"Gravidade" de Alfonso Cuarón não é, nem uma obra-prima, nem um fiasco. Sem dúvida que é um bom filme, repleto de efeitos especiais de encher o olho, formalista até à exaustão (no sentido do rigor visual), excitante a nível da concepção plástica do espaço infinito.
Os primeiros 15 minutos (sensivelmente) de plano-sequência são de uma espantosa capacidade técnica e estética. Nem é preciso ver na versão 3D para sentir o efeito de profundidade de campo que as imagens espaciais proporcionam. Não surpreende que tenha demorado quase 5 anos a conseguir o maior realismo possível.
Claro que não tem a profundidade e a densidade espiritual de "2001 - Odisseia no Espaço" de Kubrick. O filme de Cuarón tem outra ligeireza ao nível do argumento e não evita cair nalguns lugares-comuns no que diz respeito à típica história da personagem-traumatizada-que-enfrenta-adversidades-que-motivam-a-reflexão-interior-sobre-os-seus-próprios-pecados.
O papel de George Clooney é, diga-se, algo irritante e até inverosímil: nenhum astronauta sério e responsável poderia brincar e dizer piadas enquanto corria risco de vida. Já Sandra Bullock, apesar dos clichés da história, surpreende positivamente na forma dramática como encarna o seu papel.
2 comentários:
Boa resenha, vem de encontro àquilo que escrevi sobre o filme.
Abraço
Curiosamente, não achei a interpretação da Sandra Bullock nada de especial.
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