Os EUA estão a viver um período complexo no que concerne à educação e ao paradigma de valores a incutir nas novas gerações. Por incrível que pareça, em pleno Século XXI, há muitos milhões de americanos que acreditam na corrente Criacionista da vida, isto é, uma corrente que interpreta à letra os postulados da Bíblia. Significa isto que os defensores do Criacionismo defendem a ideia de que o homem descende de Adão e Eva, que conviveu com os dinossauros e que o Dilúvio existiu mesmo, entre outros delírios romanceados como estes. Na prática, refutam todas as evoluções científicas e teóricas conseguidas pelo homem durante o século XIX e XX, como a teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin e todas as conquistas técnicas e tecnológicas. Em contraposição, o Evolucionismo é uma teoria científica fundamentada em achados fósseis concretos ou em experiências bio-genéticas realizadas, enquanto que o Criacionismo é abstracto, indemonstrável e desprovido de bases científicas. E o que tem este livro, “O Fim da Fé”, a ver com tudo isto? Tem a ver porque ataca toda a religião conotada com o Criacionismo, todo o tipo de manifestação religiosa, como causas dos males do mundo.
Na verdade, Sam Harris escreveu um dos mais violentos ataques contra os paradigmas religiosos, sejam de tendências extremistas ou moderadas. Defende que a razão e a ciência são as únicas estruturas basilares que sustentam a evolução da humanidade e que o terrorismo e se baseia na má interpretação da fé. “O Fim da Fé” (lançado pela Tinta da China), reclama o direito do homem a ser um pensador livre, sem amarras de dogmas infundados definidos em escrituras milenares e aponta a fé como a mais infame e fantasiosa forma de entender a vida humana. Na linha de outros cientistas ateus como Richard Dawkins (que editou recentemente o livro “A Desilusão de Deus”, Casa das Letras), Sam Harris é um intelectual que ousa derrubar tabus numa sociedade que parece cada vez mais prisioneira de dogmas, fundamentalismos e efabulações pseudo-religiosas.
www.samharris.org
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