Um dos grandes contributos para o impacto que "Melancolia" exerce no espectador é a música do compositor Richard Wagner.
Ao longo de todo o filme de Lars Von Trier, a sublime música de Wagner (retirada da obra "Tristão e Isolda") ecoa repetidamente em diversas sequências, acentuando o drama, a inquietação, a deriva emocional dos personagens, até ao devastador final. A música wagneriana possui essa rara qualidade de trazer à superfície as emoções que se escondem na profundidade da alma humana. O realizador dinamarquês soube utilizar o magnífico desígnio que a música de Wagner comporta, e anexá-la às belíssimas imagens de sensibilidade (quase) zen do filme.
"Melancolia" é um filme absolutamente nihilista, sem redenção, acerca do falhanço das relações humanas e da (im)possibilidade do amor e da esperança.
E a música de Wagner, grandiosa e esbelta, enfatiza estas premissas à saciedade. E fico com a sensação de que nunca mais voltarei a ouvir "Tristão e Isolda" sem recordar as expressivas imagens do filme de Lars Von Trier.
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