O cinema de Quentin Tarantino está cheio de referências cinéfilas. O seu estilo visual é um "melting pot" de múltiplas influências vindas dos mais respeitados cineastas de culto dos anos 60 e 70. O próprio realizador afirma que a sua formação como realizador deveu-se à sua militante frequência de salas de cinema independente nos EUA, assim como quando era empregado de um videoclube, que lhe permitiu ver centenas de filmes de série B (ainda em formato VHS). Os meus Tarantino preferido são, sem dúvida, os dois primeiros: "Cães Danados" (1992) e "Pulp Fiction" (1994). O seu mais recente filme, "Death Proof", é um objecto de tal forma estereotipado na sua estética retro que chega a irritar. No meio disto tudo, Tarantino realizou o magnífico díptico "Kill Bill", obras que veneram os filmes de artes marciais japoneses.
No "Kill Bill Vol.2" há uma sequência de 2 minutos deveras espantosa (ver abaixo) que revela o domínio perfeito de Tarantino na mise-es-scène e na realização: o grupo japonês feminino "The 5678's" começa a tocar o irresistível rock'n'roll enquanto Uma Thurman se prepara para o ataque final. Veja-se o extraordinário movimento de câmara durante todo este plano-sequência: a câmara desliza com estrema suavidade atrás das personagens e eleva-se no ar como se desafiasse as leis da gravidade. Nesta sequência magnificamente filmada, Quentin Tarantino presta clara homenagem (há quem diga antes plágio) ao célebre plano-sequência de abertura do filme "A Sede do Mal" de Orson Welles, que pode ser visto aqui.
Mesmo considerando esta referência directa ao filme de Welles, não é por isso que Tarantino deixa de ser um cineasta talentoso e de notável imaginação estética.
2 comentários:
Nossa, que observação de mestre. Realmente, vi s duas cenas e realmente se nota a clara influência nas seqüências das cenas.
Até mais.
a sequencia é do primeiro volume do filme Kill Bill
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