Se foi verdade, foi patético e ridículo. A editora de Carla Bruni queria colar um autocolante no seu mais recente disco “Comme si de Rien N’était” a dizer isto: “Pode gostar de Carla Bruni sem gostar do marido”. Em declarações ao jornal Libération (reproduzidas no jornal Público sexta-feira passada), a cantora italiana defende-se dizendo: “Compreendo. Tenho consciência da perturbação desta situação de desdobramento entre ser cantora e primeira-dama, porque isso suscita perturbação também em mim. Quando faço um disco, mergulho no meu núcleo íntimo. Para o preservar, foi necessário que me desdobrasse”.
Bruni contorna a questão de forma subtil afirmando que compreendeu essa necessidade da editora ter ponderado colar aquele aviso na capa do disco. Eu não só não compreendo como acho que esse autocolante seria o equivalente a chamar estúpidos aos potenciais compradores do disco. Quer dizer, a frase “pode gostar de Carla Bruni sem gostar do marido” é tão lógica e tácita que chega a ser redundante e contraproducente. Será que existe alguém que não consiga fazer esse exercício de discernimento intelectual entre uma obra artística (neste caso um disco) e a relação familiar do criador da mesma obra? É preciso um autocolante preconceituoso a lembrar isso? Que incompatibilidade pode existir entre não gostar da política de Sarkozy e gostar da música de Carla Bruni (que por sinal, fez um primeiro disco nada desprezível)?
A indústria discográfica estará assim tão desesperada ao ponto de recorrer a este expediente gratuito e sem sentido, na esperança de aumentar (ou não quebrar) as vendas? A simpatia/antipatia por uma ideologia política ou por uma determinada personalidade pública, não devem ser inibidores ou condicionadores no momento da avaliação artística de um determinado objecto estético. É o caso.
No plano nacional existem analogias que se podem fazer: será que há quem não compre um livro do Manuel Maria Carrilho porque está casado com a apresentadora de televisão Bárbara Guimarães (ou quem não veja um programa seu por casua do ex-Ministro da Cultura)? Ou quem não compre um DVD de um filme de Edgar Pêra porque o realizador está casado com a activista do Bloco de Esquerda Joana Amaral Dias? Se calhar até há.
No plano nacional existem analogias que se podem fazer: será que há quem não compre um livro do Manuel Maria Carrilho porque está casado com a apresentadora de televisão Bárbara Guimarães (ou quem não veja um programa seu por casua do ex-Ministro da Cultura)? Ou quem não compre um DVD de um filme de Edgar Pêra porque o realizador está casado com a activista do Bloco de Esquerda Joana Amaral Dias? Se calhar até há.
5 comentários:
A Joana Amaral Dias é casada??? Nãããããããããããooooooooooo!!!…………
Não duvides que há...
Realmente só tu para revelares ao mundo quem é casado com quem? A Joana com o Edgar Pera! Essa é uma revelação digna da TV Guia!
Sem duvida que o autocolante será contraproducente. Nunca ouvi qualquer disco da Carla Bruni mas parece-me, segundo as críticas que já li dela, que os seus discos não serão muito "acessíveis" ao comum ouvido do género "descaradamente pop". Por isso, o potencial comprador dos seus discos não vai ligar nada à sua vida pessoal...a não ser que a editora queira penetrar noutros mercados...
Esteve, há dias, entre nós aquela força demolidora chamada Rage Against the Machine.
Não me identifico em nada com toda a propaganda política extremista de esquerda deles mas a musica deles é muito boa (dentro do seu género)!
Jorge: viste o concerto dos RATM no Optimus Alive?
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