sábado, 30 de março de 2013

"A Caça" - A mentira como vírus



Está encontrado outro candidato a integrar a lista dos melhores filmes do ano: "A Caça" de Thomas Vinterberg. Filme que explora até que ponto uma aparente mentira infantil pode desencadear o desmoronamento da vida social e emocional dos elementos de uma pequena comunidade. Isto é, Vinterberg mergulhou nos mistérios fantasistas da mente de uma criança e usou-os para testar a resistência psicológica de um homem e de todo o seu círculo próximo. 
O homem acusado (e acossado) é Lucas (assombroso Mads Mikkelsen), que vê a sua vida destruída devido a uma mentira que se espalha como um vírus mortal e provoca a mudança radical de comportamento do mais comum dos cidadãos. Lucas sabe que a acusação é fantasiosa e injusta, mas nem por isso condena a pequena Klara (assombrosa Annika Wedderkopp), pela qual tem um apreço muito especial. 
A partir do momento em que Lucas é suspeito - mesmo sem provas conclusivas - a "caça" está lançada pela comunidade (e não se sabe exactamente por quem). Lucas é a presa da discriminação e tenta resistir estoicamente, apesar de todas as suas relações amorosas e sociais serem profundamente afectadas.
O final do filme, sem querer fazer "spoiler", é surpreendente, porque deixa a narrativa totalmente em aberto quando pensávamos que tudo estava pacificamente resolvido, mas as feridas não se apagaram com o passar do tempo (numa inteligente análise sociológica acerca dos valores que sustentam uma comunidade).
"A Caça" é, por isso, uma belíssima obra de cinema do realizador anteriormente associado ao movimento "Dogma 95" (de Lars Von Trier), numa história inquietante e tensa que agarra o espectador como se fosse um thriller de suspense psicológico (que, se calhar em rigor, é) sem cair nos habituais lugares-comuns do género.

1 comentário:

Marcelo Castro Moraes disse...

Ansioso para ver esse mas acho que não chegou ainda no RS.