Muitos foram os realizadores que construíram uma carreira de grande reconhecimento artístico sem terem realizado um primeiro filme particularmente impressionante. Outros, pelo contrário, estrearam-se na sétima arte de forma tão fulgurante que depois nunca mais conseguiram igualar a qualidade desse primeiro filme. Mais raro e difícil ainda, são aqueles cineastas que, não só realizaram uma primeira obra deveras espantosa, como também conseguiram manter, ao longo da carreira, um percurso artístico de grande fulgor e personalidade.
Ou seja, cineastas que fizeram uma primeira longa-metragem de grande impacto (pela invocação estética, pelo argumento, pela temática, pela realização, ou tudo isto junto) que perdurou como uma marca de autor, de singularidade criativa. É sobre estes realizadores que me debruço, os que fizeram uma estreia no cinema quase apoteótica e conseguiram manter o nível. Num exercício de memória mais ou menos imediato, reuni os seguintes primeiros filmes que conjugam as características que mencionei: primeiríssima longa-metragem de inquestionável qualidade que significou uma assinatura artística e estilística para a posterior carreira do respectivo realizador. E não é difícil começar pela referência mais óbvia: "Citizen Kane". A lista não obedece a especiais critérios (nem de qualidade, nem cronológicos). Certo é que faltarão outros filmes e realizadores. Para isso fica este post aberto a contribuições e comentários dos leitores.
"Citizen Kane" (1941) - Orson Welles
"Reservoir Dogs" (1992) - Quentin TarantinoOu seja, cineastas que fizeram uma primeira longa-metragem de grande impacto (pela invocação estética, pelo argumento, pela temática, pela realização, ou tudo isto junto) que perdurou como uma marca de autor, de singularidade criativa. É sobre estes realizadores que me debruço, os que fizeram uma estreia no cinema quase apoteótica e conseguiram manter o nível. Num exercício de memória mais ou menos imediato, reuni os seguintes primeiros filmes que conjugam as características que mencionei: primeiríssima longa-metragem de inquestionável qualidade que significou uma assinatura artística e estilística para a posterior carreira do respectivo realizador. E não é difícil começar pela referência mais óbvia: "Citizen Kane". A lista não obedece a especiais critérios (nem de qualidade, nem cronológicos). Certo é que faltarão outros filmes e realizadores. Para isso fica este post aberto a contribuições e comentários dos leitores.
"Citizen Kane" (1941) - Orson Welles
"Sexo, Mentiras e Vídeo" (1989) - Steven Soderbergh
"A Infância de Ivan" (1962) - Andrei Tarkovski
"O Sangue" (1989) - Pedro Costa
"Pee-Wee's Big Adventure" (1985) - Tim Burton
"Mean Streets" (1973) - Martin Scorsese
"Há Festa na Aldeia" (1948) - Jacques Tati
"Blood Simple" (1984) - Joel and Ethan Coen
"Faca na Água" (1962) - Roman Polanski
"Un Chien Andalou" (1929) - Luís Buñuel
"A Bout de Soufle" (1959) - Jean-Luc Godard
"A Noite do Caçador" (1955) - Charles Laughton
"Pi" (1998)- Darren Aronofsky
"Os 400 Golpes" (1959) - François Truffaut
"Eraserhead" (1977) - David Lynch
"Amor Cão" (2001) - Alejandro Gonzalez Iñarritu
"Shadows" (1959) - John Cassavetes
"Europa" (1991) - Lars von Trier
"O Sétimo Continente" (1989) - Michael Haneke
"Les Dames du Bois de Boulogne" (1945) - Robert Bresson
Nota: na imagem, "Pi" de Darren Aronofsky
23 comentários:
Ora, assim de repente ocorrem-me Duel, que foi mais ou menos a estreia de Spielberg na realização e hoje é tido frequentemente como um dos seus melhores. ;as também Visconti com o magnífico Ossessione.
Abraço e, se entretanto me ocorrerem outros, não deixarei de passar por cá.
Definitivamente, são todas primeiras obras que encaixam em qualquer enciclopédia dos melhores filmes de todos os tempos.
Para além dos exemplos que referiste, e do DUEL do Spielberg, lembro-me também da obra de estreia de Bryan Singer, OS SUSPEITOS DO COSTUME, filme que atingiu uma qualidade ainda não igualada pelo cineasta.
Cumps. cinéfilos.
Também me lembrei imediatamente do Duel, que é dos meus favoritos absolutos do Spielberg. Outros que me foram vindo à cabeça:
Virgin Suicides (1999) Sofia Coppola
As Tears Go By (1988) Wong Kar Wai
Badlands (1973) Terrence Malick
Não sei se "Amor Cão" (ou o "Pee-wee") é uma grande obra, mas quase todos os outros são de facto excelentes iniciações na Sétima Arte.
Refiro ainda:
"Control" (2007) de anton Corbijn - começo com um dos maiores filmes do ano passado: um objecto de arte e um dos mais humanos filmes sobre uma (quase) estrela de rock.
"Donnie Darko" (2001) do Richard Kelly - falaram em Lynch, mas este filme ocupa um lugar muito particular na história do cinema de culto norte-americano deste novo século.
"A Greve" (1925) - primeira longa-metragem que é paradigmática do cinema de Eisenstein, com uma das cenas mais portentosas da sua filmografia: a montagem alternada entre o massacre dos operários pelas forças policiais e a matança do gado. Uma das suas obras-primas.
"Wanda" (1970) - única longa-metragem de Barbara Loden que foi muito muito mais do que apenas uma das mulheres de Elia Kazan. "Wanda" caiu no esquecimento até há pouco tempo, quando foi (re)posto nas salas em Portugal - para quando em DVD?
"They Live by Night" (1948) - um dos meus filmes favoritos de sempre é incrivelmente um primeiro filme. O nascer de um génio chamado Nicholas Ray.
"Assault on Precinct 13" (1976) de John Carpenter - não é o seu primeiro filme (esse é "Dark Star"), mas é seguramente o seu primeiro filme profissional e o verdadeiro arranque do seu universo singular.
"Badlands" (1973) de Terrence Malick - não acho que seja, longe disso, o seu melhor filme, mas é uma lindíssima história de amor (que, em momentos, até faz lembrar aquele outro grande primeiro filme, "They Live by Night").
"Kids" (1995) - filme emblemático sobre a adolescência - e a geração marcada pelo aparecimento da SIDA -que é o primeiro filme de Larry Clark, escrito por Harmony Korine e produzido por Gus Van Sant...
(Faltam imensos, mas agora não me lembro de mais...).
Caro O Homem que Sabia Demasiado,
Incrivelmente, o Keyzer Soze’s Place não tinha ainda convidado o moderador deste blogue a participar na votação dos Óscares de Marketing Cinematográfico, iniciativa que nomeará o melhor em publicidade de Cinema no ano de 2008.
Assim, a votação está aberta até 31 de Dezembro e pode ser efectuada em http://sozekeyser.blogspot.com/2008/12/scares-de-marketing-cinematogrfico.html.
Desde já, apresento o meu profundo agradecimento pela tua disponibilidade em participar nesta iniciativa.
Cumprimentos cinéfilos!
Luís fizeste aí algumas batotas! Hehe. Puseste realizadores que só têm um ou dois filmes ainda. E essa do Carpenter... não não! Maroto :)
Já agora um exemplo semelhante surgiu este ano: Hunger do Steve McQueen.
"Duel" do Spielberg, pois claro! Um dos meus filmes preferidos deste realizador. Lembrei-me da "Greve" de Einsenstein, mas não considerei porque filmou o "Glumov's Diary" em 1923...
Acho que ainda não foi referido o Little Odessa, do James Gray. Uma obra-prima e o melhor primeiro filme da década de 90.
Sim, mas penso que "A Greve" é a sua primeira longa-metragem.
Agora, sem batota de qualquer espécie, claro "Duel". Grande filme. E... "House of Games", que só não digo aqui que é o melhor filme de Mamet por duas razões: não vi "Oleanna", "Redbelt" e já vi "Homicide".
Assim de repente, lembrei-me do Spike Jonze ('Being John Malkovich') e, um pouco mais forçado, do Antonioni ('Crónica de um amor').
Ora aqui está um tema que me interessa. Os primeiros filmes de grandes cineastas.
Aqui a minha selecção para juntar aos Godard, Lynch, Truffaut, Bresson, Tarkovsky.
- Douro, faina fluvial (1931) de Manoel de Oliveira
- L'Atalante (1934) de Jean Vigo
- Days of Fight (1951) de Stanley Kubrick
- Permanent Vacation (1980) de Jim Jarmusch
- Boys Meets Girl (1984) de Leos Carax
E não poderia deixar de falar dos 4 primeiros filmes de João César Monteiro:
- Sophia de Mello Breyner Andressen (1969)
- Quem espera por sapatos de defunto morre descalço (1970)
- Fragmentos de um filme-esmola (1972)
- Que Farei eu com esta espada? (1975)
mais filmes quando me lembrar!
afe, só vi amores perros. beijos, pedrita
Uma excelente lista a que juntaria Thief (1981) de Michael Mann ou mesmo Sidney (1996) de Paul Thomas Anderson
Lembrei-me de mais estes:
“Noite e Nevoeiro” (1955) de Alain Resnais
“Accattone” (1961) – Pier Paolo Pasolini
“Take The Money and Run” (1969) – Woody Allen
Então não metes a primeira longa-metragem do Eisenstein ("A Greve") por este ter feito antes uma curta de 5 minutos (Glumov's Diary) e escolhes o "Mean Streets" do Scorsese que já tinha anteriormente realizado "Boxcar Bertha" e mais uma série de curta-metragens.
Cumps
Zé Dionísio: acabas por ter razão. E por acaso o "Boxcar Bertha" nem foi verdadeiramente o primeiro filme de Scorsese. Foi o "Who's Knocking at my Door?" de 67.
Teresa Villaverde, A Idade Maior(1990)
Paulo Rocha, Os Verdes Anos (1963)
Joaquim Leitão, Duma Vez por Todas(1986)
O que é nacional é bom..ok, nem sempre!
Mas estes vão ficar para sempre.
Já muitos foram referidos, por isso, assim de repente, lembro-me do Cube de Vicenzo Natali. Depois deste filme, sucederam-se os maravilhosos Cypher (2002) e Nothing (2003).
Aguardo-vos em:
http://additionalcamera.blogspot.com/
E o Mala Noche, do Gus Van Sant. ;)
"As virgens suicidas" da Sofia Coppola. Sem dúvida.
uma pequena contribuição :
a 1ª longa de Veit Helmer "Tuvalu" .
"Everything is illuminated" de Liev Schreiber e "The indian runner" de Sean Penn.
"Esposados" de Juan carlos Fresnadillo "Los sin nombre" de Jaume Balagueró e "Shallow grave" de Danny boyle.
Renaldo: o "Tuvalu" é um bom filme, mas e depois o resto da filmografia de Veit Helmer manteve o mesmo nível de qualidade?
- ( maldição !!! ) fui apanhado honorável Victor ... posteriormente
Helmer não mais confirmou as minhas expectativas : aliás só posso falar de gate to heaven e absurdistan ; cujo tom de "já terei visto isto ? " por vezes chega ao sofrível.Apesar de esperar algo de mesmo muito especial - Veit Helmer is out.
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