quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Um filme de terror (cheio de clichés)


O que seria do cinema sem clichés?
Os argumentistas dos filmes - sobretudo os filmes de Hollywood - devem andar sempre atrás com um manual de bons clichés para incluir numa parte do argumento para a qual não haja uma solução particularmente inspirada.
Por exemplo, imaginemos que eu queria escrever um argumento para um filme de terror seguindo determinados lugares-comuns do género. Bastaria consultar o manual dos clichés deste tipo de filmes. E ficaria algo como isto:

Uma família muda de cidade por causa de um determinado episódio traumático no seio dessa família (traição de um dos conjugues, morte de um ente querido, divórcio…). A família compra uma velha mansão barata nos subúrbios que tem de restaurar. Sobre essa mansão existem rumores de que houve, décadas passadas, mortes e/ou suicídios e que está assombrada. Alguém avisa a família deste facto, mas não liga. Consta-se que almas penadas vagueiam pela casa assombrando os novos inquilinos através de ruídos, movimento de móveis ou outros fenómenos aparentemente paranormais e ameaçadores. A família tem um filho pequeno que pode servir de intermediário do ambiente de tensão sentido. Os pais, inicialmente, incrédulos com os acontecimentos, recorrem às autoridades que não resolvem a inquietação geral sentida naquela casa.
A mulher, ainda nova e esbelta, levanta-se a meio da noite, vestida com uma camisa de dormir semi-transparente, porque ouviu um ruído estranho. Uma sombra ameaçadora esconde-se por detrás dela sem notar. Volta para a cama desconfiada... Umas noites depois, é o filho de 6 anos que se levanta e vai ter à cama dos pais porque teve pesadelos. Até que uma noite especialmente tormentosa (uma tempestade de chuva e trovoada) se abate sobre a casa e o ambiente de medo e terror se torna insustentável. Alguma força medonha desconhecida ameaça de morte aquela inocente família. Essa força (pode ter várias formas físicas, mais ou menos terroríficas) ataca o pai de família e esventra-o. Uma poça de sangue fica no meio do chão.
A mãe e o filho, perante o horror, fogem para o sótão. Mas mal imaginam que esse local, aparentemente seguro, é o ninho do terror da mansão...
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O esboço do argumento está escrito, previsível e banal, mas há muitos filmes de terror que seguem, grosso modo, estas premissas.
E já que falamos de clichés, eis uma lista interessante de 50 clichés do cinema.

2 comentários:

João Ruivo disse...

Essa descrição é praticamente o argumento de American Horror Story, uma série nova, quase toda ela cliché mas que me dá um gozo tremendo ver.

Anónimo disse...

O Shining parece esse filme...e é um grande filme...