Vi recentemente "Cela 211" e "Machete".
Dois filmes que me despertaram reacções opostas: se o filme "Cela 211" consegue afirmar-se como um objecto de cinema digno na esteira do género "de prisão", já "Machete" provocou em mim profunda indiferença. A película de Robert Rodriguez retoma os tiques (e truques) a que já nos habituou, numa espécie de parábola estética neo-kitsch de violência supostamente gore à mistura com pseudo-espírito série B.
Sinceramente, já não sei se os filmes de Rodriguez são para levar a sério ou se, tratando-se de meras paródias assumidas, representam tentativas de criar objectos fora de época. Seja como for, para mim basta ver 10 minutos de "Machete" para me entediar com tamanha avalanche de clichés e "boutades".
Já "Cela 211" é outra história, sem ser verdadeiramente original. O ponto de partida da história é um autêntico ovo de Colombo que se desenvolve de forma progresivamente intensa a um ritmo frenético de tensão. É interessante a forma como as identidades dos presos e do funcionário (apanhado no motim) se alteram (e se adaptam) à medida que os terríveis acontecimentos se desenrolam. É interessante como o realizador Daniel Monzón filma o espaço físico claustrofóbico da prisão e o jogo de tensões e de poder que se estabelece no braço de ferro entre os presidiários revoltosos e a autoridade.
A violência é aqui bem diferente da de "Um profeta" de Jacques Audiard, mas ambos revelam um olhar acutilante sobre o "homem acossado" perante acontecimentos que o obrigam a alterar a sua própria natureza humana. E os dois filmes provam (como outros exemplos), uma certa vitalidade (artística e comercial) do cinema francês e espanhol.
"Machete" - 1/5
"Cela 211" - 3/5
5 comentários:
Eu já nem os vejo
Deves ser uma pessoa tão especial Álvaro Martins
Não consigo perceber sinceramente de que forma ainda há pessoas que tentam encontrar algo de extraordinário ou talvez um possível marco do cinema moderno nos filmes do Robert Rodriguez (especialmente nestes Gore de violência gratuita que só me fazem lembrar o cinema xunga japonês...).
O filme compromete-se a entreter e no meu caso...entretive-me a vê-lo.
Vi ontem o Cela 211 e gostei! É obvio que nao é um grande grande filme, mas é bem competente e está bem filmado.
Por vezes não foge a convenções do cinema americano mas cumpre largamente os objectivos a que se propõe...
Foi, apesar de tudo, o melhor filme que vi no cinema em vários meses...
O Machete pretende ser um guilty pleasure, nada mais.
Não vi, mas acredito que vou gostar bastante.
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