terça-feira, 26 de julho de 2011

A poesia de Jean Vigo


Jean Vigo, que morreu com apenas 29 anos, fez parte da primeira vaga da vanguarda francesa do cinema, com Jean Cocteau, René Clair e Luís Buñuel (apesar de este ser espanhol, foi em França que começou a carreira de realizador). E é para mim um dos mais espantosos realizadores franceses de sempre, apesar da sua curta vida e carreira.

O pai de Jean Vigo era anarquista e esta ideologia influenciou determinantemente a sua visão artística, resultando num cinema libertário, de recusa de regras académicas, fazendo um cruzamento de linguagens entre o realismo de um Jean Renoir, a poesia de um Baudelaire e o surrealismo de um Buñuel. A sua escassa filmografia é de uma riqueza singular: o documentário “A propósito de Nice” (1929) que tanto influenciou Manoel de Oliveira na sua obra “Douro, Faina Fluvial”; o documentário “Taris” sobre um nadador famoso (1931); “Zero em Conduta” (1933), obra fundamental que reflecte sobre o autoritarismo da escola; e o maravilhoso “Atalante” (1934), última obra de Vigo.

Não admira que, com esta escassa mas riquíssima filmografia, Jean Vigo se tornasse num cineasta tão amado pelos realizadores da "Nova Vaga" da década de 60. Uma curiosidade: todos os filmes de Jean Vigo tiveram como operador de câmara Boris Kaufman, irmão do fundamental cineasta russo Dziga Vertov. E desde 1951 foi instituído o “Prémio Jean Vigo” para o melhor realizador francês, atribuído anualmente.
Eis o belíssimo documentário mudo "A Propos de Nice" (1939), com música de Mark Perrone:

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