Que me perdoem os leitores brasileiros deste blog, mas eu não irei, tão cedo, adoptar as regras do novo Acordo Ortográfico. Nunca concordei com os seus pressupostos e com a sua premissa de base. A língua portuguesa, escrita e falada, durante séculos em Portugal, é agora completamente desbaratada com esta clara cedência à forma de escrever do Brasil.
À custa da suposta uniformização da língua, iremos demorar muitos anos até que as novas regras estejam solidamente consolidadas e apreendidas nas nossas escolas, nos meios de comunicação, no exercício da escrita mais banal, no dia-a-dia. Por agora só gera confusão e mal-entendidos, como retirar a consoante muda "c" na palavra "espectadores" (que se transforma em "espetadores", entre outros exemplos).
Por isso, manifesto o interesse em continuar a utilizar a "velha" orotografia, neste blog e nos meus escritos pessoais/profissionais, até que se torne absolutamente obrigatório escrever à luz do novo Acordo Ortográfico (previsivelmente, em 2014).
13 comentários:
Já somos dois!
"Obrigatório" em 2014? Para quem? Só se fôr para os coitados dos alunos.
Nisto discordo totalmente ctg. Sou português e sou a favor do acordo ortográfico. Passo a explicar:
Tanto nós como os brasileiros temos várias mudanças da forma de escrever, é mentira que sejamos só nós que temos de mudar, eles tb terão de mudar muitas palavras.
Este não é o primeiro acordo ortográfico na língua portuguesa e certamente haverá mais, por uma razão simples a língua portuguesa está viva e em constante mudança.
Entendo e respeito a tua posição e há palavras que não concordo, mas para que a língua portuguesa seja forte há que haver uma uniformidade.
Eu já a adotei no meu blog.
Um abraço
Para mim não adopto, no trabalho estou a adoptar quando me lembro, no blog vou fazer referendo para ver se adopto ou não (e serei muito parcial quanto a alguma palavras).
Da mesma forma que escrevo em línguas estrangeiras, também posso escrever em dois portugueses.
Para mim não adopto, no trabalho estou a adoptar quando me lembro, no blog vou fazer referendo para ver se adopto ou não (e serei muito parcial quanto a alguma palavras).
Da mesma forma que escrevo em línguas estrangeiras, também posso escrever em dois portugueses.
Concordo contigo Victor.
Abraço
A verdade é que são apenas os portugueses (não todos, felizmente) que, com a mania de tudo uniformizarem, valorizam o chamado "acordo ortográfico", no âmbito do qual a esmagadora maioria das palavras é abrasileirada (e não o contrário). Aliás, todos os brasileiros com quem tenho conversado sobre o tema estão-se perfeitamente nas tintas para o mesmo, enaltecendo, em contrapartida, a rica variedade das expressões luso-brasileiras.
Apetece citar aquela feliz expressão do Spencer Tracy a dirigir-se ao sexo oposto: "Vive la petite différence!"
Gonga: respeito a tua opinião.
Rato: a frase do Spencer Tracy aplica-se bem ao contexto.
Apoiado.
A riqueza da nossa língua é o nosso grande tesouro. Basta de negociatas para falarmos e escrevermos brasileiro.
Olá Vitor,
Também discordo do acordo, mas discordo das razões que apontas. Não me parece relevante que a história de uma língua seja um bom argumento para se manter algo. Se assim fosse teríamos de manter muitas estupidezes culturais só porque são históricas. O argumento do património não me parece ser razoável.O argumento de uma língua ter de evoluir parece-me natural, mas o que acontece com o acordo não se trata de evolução. trata-se de legislar em Parlamento sobre uma língua, o que é inédito. O pressuposto do acordo, contudo, nem é histórico nem evolutivo. O pressuposto - daí o nome "acordo" - é que desse modo se une as ortografias e as línguas se tornam muito mais legíveis. E aqui é que podemos objectar com força o argumento. Ora, em 1º lugar, o acordo não unifica coisa alguma e isto porque durante gerações - como dizes - vão subsistir duas ortografias dentro da mesma cultura linguística, o que é um disparate ainda maior do que duas ortografias para duas culturas linguísticas. Toda a tua biblioteca será algo estranha para as tuas filhas, por exemplo. Não se renova todo um património nem numa nem em duas gerações. repara: à custa de tanto acordo dentro de Portugal, já somos incapazes de ler Eça tal qual ele escreveu e temos de o andar a traduzir. É a isto que chamam acordo? Depois ainda porque fazer um acordo é pressupor que mudando a ortografia se muda toda a semântica, o que é estúpido. Palavras iguais vão continuar a ter significados diferentes em Portugal, Brasil, Angola, etc.. Depois ainda há que ver que a língua culta da nossa era subsiste com duas ortografias e sem que exista qualquer necessidade de acordos farçolas, como os casos do inglês que é diferente em inglaterra e nos eua. A ideia di acordo só existe porque meia dúzia de académicos arrogantes acham que deve ser feita tal mudança e o povo cai que nem bimbo nessas tolices, incluindo os professores de português. Diz-me lá se os espanhois algum dia precisaram de acordos entre espanha, argentina, etc???? Depois, finalmente, porque o que faz evoluir uma língua não são acordos imbecis legislados por políticos, mas o próprio uso da língua e os estudos académicos que se vão fazendo em áreas como a linguística. Pegar numa língua e decidi-la em parlamento é tão ignorante como pegar na ciência e decidir o que ela deve ser pelos políticos. faz isto algum sentido??'
Mui concordo com vossa opinião. Eu cá estou tentando escrebir com o acordo de há trez acordos orthographicos atraz! Como grão portuguez que sou não posso descurar a practica adoptada por nostra lengua em tantos séculos! Adeos, que tenho de ir à pharmacia, que minha Ophelia está empherma!
Luiz Manoel Ayres de Vasconcellos
Rolando: eu percebo os argumentos que apontas e acabo por concordar com eles.
Luiz Vasconcellos: as melhoras para a sua Ophelia! :)
Vou ser muito honesto e não me leves a mal, mas tinha-te em melhor conta.
A história dos brasileiros é ridícula, fazem deles monstros das bolachas, ou das línguas. Existem várias razões para discordar do acordo (e outras para concordar), mas a dos brasileiros é muito má mesma, parece discurso de coitadinho.
A língua evolui, também houve quem não quisesse deixar de ir à pharmácia, e hoje estão às moscas.
Um pouco mais de lenha.
"... o castelhano, que apresenta diferenças, quer na pronúncia quer no vocabulário entre a Espanha e a América Hispânica, mas está sujeito a uma só forma de escrita, regulada pela Associação de Academias da Língua Espanhola..."
http://pt.wikipedia.org/wiki/Associa%C3%A7%C3%A3o_de_Academias_da_L%C3%ADngua_Espanhola
Lingua Basca
"O basco unificado (em basco euskara batua) é o suporte normativo (ou registo) do basco escrito...
http://pt.wikipedia.org/wiki/Basco_unificado
"Há quem questione a uniformização da escrita, invocando as diferenças vocabulares e de pronúncia entre Portugal e o Brasil. Ora, escrever do mesmo modo não significa falar do mesmo modo, como provam, designadamente, os alentejanos e os micaelenses." Edite Estrela
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