quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Vender música para publicidade


Será apenas a compensação fincanceira que leva músicos a ceder as suas composições a campanhas publicitárias na televisão? É a única razão que me parece plausível, uma vez que não julgo que acreditem que a publicidade a um banco ou a um detergente contribua para que a música seja mais conhecida. Pelo contrário: pode ser contraproducente. Apesar de ser uma opção consciente e legítima, um músico vender as suas obras para publicidade acaba sempre por ter efeitos perniciosos, mais cedo ou mais tarde. Com a política tão agressiva e massiva que os publicitários imprimem aos spots, a música que lhes está associada acaba por ter efeitos nefastos para o músico. Foi o que aconteceu com Pedro Abrunhosa e Sara Tavares, cujas músicas para uma instituição bancária se tornaram insuportáveis de ouvir de tanto passarem insistentemente na televisão. E é o que está a acontecer neste momento com uma das canções mais conhecidas de David Fonseca (para outro Banco, está claro). Aquela melodia assobiada já não se aguenta. À hora de almoço, no intervalo publicitário do noticiário a SIC transmitiu 4 vezes esse anúncio com o irritante assobio do ex- Silence 4. Quantro vezes no espaço de 10 minutos. É dose cavalar a mais para bagagem média do espectador (a exposição mediática excessiva acaba por matar a integridade do artista). E tirando a carteira do músico, o resto é alvo de um grande desgaste: a imagem pública do cantor e a sua música. Mas há artistas e artistas: por mais que o tentem com cachets milionários, Tom Waits não cede as suas músicas para publicidade. Aconteceu uma vez que uma marca de automóveis usou, sem autorização, uma composição de Waits. Não tardou a que o cantor ganhasse em tribunal uma indemnização pela infame ousadia.

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