O que diferencia estes dois cartazes de cinema? Para além do óbvio grafismo ser diferente, pouco. O primeiro cartaz refere-se ao filme "Funny Games" (1997) do austríaco Michael Haneke. O segundo cartaz é o remake do primeiro realizado por... Michael Haneke. Confuso? Não admira. O primeiro filme foi rodado com elenco austríaco e constituiu a rampa de lançamento para a brilhante carreira de Haneke na Europa. O segundo é um remake, idêntico plano a plano, do original, mas com actores americanos (com as estrelas Naomi Watts e Tim Roth) e vocacionado para o mercado americano. "Funny Games" é um filme controverso e violento, uma espécie de súmula de "Laranja Mecânica" (Kubrick) e "Cães de Palha" (Peckinpah). Haneke força o espectador a uma reflexão incómoda sobre o papel da violência na sociedade moderna, numa simples história que se conta numa frase: dois psicopatas invadem a casa de uma família em férias, sequestrando-os e forçando-os a participar em sádicos jogos de tortura (física e psicológica) e de morte. Mas é um trabalho que não faz a apologia da violência gratuita, é antes um perturbante estudo psicológico sobre a violência mediatizada (os assassinos usam o vídeo para gravar os actos) e a agressividade extrema sem justificação ou motivação aparentes.
Ora, Michael Haneke fez um remake do seu próprio filme para estrear nos EUA em Março próximo. A pergunta que se impõe é: porquê? Para quê? O filme original é suficientemente bom, é redundante fazer um remake só porque tem actores comerciais. Por questões económicas? Não se percebe. Faz lembrar o inútil remake de "Psycho" de Hitchcock feito por Gus Van Sant em 1998. Esperemos para ver esta versão de Haneke para avaliar se a empreitada valeu a pena. Ah, pelos vistos, esta versão de 2008 tem... três planos adicionais em relação ao filme orignal. Assim já deve valer a pena ver o remake.
3 comentários:
O Funny Games é um dos filmes mais geniais que já vi e acho uma pategada esta moda dos remakes americanizados. E já que falamos em remakes ou versões "para americano ver", vi há uns tempos uns episódios da série "The Office". Uma tolice. Não tem metade do charme. Eu até acho piada ao Steve Carell, mas o Ricky Gervais é a alma da coisa, insubstituível. O grande chefe.
Muito bom o comentário do Currais. Concordo plenamente.
Quanto ao "Funny Games" o motivo para o remake são dois. O primeiro é um fato: americano não lê legendas. Cresceram "sabendo" que até em Marte se fala Inglês... logo não engolem um filme que não se passe dentro do umbigo. Compreensível.
O segundo motivo é apenas minha opinião. O Haneke é foda! Mas é claro que o cara precisa de dinheiro... e Funny Games ía ser refilmado com certeza. Como todo pai extremoso (e artista FODA) ele não quis deixar a cria solta... se vão cagar a coisa ao menos que seja debaixo da minha mão.
A atitude dele é até boa. Os atores que escolheu são excelentes. Imagina se deixassem o filme solto? Imaginem a Jessica Alba protagonizando Funny Games?
Logo, na minha opinião, o remake do Funny Games, sendo inevitável, ficou o melhor que poderia ser.
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