio que o cinema, tal como o temos conhecido, está morto, mas a actividade de contar histórias através de imagens continua viva. A minha profissão está a desaparecer e reafirmo que o cinema está basicamente morto, mas foi magnificamente substituído por outras formas de recolher e difundir informação."
Greenaway diz que tem inúmeros projectos a decorrer, como um sobre a perda da virgindade do realizador russo Eisenstein no México (!); outro sobre o filme "Morte em Veneza", no qual explora a relação sexual consumada entre os dois amantes; tem ainda duas óperas, uma obra de teatro e um contrato para escrever 100 livros (!) para um editor parisiense. A pintura é uma área que sempre o interessou, estando a finalizar uma série de trabalhos sobre nove pinturas clássicas (desde Rembrandt a Velásquez).
Moral da história: é conhecida a veia irónica e provocadora do realizador de "The Cook, the Thief, His Wife & Her Lover" (1989), como as recorrentes afirmações sobre a "morte do cinema". Greenaway cultivou sempre um misto de excentricidade barroca com alguma demagogia pelo meio. E a verdade é que, se o cinema morreu, terá morrido para ele próprio, uma vez que desde o seu filme "The Pillow Book" (1996) nunca mais fez uma obra minimamente digna e interessante.
Esperemos que, no amontoado de novos projectos que tem em mãos, surja algo de de verdadeiramente original. Pelo menos até chegar aos 80, visto que assim que chegar a esta idade, segundo vontade expressa do próprio, irá cometer eutanásia!
1 comentário:
Realizador interessante e muito desiquilibrado, mas nunca chato.
Não vejo nada dele desde o Pillow Book, mas lembro-me de boas critícas em relação ao filme sobre o Rembrandt. É assim tão mau?
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