Os meus pais eram emigrantes em França e vivi até aos sete anos de idade em pleno centro de Paris, na Rue Marbeuf, nº14, uma transversal da célebre Avenida dos Campos Elísios. Foi lá, em França, quando era um miúdo, que o meu gosto pelo cinema emergiu. A minha irmã, oito anos mais velha, lembra-se de vermos juntos na televisão o clássico “King Kong” (1933). Teria cerca de cinco anos e ela diz que eu parecia hipnotizado em frente do televisor, os meus olhos brilhavam de fascínio e tocava com o dedo no ecrã para tentar “mexer” no gorila gigante.
Lembro-me também de ver clássicos da Disney, como “Fantasia” e “Peter Pan” em sessões de fim-de-semana. Aquele imaginário visual ficou incrustado em mim. Mais: a escola primária onde estudava ficava mesmo ao lado dos escritórios da produtora “Les Films du Carrosse” do realizador François Truffaut. Uma tia minha trabalhava nesses escritórios e eu cheguei a frequentá-los quando saía da escola. Uma vez mais, a minha irmã, recorda-se de me ver a olhar, fascinado, para os grandes cartazes de cinema expostos nas paredes. Creio que nunca me cruzei com Truffaut, mas mesmo que o não tenha feito, a esta distância, sinto-me feliz por ter tido a oportunidade, em criança, de ter entrado no universo do cineasta de “Os 400 Golpes”.
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