quarta-feira, 19 de novembro de 2008

O som da LUME Big Band


O compositor e músico Marco Barroso venceu recentemente o "Prémio Jovem Autor" atribuído pela SPA e Milleniumbcp. É o reconhecimento artístico de um jovem músico com visão e que gosta de arriscar num panorama musical português geralmente amorfo. Marco Barroso juntou 15 músicos com formação jazzística e formou uma Big Band, a que chamou LUME - Lisbon Underground Music Ensemble. Esta é a primeira big band genuinamente portuguesa a tocar temas originais de um compositor português com referências estéticas que vão muito para lá do jazz. E só isso já seria de louvar. Mas Marco Barroso não se limita a gerir as expectativas, visto que a sua música não se confina aos estereótipos habituais em big bands. Basta constar as múltiplas e diversificadas influências musicais do compositor para perceber que prefere a heterodoxia estética do que a formatação habitual do jazz (como referiu nesta entrevista): Carla Bley, John Zorn, Fred Frith, Mike Patton, Dave Douglas, Evan parker, Stravinski, Ligeti, Residents, Mr. Bungle, Frank Zappa, rock experimental, música erudita contemporânea, etc.
Ou seja, o projecto LUME Big Band assume-se como um colectivo de músicos liderado por um pianista e compositor que absoveu as coordenadas mais diversas para criar a sua própria música. Lisbon Underground Music Ensemble situa-se, a espaços, no mesmo terreno de experimentação da Flat Earth Society, a big band norte-americana (cujos discos são editados pela editora de Mike Patton) capaz de saltar, com a mesma naturalidade, do swing para o noise rock. Marco Barroso ainda não chegou tão longe nessa via de experimentação, mas gosta de apelidar a sua música como "free-style", ancorada num cruzamento híbrido entre o jazz, o rock, e a música erudita contemporânea. Uma proposta original e contemporânea que pode agitar as águas da música portuguesa.

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