quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Um escritor tem de sofrer?


O escritor americano Paul Auster deu uma entrevista ao jornal espanhol ABC em que disse - questionado sobre que conselho daria a um jovem escritor -, "Escrever é uma maneira terrível de viver, por isso aconselho a que não escrevam".
E acrescentou: "Só os jovens que realmente sentem que têm de escrever não aceitariam o meu conselho". Paul Auster acredita que os verdadeiros escritores não se preocupam com o mundo comercial e que escrever é um exercício de total solidão egoísta, num tempo e num lugar que nem sempre são claros.
Paul Auster não é o primeiro escritor a afirmar que escrever é um acto de sofrimento (ou que proporciona sofrimento). É até uma ideia quase intrínseca a muita criação literária, desde o neo-romantismo, o existencialismo até aos nossos dias. Eu quero acreditar que a escrita, como qualquer outro acto criativo e artístico sério e profissional, implica total empenhamento intelectual, dispêndio de energias e entrega emocional incondicional.
E é certo que este empenhamento desgasta, cansa, angustia, mas também há-de ter o retorno positivo: motiva prazer, satisfação, partilha, expiação e fruição. Caso contrário, todos os artistas seriam uns pobres desgraçados deprimidos e sofredores à beira do suicídio eminente...

1 comentário:

Sofia disse...

Egoísta sou eu, porque espero que o Sr. Auster continue a sofrer durante longos anos para assim eu poder desfrutar com as obras dele ;-)