Primo Levi é, juntamente com Elie Wiesel, o melhor escritor saído dos campos de extermínio Nazis. "Se Isto é Um Homem" é um espantoso relato sobre os limites do sofrimento humano no âmbito dessa ignomínia chamada Holocausto. Literatura seca e descarnada, afiada como um cutelo ensanguentado. É um livro que deveria constar nos programas curriculares escolares, para que as novas gerações não esqueçam o horror vivido na Europa há apenas seis décadas atrás. Quando morreu (1987), Elie Wiesel disse: "Primo Levi morreu 40 anos depois em Auschwitz". E era verdade. Levi passou a vida atormentado por ter sido um sobrevivente da carnificina, por carregar nas costas o imenso peso da memória do Genocídio. Era como se Primo Levi continuasse e viver agrilhoado à angústia dos terríveis momentos passados no seio da máquina do extermínio alemão.
"A Trégua", editado em 1963, revela as vivências da libertação de Auschwitz, como que num lampejo de expiação espiritual. Uns anos antes da sua morte (os biógrafos falam em suicídio, os familiares referem que foi consequência de uma queda das escadas), Primo Levi lança em 1986 o livro "Os que Sucumbem e os que se Salvam" (Editorial Teorema). De forma lúcida e pragmática, Levi regressa às memórias dolorosas do campo de extermínio, justificando que sentia que a memória colectiva já pouca atenção dava ao Holocausto. Levi terminara uma poderosa trilogia de obras sobre os horrores Nazis, para nunca mais ninguém se esquecer. Na esteira de Levi, "As Benevolentes" de Jonathan Littell renova o interesse universal nesta matéria, ao escrever ao longo de 900 páginas sobre a banalidade do Mal.
PS - Este post foi suscitado com a leitura da crítica ao livro "Os que Sucumbem e os que se Salvam", feita por Luís M. Faria no Expresso de hoje
PS - Este post foi suscitado com a leitura da crítica ao livro "Os que Sucumbem e os que se Salvam", feita por Luís M. Faria no Expresso de hoje
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