quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Disco do ano


Disco do ano 2007: "Foley Room" - AMON TOBIN
Para quem conhece a obra de Amon Tobin, sabe que ele é um artista raro no panorama musical da última década. Explorador incansável de novas abordagens sonoras, de novos trilhos estéticos para a música electrónica, Amon tem provado o seu impressionante talento criativo com álbuns essenciais como “Bricolage”, "Supermodified”, "Permutation” e “Chaos Theory” (banda sonora para um videojogo). A minúcia quase científica com que trabalha os elementos sonoros (que têm tanta importância como a massa sonora final), a forma cirúrgica como arquitecta o desenvolvimento de um tema e, sobretudo, a inexcedível capacidade criativa ao nível da construção rítmica e de ambiências, fazem de Amon Tobin um dos poucos visionários da música urbana do novo Milénio.

“Foley Room” foi o seu último testemunho deste esteta dos sons (lançado em Março deste ano). É o disco mais conceptual e ambicioso de Amon Tobin: parte do conceito de música concreta (gravação de sons concretos para depois os trabalhar em estúdio) para estilhaçar géneros, referências, abordagens. “Foley Room” é um quarto onde habitualmente se gravam os sons concretos e efeitos sonoros para cinema. Amon pegou nesta ideia e o resultado salta à vista (ao ouvido): aqui há ritmos feitos com rugidos de leão, de ruídos de motor e de gotas a drapejar, há ambientes cinemáticos, ruídos industriais, beats hip-hop transmutados em qualquer coisa nova, há imaginação a rodos, há Kronos Quartet em devaneios com texturas surrealistas, há melodias corais envolventes e hipnotizantes, há tensões e descontracções . Para Amon, Foley Room não é tanto uma sala técnica de investigação e pesquisa sonora. É mais um estado metafórico e mental, é o resultado criativo onde tudo – mas tudo mesmo – pode ser (re)criado, reciclado, reconstruído. É um campo tridimensional onda só há limites para a criatividade. E quando pensamos que já desconfiamos de como irá desenvolver ou terminar um tema, eis que Amon torna a baralhar os dados e nos fulmina, de novo, com a sua incrível capacidade de inovação formal, o seu apuro estilístico referente aos mais ínfimos pormenores. Por isso este é um disco inesgotável, de uma beleza irredutível, de uma pujança estética inaudita, que seduz, que vicia como uma droga, e provoca pele de galinha a cada nova e renovada audição.

Este é o meu disco de 2007, a seguir vêm todos os outros .

1 comentário:

Anónimo disse...

De facto não conhecia este músico, mas pelo que começo agora a conhecer parece-me de facto assombroso! Thanks!