Repare-se na candura trágica desta imagem: Wolfgang Amadeus Mozart, um dos maiores génios musicais de sempre, no leito de morte, sofredor a compor as últimas notas do "Requiem", é amparado e ajudado pela sua fiel esposa, Konstanze. Nesses últimos e penosos dias, o compositor austríaco vivia debilitado pela doença e pela urgência em cumprir o prazo para terminar a sua última obra. Fora encomendada por um homem encapuzado (recusou identificar-se) que lhe batera à porta dois meses antes. Este homem desconhecido (soube-se mais tarde tratar-se do Conde Walsseg) encomendara a Mozart uma composição muito especial, um Requiem em Ré Menor, alegadamente para a sua esposa que falecera. Mozart, apesar de fragilizado e de estar ocupado com outra encomenda, resolveu aceitar por questões económicas.
Mozart vivia obcecado pela ideia da morte desde o falecimento do seu pai, Leopold. Era também sensível ao sobrenatural e, impressionado pela figura medonha do homem que lhe mandara compor a missa fúnebre, o compositor acabou por acreditar que o Requiem que iria escrever seria para o seu próprio funeral.
Mozart vivia obcecado pela ideia da morte desde o falecimento do seu pai, Leopold. Era também sensível ao sobrenatural e, impressionado pela figura medonha do homem que lhe mandara compor a missa fúnebre, o compositor acabou por acreditar que o Requiem que iria escrever seria para o seu próprio funeral.
O destino pregara uma terrível partida a Mozart: compor uma missa fúnebre para si próprio, com a jovial idade de 35 anos. Requiem é um termo retirado da expressão requiem aeternam dona eis, que significa “dai-lhes o repouso eterno”, e Mozart inspirou-se na obra homónima de Joseph Haydn para levar a cabo a sua imensa obra criativa. E que obra! Apesar do compositor de Viena ter morrido antes de ter terminado o Requiem (foi enterrado anonimamente numa vala comum em Viena!), a viúva Konstanze, por razões económicas, entregou a tarefa da conclusão da obra ao melhor aluno de Mozart, Süssmayer, que declarou posteriormente ser responsável pelo “Santus”, “Benedictus” e o “Agnus Dei”. Há imprecisões históricas sobre qual a verdadeira dimensão da responsabilidade de Süssmayer na conclusão do Requiem, mas é um facto que foi este aluno de Mozart (e não Salieri) a terminar a composição do Requiem segundo as indicações deixadas pelo próprio punho do mestre austríaco.
O magnífico filme “Amadeus” de Milos Forman (1984), vencedor de 8 Óscares, é um excelente retrato da vida e obra de Mozart, ainda que com incorrecções históricas (como a alegada competição entre o compositor Salieri e Mozart). Tom Hulce, notável actor que interpreta Amadeus Mozart, é impetuoso, convincente e estarrecedor, sobretudo nos momentos finais do filme nos quais, precisamente, doente e febril, compõe no limite das suas forças físicas, algumas passagens mais emocionantes do Requiem, como o “Lacrimosa” ou o “Confutatis”.
Seja como for, o Requiem de Mozart é uma das obras mais impressionantes e imortais de toda a História da Música e, certamente, a mais poderosa, genial e emocionante de toda a arte mozartiana: nela se conflui a imensa profundidade melódica das vozes que parecem vindas do além, com a soberba orquestração e jogos dinâmicos. A versatilidade do coro chega, por vezes, a raiar a suavidade dos anjos ou a ira de Deus. Sendo uma obra eminentemente religiosa e cristã, é impossível até para um não crente não ficar indiferente perante a indelével espiritualidade que emana desta obra monumental.
O magnífico filme “Amadeus” de Milos Forman (1984), vencedor de 8 Óscares, é um excelente retrato da vida e obra de Mozart, ainda que com incorrecções históricas (como a alegada competição entre o compositor Salieri e Mozart). Tom Hulce, notável actor que interpreta Amadeus Mozart, é impetuoso, convincente e estarrecedor, sobretudo nos momentos finais do filme nos quais, precisamente, doente e febril, compõe no limite das suas forças físicas, algumas passagens mais emocionantes do Requiem, como o “Lacrimosa” ou o “Confutatis”.
Seja como for, o Requiem de Mozart é uma das obras mais impressionantes e imortais de toda a História da Música e, certamente, a mais poderosa, genial e emocionante de toda a arte mozartiana: nela se conflui a imensa profundidade melódica das vozes que parecem vindas do além, com a soberba orquestração e jogos dinâmicos. A versatilidade do coro chega, por vezes, a raiar a suavidade dos anjos ou a ira de Deus. Sendo uma obra eminentemente religiosa e cristã, é impossível até para um não crente não ficar indiferente perante a indelével espiritualidade que emana desta obra monumental.
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