É o grande fenómeno do momento no mundo do cinema: o filme "The Artist" do realizador francês Michel Hazanavicius. A estreia deste filme aconteceu no último Festival de Cannes, competindo à Palma de Ouro (perdeu para "The Tree of Life") e o actor principal, Jean Dujardin, ganhou mesmo o Prémio de Melhor Actor. Recentemente foi nomeado para seis prémios Globos de Ouro e já se fala, insistentemente, nas nomeações para os almejados Óscares. A sensação à volta de "The Artist" é que se trata de um filme... mudo. Toda a sua estética visual remete para os filmes mudos dos gloriosos anos 1920. O realizador demorou 10 anos a convencer os produtores a investir neste projecto. E o resultado está à vista. A crítica e o público (já estreou comercialmente no final de Novembro nos EUA) têm sido quase unânimes nos elogios a este filme que foi pensado como se fosse realizado, de facto, entre 1927 e 1933 (época em que o sonoro veio substituir o mudo e que serve de pano de fundo para a história de "The Artist").
Michel Hazanavicius não é o primeiro realizador a explorar a estética do cinema mudo. O canadiano Guy Maddin (escrevi sobe ele aqui) já o fizera com brilhantes resultados formais. A inovação que "The Artist" acarreta é que não se limita a ser um mero exercício de estilo saudosista a preto e branco. Os valores de produção, as interpretações marcantes, a realização, a fotografia, a banda sonora e a história de amor (também amor ao cinema) são, tudo o indica, razões para considerar "The Artist" como uma obra absolutamente singular dos tempos modernos.
Além do mais, este filme de Hazanavicius tem outro mérito: o de chamar a atenção - sobretudo para as novas gerações de cinéfilos - para a história do cinema mudo. Vendo "The Artist", os jovens espectadores que desconhecem o período mudo, poderão ficar sensibilizados e motivados a descobrir e ver os grandes mestres desta época da história do cinema: Fritz Lang, Charlie Chaplin, Buster Keaton, Eisenstein, Murnau, etc.
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