Depois de 10 Entrevistas Póstumas feita a realizadores como Kubrick, Buñuel, Tati, ou músicos como Ian Curtis ou Jimi Hendrix, volta uma nova ronda de Entrevistas Póstumas.
A primeira entrevistada: Marlene Dietrich (1901 - 1992)
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O Homem Que Sabia Demasiado - Disse numa entrevista: "Na vida real, a maioria dos actores de cinema é uma decepção. Eu, por outro lado, sou melhor na vida real do que no cinema."
Marlene Dietrich - Oh, quando disse isso estava no início da carreira, ainda não tinha alcançado a maldita fama que consegui muitos anos depois. Mas é verdade que sempre pensei isso. Os actores são uma espécie rara, com muitos tiques e presunções que não suporto. Podem acusar-me de ter também alguns tiques, mas sempre me achei uma mulher mais interessante na vida real do que no cinema.
O Homem Que Sabia Demasiado - Participou em sete filmes do realizador Josef von Sternberg, com o início mítico no filme "O Anjo Azul", que lançou a sua carreira como "sex-symbol".
Marlene Dietrich - Pois foi. Trabalhei com Sternberg de 1930 a 1935, na Alemanha. Foram anos muito duros, de total entrega e sacrifício. Poderia ter continuado a trabalhar com Sternberg, mas o Nazismo estava no poder e não me identificava com ele. Hitler ainda me convidou para protagonizar filmes de propaganda nazi, mas recusei e exilei-me nos EUA. Hitler chamou-me de "traidora", mas não me importei...
O Homem Que Sabia Demasiado - Anos depois a 2ª Guerra Mundial deflagra e dedica-se a cantar para as tropas aliadas.
Marlene Dietrich - Foi uma espécie de catarse. Senti que a minha voz e a minha presença eram fortes e ajudavam o moral dos soldados.
O Homem Que Sabia Demasiado - Mesmo com o seu visual algo andrógino.
Marlene Dietrich - Ah ah ah! Sempre gostei de cultivar essa imagem. Sabe, fui das primeiras figuras públicas femininas a usar calças de homem e a fumar em 1920! Mas os homens gostavam disso, ficavam todos caídos por mim.
O Homem Que Sabia Demasiado - A sua filha Maria Riva escreveu um livro sobre si no qual a declarava uma pessoa fria e autoritária.
Marlene Dietrich - Sempre gostei da minha filha. Apesar de alguns problemas, tínhamos uma boa relação. Mas preferia não comentar.
O Homem Que Sabia Demasiado - Um dos últimos grandes filmes em que participou foi em "Sede do Mal" (1958) de Orson Welles, em que interpreta uma cigana cartomante. Gostou desse papel e do filme?
Marlene Dietrich - Adorei trabalhar com o Orson! Nesse filme interpretava o capitão Quinlan, um polícia corrupto, gordo e sebento, que tentava seduzir-me. Ah ah ah, cada vez que me lembro do que nos divertimos a fazer esse fantástico filme. O Orson era completamente louco. Genialmente louco.
O Homem Que Sabia Demasiado - Morreu com 90 anos. É verdade que tinha medo do envelhecimento e da morte?
Marlene Dietrich - Custa-me admitir, mas é verdade. Tinha horror à velhice e guardei numa gaveta todas as fotos de quando era nova. Por isso me isolei de todos e de tudo. Fui aguentando a solidão e o sofrimento da velhice, até ao fim irremediável.
O Homem Que Sabia Demasiado - Morreu com 90 anos. É verdade que tinha medo do envelhecimento e da morte?
Marlene Dietrich - Custa-me admitir, mas é verdade. Tinha horror à velhice e guardei numa gaveta todas as fotos de quando era nova. Por isso me isolei de todos e de tudo. Fui aguentando a solidão e o sofrimento da velhice, até ao fim irremediável.
2 comentários:
Só para deixar uma "nota": faz hoje 32 anos que morreu o Ian Curtis.
Abraço :)
Obrigado pela lembrança, mas já sabia, obrigado ;)
Irei escrever sobre isso.
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