sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Cinemateca desproporcional


A Cinemateca Portuguesa é uma das instituições nacionais mais importantes na divulgação, preservação e promoção do cinema em Portugal. Sem a sua existência e o serviço público que presta, a cultura cinematográfica em Portugal não teria sido a mesma nas últimas décadas. Como vivo longe de Lisboa, um amigo cinéfilo da capital deu-me o jornal com a programação da Cinemateca. Programação, diga-se, de altíssimo nível e qualidade (como é habitual), com destaque para a restrospectiva integral do realizador Nicholas Ray.

Ora, não só fiquei impressionado com a qualidade dos filmes propostos, como também fiquei atónito com a respectiva... quantidade. Isto porque me dei ao trabalho de contar o número de sessões de cinema só durante este mês de Dezembro e o número total é: 108. Cento e oito filmes entre 2 e 30 de Dezembro! Por vezes com 6 exibições num só dia! Pergunto: por mais interessantes que sejam os ciclos e os filmes (que são), acho que é desproporcional - e até contraproducente - esta quantidade enorme de filmes num só mês, mesmo tratando-se de Lisboa, a capital do país. Afinal de contas, qual é o cinéfilo que consegue acompanhar, no mínimo que seja, um terço dos filmes programados? Só quem não tenha vida própria e consiga (por absurdo) comer e dormir na Cinemateca...

7 comentários:

Anónimo disse...

É caso para dizer: Lisboa com tanto e o resto do país com tão pouco! E vivo no Porto - onde ainda há uma sala de cinema onde não se comem pipocas...
Também fiquei impressionada com a programação da Cinemateca e só lamento não poder ir mais vezes a Lisboa. Até numa tarde qualquer de uma semana anódina a Cinemateca oferece algo - pode ser um encontro com um bom realizador, como já me aconteceu.
Parabéns atrasados pelo aniversário do seu blogue e por ter continuado. Como ficou provado pelos recentes posts, há sempre algo a descobrir. O "homem que sabia demasiado" sabe imenso (é mesmo impressionante o que aqui leio/vejo/ouço: aprendo), mas nem ele sabe tudo. Ninguém sabe - e ainda bem.

Anónimo disse...

É caso para dizer: Lisboa com tanto e o resto do país com tão pouco! E vivo no Porto - onde ainda há uma sala de cinema onde não se comem pipocas...
Também fiquei impressionada com a programação da Cinemateca e só lamento não poder ir mais vezes a Lisboa. Até numa tarde qualquer de uma semana anódina a Cinemateca oferece algo - pode ser um encontro com um bom realizador, como já me aconteceu.
Parabéns atrasados pelo aniversário do seu blogue e por ter continuado. Como ficou provado pelos recentes posts, há sempre algo a descobrir. O "homem que sabia demasiado" sabe imenso (é mesmo impressionante o que aqui leio/vejo/ouço: aprendo), mas nem ele sabe tudo. Ninguém sabe - e ainda bem.

Anónimo disse...

Bem... ainda hoje lá estive. Só para dar uma achega: há um grupo de, vá lá, dez fiéis que veêm as sessões quase todas. Sim, vivem lá.

Agora por exemplo às dez cheira-me, pelo que vi, que a sessão não deve ter tido mais de 5 ou 6 bilhetes vendidos...

Unknown disse...

Então e a prometida criação de uma cinemateca no Porto? Obrigado ao primeiro comentário anónimo pelos parabéns ao blog.

Ao segundo anonimo: obrigado por essa informação "de dentro". Na realidade, era mesmo o que eu temia: perante tanta oferta, muito dificilmente haverá sempre público.

Carlos Figueiredo disse...

Vivo em Almada, mas infelizmente não consigo ir muitas vezes à Cinemateca. As sessões da tarde são para esquecer, já que trabalho a essa hora. As da noite terminam já tarde e, tendo de ir para a margem sul do Tejo, torna-se difícil. Resta-me os Sábados. Deviam fazer mais sessões aos Sábados e Domingos, mesmo que encerrassem durante a semana, de forma a permitir que mais pessoas pudessem ter acesso ao grande cinema que por ali passa.

Gonçalo Mira disse...

Eu fui frequentador assíduo em vários períodos e aquilo que tenho a dizer é que, das poucas vezes que fui a outros cinemas, tirando as grandes estreias mediáticas, há sempre mais espectadores na Cinemateca. Há muitas vezes sessões esgotadas (com realizadores mais emblemáticos, é certo). Nesse sentido, eu acho que eles programam tantos filmes porque têm público. Ao contrário de muitos outros projectos culturais louváveis que continuam a batalhar contra a falta de interesse das pessoas, a Cinemateca não me parece sofrer desse mal. Nesse sentido, não me espanta a quantidade de filmes mensais. Ainda assim, concordo que se devia reduzir o número de filmes e aumentar o número de vezes que passa cada um no mês. Isto é, há filmes com apenas uma sessão, que seriam vistos por muito mais pessoas se tivessem três, em dias e horas diferentes.

Anónimo disse...

Ainda bem que há tantas sessões e uma diversidade que mantém um nível de qualidade extraordinário; é, sem dúvida, dos pouquíssimos lugares em Portugal onde é possível ver cinema. Ah, e ainda bem que não há público. Como disse certa vez o senhor Oliveira: "públicos são os urinóis".