"Temos de Falar sobre o Kevin" é o título de um filme que vai estrear em Portugal no dia 5 de Abril e é já um forte candidato à lista dos melhores filmes do ano. Parte de um romance de ficção publicado em 2003 por Lionel Shriver (a edição portuguesa é da Bertrand), que trata sobre um massacre escolar fictício segundo a perspectiva da mãe do assassino, Eva Khatchadourian, que relembra o passado de seu filho, Kevin, ao mesmo tempo em que naufraga na culpa, por aquilo em que ele se tornou.
Eva deixou as suas ambições profissionais de lado para dar à luz a Kevin. A comunicação entre mãe e filho começa logo por ser muito complicada. Quando chega aos 16 anos, Kevin comete um crime irreparável sem explicação. Eva fica destroçada entre a culpabilidade e o seu sentimento materno. O romance foi adaptado para cinema pela realizadora escocesa Lynne Ramsay, autora do interessante filme "Movern Callar" de 2002.
"Temos de Falar Sobre Kevin" é um intenso e imersivo thriller psicológico (e psicanalítico) de dimensões freudianas, na medida em que analisa a relação difícil entre uma mãe e um filho e a tendência deste para a prática do mal (sem aparente motivação racional). A realizadora construiu o filme numa alternância constante entre o passado e presente (recorrendo a flashbacks), visando reconstituir a relação de Eva e seu filho Kevin, desde a gestação, assim como mostrar a realidade da mãe após a tragédia. E é também um filme pungente sobre a comunicação (e a falta dela) no seio familiar e sobre o lado tremendamente obscuro da natureza humana (neste caso, expressa numa criança).
Desde a fabulosa primeira sequência que a cor vermelha é utilizada pela realizadora como elemento carregado de uma força simbólica permanente: o vermelho da intensidade emocional e o vermelho do sangue.
A actriz Tilda Swinton é absolutamente fascinante na forma como encarna esta mãe despedaçada entre a culpa e a responsabilidade, e o jovem Ezra Miller - que interpreta o filho Kevin com 16 anos - é também espantoso e inquietante no modo como imprime um ambiente assustador e imprevisível à segunda parte do filme (o seu rosto emana uma permanente tensão). O actor John C. Reilly, no papel do pai incrédulo perante as inquietações da mãe, cumpre na perfeição.
A realizadora Lynne Ramsay conseguiu equilibrar as tensões que o filme gera, com uma magnífica fotografia e uma montagem minuciosa.
"Temos de Falar Sobre Kevin" é uma obra de cinema esplêndida, uma surpresa muito positiva no panorama actual do cinema contemporâneo e será pena que passe despercebida no meio do turbilhão de estreias semanais no nosso país.
Trailer do filme.
3 comentários:
Ainda bem que rectificou o link,
gostei muito deste texto.
Espero que se continue a dedicar às "críticas" neste blog, é sempre um prazer ler.
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