quarta-feira, 17 de outubro de 2012

O homem duplicado em "Copy Shop"

Widrich Virgil é um realizador e artista multimédia austríaco que tem sido galardoado com dezenas de prémios internacionais por todo o mundo. E não admira que assim seja, uma vez que o seu trabalho é deveras original e de grande qualidade artística.
É talvez mais conhecido pela sua fantástica curta-metragem de animação "Fast Film" (2003), que fazia a evocação da memória do cinema através de imagens icónicas da Sétima Arte. No entanto, há quem prefira (como eu) o seu filme "Copy Shop" realizado dois anos antes (2001). Trata-se de uma curta-metragem de apenas 11 minutos em que cada minuto transpira inovação e frescura. De ideias e de concepção estética.
Basicamente, "Copy Shop" conta a história de um homem (que trabalha numa loja de fotocópias) e que, inesperadamente, fotocopia a sua própria mão. A partir deste incidente, o homem cria clones atrás de clones até ao desenlace fatal. Sem diálogos e recorrendo a um trabalho visual incrível, Widrich Virgil constrói uma narrativa surreal e desconcertante, de um grande cuidado plástico e com uma narrativa fluída. Este filme pode ser interpretado como uma crítica à monotonia da actividade do homem moderno; ou uma crítica aos modelos de ficção padronizados de Hollywood...
"Copy Shop" fartou-se de ganhar prémios em festivais internacionais (entre os quais, o Prémio do Júri no festival IMAGO da Covilhã) e chegou a estar nomeado aos Óscares na categoria "Live Action Short". E não espanta, porque este filme é de uma qualidade rara.

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