quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A lição de vida de "Toy Story 3"


"Toy Story 3" confirma as altíssimas expectativas criadas. A Pixar elevou o padrão de qualidade que já tinha revelado nos dois anteriores filmes desta sublime trilogia. A nova - e derradeira - aventura de Woody, Buzz Lightyear e restante grupo de amigos, mostra porque é que a Pixar demora tantos anos a realizar um novo filme de animação. Animação que é divertimento e entretenimento (para crianças e adultos), mas também expressão inequívoca de cinema entendido como arte.
Isto porque "Toy Story 3" contém sólidos argumentos para competir com os melhores filmes de acção real da actualidade. Há mais cinema nalgumas sequências desta película de animação do que em muitos filmes de Hollywood.
É fabulosa a forma como "Toy Story 3" explora vários géneros cinematográficos: o western (com o vertiginoso início, que relembra os westerns de John Ford filmados em Monument Valley); o drama (quando os Woody e Buzz se interrogam sobre o futuro incerto); a comédia (os numerosos gags no infantário, a relação Barbie-Ken); o thriller (a luta do bem contra o mal); e a acção (a sequência da fuga do infantário e da central de processamento de lixo num ritmo imparável com muita emoção à mistura - como no momento em que os brinquedos caminham, sem salvação à vista, para o fogo da incineradora do lixo).
Apesar de não ser propriamente inovador, o argumento está bem construído. A animação é simplesmente perfeita, e o 3D, subtil mas eficaz, aumenta a qualidade visual e plástica do filme. A banda sonora, do habitual Randy Newman é magnífica, revelando um sábio e experiente equilíbrio entre o drama, a comédia e o suspense.
No meio de tanta diversão e deslumbramento visual, o filme da Pixar revela a inevitável mensagem. Esta surge no comovente e inesquecível final, à altura dos grandes finais dramáticos da história do cinema – uma genuína e verdadeira lição de vida, generosidade, amizade, união, companheirismo, honestidade e inocência. Valores que são quase tratados como mesquinhos e fúteis no cinema contemporâneo de acção real. "Toy Story" pode ser um filme sobre brinquedos, mas a metáfora sobre o mundo dos humanos é sempre presente.
A trilogia "Toy Story" é mesmo isto: três belos filmes concebidos num período de 15 anos numa maravilhosa viagem pela imaginação, aventura, divertimento, infância e o mundo adulto.
"Para o infinito e mais além!"

4 comentários:

Ana Paula Sena disse...

Acho que vou ver :) Gosto muito de animação.

Obrigada pela sugestão.

analima disse...

À excepção do 3D, que não me pareceu que acrescentasse nada de novo, concordo com tudo o que está aqui escrito.
Eu já vi mas se não tivesse visto ficaria certamente com muita vontade de o fazer. :)

Flávio Gonçalves disse...

Subscrevo, analima.

Rui Gonçalves disse...

Belo texto sobre um filme magnífico...