Saul Bass, o génio das artes visuais que revolucionou os genéricos dos filmes durante quatro décadas. Alguns dos seus trabalhos são tão reconhecíveis e famosos como os próprios filmes de Hitchcock, Preminger ou Scorsese. Os genéricos de Bass são fortemente icónicos e seguem uma linha estética gráfica muito própria.
Todos os "opening titles" estão compilados nesta montagem com filmes que vão de 1955 a 1995. A montagem tem a duração de 65 minutos, mas vale a pena ver nem que seja em fast forward.
Um das bandas sonoras compostas para cinema de que mais gosto é a do filme "Cape Fear" ("Cabo do Medo"), original de J. Lee Thompson (1962) e alvo de um brilhante remake de Martin Scorsese em 1991. Fui vê-lo duas vezes seguidas à sala de cinema, não só pela realização, pelas interpretações, pela história ou pela montagem. Foi também pela música. Originalmente foi composta pelo grande Bernard Herrmann e adaptada por Elmer Bernstein para o filme de Scorsese.
A cada segundo de música cria-se o ambiente soturno e inquietante adequado à história de vingança de Max Cady (magnético Robert De Niro).Uma música que é, igualmente, uma espécie de personagem do próprio filme.
Vale a pena, por isso, rever o genérico inicial do genial Saul Bass (trabalhou com Hitchcock) e sentir os arrepios na pele com o tema principal do filme:
É sabido quão exigente era trabalhar com Stanley Kubrick: actores, produtores, compositores, técnicos... todos receavam o perfeccionismo fanático de Kubrick.
Ora, o temperamento artístico do cineasta não mudava relativamente aos designers gráficos. Um dos maiores criadores visuais da segunda metade do século XX, Saul Bass, responsável por um trabalho gráfico e estético inovador no cinema e na publicidade, sentiu na pele a exigência de Kubrick. O realizador contratou-o para fazer o poster do filme "The Shining" (1980).
Perante a constante insatisfação de Kubrick face aos trabalhos apresentados por Saul Bass, este teve de fazer cerca de 300 esboços até chegar ao resultado final. Para chegar a este resultado que agradou, finalmente, a Kubrick, Saul Bass trabalhou muitas ideias gráficas como atestam alguns exemplos seguintes (com apontamentos do próprio Bass):
Brilhante trabalho de montagem e edição a partir do original trabalho de Saul Bass enquanto criador de genéricos e títulos para filmes. Em menos de dois minutos, todos os grandes trabalhos de design de Saul Bass estão aqui revelados (25 filmes, para ser exacto), numa homenagem a um artista de visão única.
Montagem de Ian Albinson.
Eis os filmes representados por ordem cronológica: Carmen Jones (1954) The Big Knife (1955) The Seven Year Itch (1955) The Man with the Golden Arm (1955) Around the World in Eighty Days (1956) Vertigo (1958) Anatomy of a Murder (1959) North by Northwest (1959) Spartacus (1960) Psycho (1960) Ocean’s Eleven (1960) West Side Story (1961) Walk on the Wild Side (1962) Nine Hours to Rama (1963) It’s a Mad Mad Mad Mad World (1963) Bunny Lake is Missing (1965) Seconds (1966) Not with My Wife, You Don't! (1966) Grand Prix (1966) That’s Entertainment, Part II (1976) The War of the Roses (1989) Goodfellas (1990) Cape Fear (1991) The Age of Innocence (1993) Casino (1995)
Os Óscares estão aí à porta e a Academia de Hollywood divulgou o cartaz oficial do evento. Ao contrário do que já li, parece-me um cartaz desinteressante em termos visuais. Claro que a mensagem está lá bem vincada (a presença da estatueta dourada diz tudo) com a ajuda de algumas imagens de filmes clássicos de fundo ("Casablanca", "Godfather"...).
No entanto, esta linha gráfica que evoca a sumptuosidade da cerimónia, o mundo do estrelato e da fama, cansa de tão repetitiva. Não há rasgos criativos e originais, nenhum elemento visual que desperte a curiosidade ou a invenção formal (os cartazes do festival de Cannes costumam ser bem mais ousados).
Talvez este conservadorismo nos cartazes de divulgação dos Óscares tenha relação com o alegado conservadorismo das preferências cinematográficas dos membros da Academia. Falta a visão criativa de um Saul Bass para revolucionar esta tipologia de cartazes em Hollywood.
O Ípsilon dá conta da edição de um livro definitivo e completo sobre a obra de um dos mais influentes designers e criadores visuais do século XX: Saul Bass (1920 - 1996). Projectado por Jennifer Saul Bass, sua filha e escrito pelo historiador Pat Kirkham, que conhecia Saul Bass, o livro "Saul Bass: A Life in Filme & Design" contém mais de 1.400 ilustrações, muitas do arquivo do próprio Bass e que nunca antes foram publicadas. Este é estudo definitivo é ansiosamente aguardado pelos entusiastas do design e do cinema.
Saul Bass foi tão famoso pelo seu trabalho em filmes como nas artes gráficas no mundo da publicidade. Com um estilo visual muito próprio, Bass criou alguns dos trailers e posters mais famosos e engenhosos de sempre para filmes de Alfred Hitchcock, Otto Preminger, Carol Reed ou Martin Scorsese (o último cineasta com quem trabalhou).
Por enquanto, esta obra encontra-se à venda na Amazon por cerca de 44 dólares.
Festival "Escrita na Paisagem", Agosto 2011.
No projecto "Movie Poster", Kubik musicou 7 géneros cinematográficos com base nos posters como iconografia da sétima arte: filmes de Guerra, Comédia, Terror, Western, Cinema Negro (Noir), Cinema Mudo e Saul Bass (designer gráfico). Uma revisitação pela história do cinema com base numa criteriosa selecção de posters de cinema.
Excertos do primeiro concerto (no total de 4) na cidade de Évora, no dia 3 de Agosto de 2011, Largo da Igreja de S. Vicente. São dois minutos, em média, por cada género cinematográfico (para compreender o conceito geral):
O imaginário visual que emana do filme "The Shining" (1980) de Stanley Kubrick é quase inesgotável. Partindo desse mesmo imaginário e dos pormenores visuais que preenchem todo o filme (desde o machado ao triciclo, do padrão do tapete do hotel à porta do quarto...), designers e gráficos de todos os quadrantes criaram posters alternativos.
Alguns são da lavra de verdadeiros e importantes autores, como o poster amarelo que é da autoria do mestre Saul Bass (que fez posters e genéricos para Hitchcock).
O João Lameira, a propósito do post abaixo deste, abordou quão importante é o genérico de um filme. E com toda a razão.
Sempre que penso em genéricos, lembro-me de um filme de Woody Allen (creio que "Annie Hall") em que a personagem interpretada pelo próprio realizador desiste de entrar na sala de cinema porque já tinha sido exibido o genérico inicial do filme. Faz sentido: podia ter perdido um genérico extraordinário. E o filme começa verdadeiramente no genérico (quando os há, porque o cinema contemporâneo aboliu muita dessa tradição).
Durante décadas, no período clássico de Hollywood, os genéricos ("opening credits") foram quase sempre iguais, com o mesmo ritmo, a mesma estética visual, a mesma forma de apresentação dos créditos artísticos e técnicos, o mesmo lettering, com poucas variações na própria sequência gráfica dos títulos. Veja-se, por exemplo, os muitos filmes de John Ford que terminam da mesma maneira: "Directed by John Ford". Por isso, muitas das vezes, os genéricos serviam apenas para aborrecer os espectadores, deixando-os indiferentes.
Porém, a partir de um dado momento, os genéricos sofreram alterações profundas, no estilo, na forma, no conteúdo. Outros realizadores optaram até por prescindir dos genéricos iniciais (Francis Ford Coppola), outros há que são fiéis a um mesmo estilo (Woody Allen) durante largos anos.
Por vezes um genérico inicial de um filme (quando é realmente bom e original) é determinante para incutir no espectador o fascínio das imagens, a envolvência emocional da película. Saul Bass criou alguns dos genéricos mais originais para filmes de Alfred Hitchcock, ou para "Anatomy of Murder" de Otto Preminger.
Nos últimos anos, David Fincher tem sido um dos poucos cineastas que atribui valor artístico ao genérico, talvez devido à sua formação inicial como realizador de videoclips.
O genérico é uma arte e imprime identidade artística a um cineasta, e não tem que ter uma função meramente funcional (como a de apresentar a lista de actores e intervenientes do filme, como era quase sempre no cinema clássico). E hoje já não há artistas gráficos com a veia criativa de um Saul Bass...
Eis um site que sugere 10 grandes "opening credits" do cinema recente.
Um das mais bandas sonoras compostas para cinema de que mais gosto, é a do filme "Cape Fear" ("Cabo do Medo"), original de J. Lee Thompson (1962) e alvo de um brilhante remake de Martin Scorsese em 1991. Fui vê-lo duas vezes seguidas ao cinema, não só pela realização, pelas interpretações, pela história ou pela montagem. Foi também pela música. Originalmente foi composta pelo grande Bernard Herrmann e adaptada por Elmer Bernstein para o filme de Scorsese.
A cada segundo de música, cria-se o ambiente soturno e inquietante adequado à história de vingança de Max Cady. Uma música que é, igualmente, um personagem do próprio filme. Vale a pena, por isso, rever o genérico inicial do genial Saul Bass (trabalhou com Hitchcock) e sentir os arrepios na pele com o tema principal do filme:
Há um filme de Woody Allen (creio que "Annie Hall") em que a personagem interpretada pelo próprio realizador desiste de entrar na sala de cinema porque já tinha sido exibido o genérico inicial do filme. Faz sentido. Podia ter perdido um genérico extraordinário. E o filme começa no genérico (quando os há). Durante décadas, no período clássico de Hollywood, os genéricos (opening credits) foram quase sempre iguais, com o mesmo ritmo, a mesma estética visual, a mesma forma de apresentação dos créditos artísticos e técnicos, com poucas variações na própria sequência gráfica dos títulos. Por isso, muitas das vezes, serviam apenas para aborrecer os espectadores, deixando-os indiferentes.
Porém, a partir de um dado momento, os genéricos sofreram alterações profundas, no estilo, na forma, no conteúdo. Outros realizadores optam até por prescindir dos genéricos iniciais (Francis Ford Coppola), outros há que são fiéis a um mesmo estilo (Woody Allen) durante largos anos.
Por vezes um bom genérico inicial de um filme é determinante para incutir no espectador o fascínio das imagens, a envolvência emocional da película. Saul Bass criou alguns dos genéricos mais originais para filmes de Alfred Hitchcock, ou para "Anatomy of Murder" de Otto Preminger. Nos últimos anos, David Fincher tem sido um dos poucos cineastas que atribui valor artístico ao genérico, talvez devido à sua formação inicial como realizador de videoclips.
O genérico é uma arte e imprime identidade artística a um cineasta, e não tem que ter uma função meramente funcional (como a de apresentar a lista de actores e intervenientes do filme). Eis um site que sugere 10 grandes "opening credits" do cinema recente.
Segundo a revista Premiere americana, estes são dois do melhores cartazes de cinema jamais feitos, seleccionados de uma lista de 25 títulos - consultar aqui. São os cartazes dos filmes "Anatomy of a Murder" (1959) de Otto Preminger e "Vertigo" (1958) de AlfredHitchcock. Curiosamente, ambos os filmes são protagonizados pelo mesmo (grande) actor, James Stewart. A autoria destes dois cartazes é do mesmo autor: Saul Bass, considerado um dos mais originais e criativos designers gráficos da indústria de Hollywood (e não só: o seu trabalho estende-se à publicidade). Saul Bass criou alguns dos mais marcantes cartazes e genéricos de filmes dos anos 50 e 60, como já tinha referido neste post sobre genéricos no cinema.Os cartazes de "Anatomy of a Murder" e "Vertigo" representaram uma ruptura conceptual na arte de criar cartazes para cinema. Ao invés de representar imagens dos actores, glamorosos e famosos, Bass optou por imagens gráficas não figurativas e uma geometria visual mais estilizada, pontuadas por cores de fundo fortes e minimalismo na informação escrita (apenas título do filme, realizador e actores principais). A linha criativa de Saul Bass continua a influenciar a estética de cartazes e de genéricos cinematográficos. Basta constatar que o genérico do filme "Apanha-me se Puderes" de Spielberg é claramente decalcado da linha visual que Bass criou. Saul Bass, falecido em 1996, dedicou os seus últimos anos de vida à colaboração com Martin Scorsese.
Sabemos que um bom filme tem de começar por um bom... começo (não é redundância). Daí que o genérico inicial (opening credits) de um filme seja determinante para incutir no espectador o fascínio das imagens, a envolvência emocional do filme. Saul Bass fez alguns genéricos geniais para Hitchcock - como este ou este para Preminger. Nos últimos anos, David Fincher tem sido um dos poucos cineastas que atribui valor artístico aos genérico, talvez devido à sua formação inicial como realizador de videoclips. O genérico é uma arte e imprime identidade artística a um cineasta. Há um filme de Woody Allen em que a personagem interpretada pelo próprio realizador desiste de entrar no cinema porque já tinha sido exibido o genérico. Faz sentido. Podia ter perdido um genérico extraordinário. E poucas pessoas dão importância ao genérico no cinema, até porque já há muitos realizadores que optam por prescindir deles (o exemplo mais recente é o do filme "Control").
Neste âmbito, descobri um site interessante que elabora uma recensão dos 10 melhores genéricos de sempre. Tratando-se de uma lista de preferências, é sempre subjectiva, mas que tem por lá alguns genérico geniais, lá isso tem. E adivinhem qual é o genérico que está em primeiro lugar.
A história da música para cinema é recheda de aspectos interessantes. A introdução do som na linguagem fílmica provocou uma revolução. Técnica e estética. Chaplin resistiu 10 anos ao som, visto que era da opinião que este elemento iria matar a essência do cinema: a imagem. Mas a história comprova que não só não matou como enriqueceu sobremaneira a plasticidade das imagens, auferindo-lhe outra dimensão, outra expressividade. Historicamente, a primeira composição original expressamente feita para um filme foi em 1908, pelo compositor Camille Saint-Saens. Por outro lado,grandes compositores falharam na composição de bandas sonoras para cinema, como foi o caso de Stravinsky, Bartók ou Ravel.
O primeiro filme sonorizado com diálogos é “O Cantor de Jazz” (1927) com Al Jolson (actor branco que interpretava um cantor negro), fruto da introdução do Vitaphone, máquina de projecção com disco acoplado desenvolvido a partir do Fonógrafo de Thomas Edison. No início, a música para cinema era meramente funcional, ilustrativa das imagens. Era uma música programática. Eis que em 1939 se dá uma verdadeira ruptura estética: o génio de Walt Disney realiza “Fantasia”, obra que revolucionou a importância da música no cinema com Schubert, Bach, Tchaikovsky. Com este filme a música passou a ser o veículo narrativo primordial.
É curioso constatar as relações que, ao longo de décadas de história do cinema, se estabeleceram entre realizadores e compositores, estabelecendo assim, afinidades artísticas únicas: Nino Rota com Fellini; Prokofiev com Eisenstein; Bernard Hermann com Hitchcock; John Williams com Spielberg; Michael Nyman com Peter Greenaway; Ennio Morricone com Sergio Leone; Howard Shore com David Cronenberg; Danny Elfman com Tim Burton, etc.
Um das mais espantosas bandas sonoras compostas para cinema, é o filme "Cape Fear" (Cabo do Medo), original de J. Lee Thompson em 1962 e alvo de um brilhante remake de Martin Scorsese em 1991. Veja-se (e ouça-se) este brilhante início de filme na versão adaptada de Scorsese com um genérico do genial Saul Bass (trabalhou com Hitchcock): a cada segundo, a música prenuncia a violência e o mal que perpassa por todo o resto do filme. A música é do grande Bernard Herrmann adaptada por Elmer Bernstein. Aqui.