sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O filme e o livro (e vice-versa)



aqui tinha abordado a relação entre o cinema e a literatura. É sabido que desde o início da história do cinema que a literatura (o teatro, menos) tem servido de inspiração para a evolução da 7ª arte. Grandes obras-primas do cinema resultaram de adaptações de livros menores e grandes obras literárias redundaram em filmes medíocres. José Saramago recusou, durante anos, autorizar a adaptação de livros seus para cinema, invocando o argumento de que o cinema "destrói a imaginação". Compreendo o sentido da afirmação, mas refuto que seja uma verdade tão linear. A literatura e o cinema são duas linguagens muito diferentes e, cada uma à sua maneira, projectam a imaginação do receptor (espectador/leitor) de formas distintas. O cinema, quanto mim, não só não destrói a imaginação como a estimula para terrenos que, porventura, a literatura não provoca. Os estímulos visuais potenciam e enriquecem outros estímulos. E as imagens associadas a essa tão eficiente expressão artística que é a música, chegamos a um resultado imagético total e irrepreensível. Uma coisa me parece certa: nem um bom livro substitui um bom filme, e vice-versa. São duas formas de fruição estética que, no fundo, se complementam.
Por isso uma conversa que me parece redundante é aquela que se centra na relação de qualidade entre um livro e o filme que se baseou nesse mesmo livro. Ou seja: saber qual é melhor: o livro "As Vinhas da Ira" de John Steinbeck ou adaptação cinematográfica de John Ford? É melhor o filme "O Processo" de Orson Welles ou o livro homónimo de Franz Kafka? Qual tem mais qualidade artística: o livro "Ensaio Sobre a Cegueira" de Saramago ou o filme "Blindness" de Meirelles? Dezenas de outros exemplos poderiam ser enumerados. Quanto a mim, é uma conversa inconsequente.
O curioso é que o site List Universe acabou de publicar uma interessante (e discutível) lista de filmes que são melhores do que os livros que lhe deram origem. Lá podemos encontrar filmes como "O Padrinho", "Tubarão", "Silêncio dos Inocentes" ou "Blade Runner". O melhor filme recenseado é o "Stand by Me" de Bob Reiner com base num livro de Stephen King. Nada contra. Link.

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