quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Tortura musical



O que têm em comum a música de Eminem, Bruce Springsteen, Meat Loaf, Rage Against the Machine, Metallica, Christina Aguilera e Britney Spears? Resposta: todas as músicas destes artistas já foram usadas para torturar pessoas. Já se falava disto há muito tempo (nem sequer é uma prática recente), pelo menos desde que existe a prisão de Guantanamo: uma das técnicas de tortura dos prisioneiros é através da música, ouvida compulsivamente e em circunstâncias adversas. Serve como forma de privação do sono e como violentação de crenças culturais, os militares americanos forçam os prisioneiros a ouvir nas sessões de interrogatório, durante mais de 24 horas seguidas (ou mais), num alto volume de som, músicas que vão do black metal a… Britney Spears, passando por artistas de hip-hop e, pasme-se, canções da série infantil “Rua Sésamo”! São estes os relatos de ex-prisioneiros e denúncias de jornalistas que investigaram o caso. Bandas como Metallica e Rage Against the Machine já se insurgiram contra o uso das suas músicas para efeitos de tortura.
De facto, uma música aparentemente inofensiva como a pop de Britney Spears ou uma canção de Bruce Springsteen pode, efectivamente, torturar psicológica e emocionalmente um prisioneiro muçulmano. Primeiro por questões culturais (um muçulmano a ouvir milhares de vezes o “Born in the USA” de Springsteen deve causar efeitos desestabilizadores), depois porque ouvir em alto volume estas músicas, ininterruptamente durante dias, pode levar qualquer resistente à loucura e à total alienação mental (vide filme “A Laranja Mecânica”). A estratégia de tortura musical não é feita de forma empírica. Obedece a preceitos científicos rigorosos. É, seguramente, supervisionada e coordenada por especialistas militares do ramo da acústica e da psicologia humana, porque são estes que conhecem os limites da resistência humana à tortura musical e sonora.
A verdade é que, quanto a mim, os militares não primam pelo bom gosto musical (se calhar é de propósito) e denotam, até, alguma ignorância da história da música. Eu que estudei acústica, sei que bastariam algumas horas a ouvir em altos berros a música industrial dos Throbbing Gristle, SPK, NON ou Whitehouse (constituída por manipulação de ruído branco e altas frequências sonoras) para enlouquecer qualquer resistente. Ou seja, a violência sonora da música destes grupos é muito superior comparativamente à de Eminem ou Christina Aguilera – e com resultados mais imediatos e dolorosos, de certeza. Mas não quero com isto que se depreenda que defendo a tortura musical. Sou um acérrimo defensor do encerramento da base cubana de Guantanamo e contra qualquer tipo de tortura que inflija danos físicos e psicológicos irreversíveis aos prisioneiros. Mas este tema deveria levar a uma séria reflexão, lá isso devia. Para mais, numa data como a de hoje, em que se comemoram os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos dos Homens.

5 comentários:

Anónimo disse...

(um muçulmano a ouvir milhares de vezes o “Born in the USA” de Springsteen deve causar efeitos desestabilizadores)

A mim, que não sou muçulmano, basta-me ouvir essa música 3 vezes seguidas para ficar com sintomas de psicose esquizofrénica.

Jorge Silva disse...

Qual o problema em ouvir Throbbing Gristle, SPK, NON ou Whitehouse em altos berros?

Eu gosto...

Espera lá....

Será por isso que eu....

oh nãoooooooooooooo

Unknown disse...

Sim, Jorge, é por isso que tu...

::Andre:: disse...

Qualquer disco de Merzbow servia para os prisioneiros se confessarem em 5 minutos :P

Anónimo disse...

Em Portugal faz-se o mesmo com a agravante de utilizarem animais à mistura.
Vide o dueto Popota-Tony Carreira :)