Já aqui tinha falado do que pode ser uma boa ideia em publicidade sem gastar dinheiro nem recorrer a grandes meios de produção. Não tenho nada contra a marca Optimus. Acontece que o último spot publicitário desta operadora de telecomunicações móveis (“de que é que precisas?”) me causa urticária. Não é só pelo facto de invadir massivamente o espectro visual do espectador em todo o lado: é na publicidade televisiva, que passa duas e três vezes no meio do noticiário; é nos banners de sites e jornais online; é na imprensa com páginas inteiras com aquelas bolas gelatinosas cor de laranja. Este é um claro exemplo de como os criativos publicitários se deslumbram com os meios financeiros ao dispor, explorando os efeitos especiais até á exaustão para esconder a ausência de ideias realmente criativas e fortes. Repare-se: o spot é todo ele convencional e previsível e já explorado até ao tutano noutras ocasiões e por outras marcas: caras jovens e bonitas em pretensa felicidade eterna (é saturante que a publicidade só use modelos profissionais e não “gente vulgar”), uma banda a tocar num concerto e o público aos saltos em delírio, e o recurso visual daquela espécie de gelatina bamboleante cor de laranja a passar de mão em mão. Por fim, a música. Uma canção pop alegrezinha para bater o pé de uns tais Shout Out Louds – imitação barata e descarada do tema “Friday I’m in Love” dos The Cure. É tudo irritante, redundante, falsamente grandiloquente, embrulhado em estética videoclip mais do que ultrapassada e previsível. Grandes meios de produção, muito dinheiro, mas conteúdo zero.
4 comentários:
Subscrevo em pleno. Para mim, a publicidade portuguesa sofre de uma crise de criatividade já há muitos anos, mas que pelos vistos em nada afecta o ego dos directores criativos, directores de arte e redactores, que, na generalidade, acreditam piamente fazer parte de uma elite de iluminados capaz de debitar ideias brilhantes a rodos, para pasmo e deleite do consumidor. Neste caso, é simplesmente algo que vale pelo efeito visual, e ainda assim com uma produção apenas razoável. Mais: os responsáveis por uma marca desta dimensão deveriam ter pelo menos o cuidado de se informarem sobre até que ponto o conceito já foi explorado. Aqui, foi tiro "na mouche", porque bastaram dois dias de campanha para alguém se interrogar "epá, onde é que eu já vi isto?": a Nokia, na sua iniciativa Nokia Trends Lab, que promove a mobilidade associada à criação artística, utiliza exactamente a mesma ideia.
http://www.nokiatrendslab.com/home.php
http://www.12snap.de/uploads/images/nokia_trends_lab_start.jpg
http://www.meiosepublicidade.pt/2008/01/14/nova-imagem-da-optimus-questionada/
Bons links.
VA
Excelente crítica... ;)
concordo em pleno
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