Este é daqueles discos que fizeram história. Christian Marclay, compositor, artista visual, professor, tem atrás de si uma longa carreira de explorador sonoro e de colaborações com os músicos mais importantes do panorama musical vanguardista: Otomo Yoshihide, John Zorn, Elliott Sharp, Butch Morris, Erik M., Keiji Haino, músicos dos Sonic Youth, etc. Ainda jovem, interessou-se por correntes artísticas conotadas com a ousadia formal e estética, como o movimento Fluxus e a arte conceptual. Depois de um curto período no qual se entusiasmou com a energia subversiva do punk rock, enveredou de seguida pela experimentação partindo da exploração (material e sonora) do gira-discos ("turntable", termo que deu origem a uma prática musical, o "turntablism", que por sua vez, teve como antecessor a prática da música concreta). Toda a matéria sonora e musical é válida para Marclay - dos ruídos mais sujos aos géneros como o rock ou a clássica.
De resto, Christian Marclay é mesmo considerado o precursor da utilização do gira-discos enquanto instrumento musical não convencional. Não o utiliza no mesmo sentido em que o faz um DJ de hip-hop, mas antes como objecto performativo, de manipulação sonora através dos mais distintos procedimentos técnicos. Desde a década de 70 e, sobretudo, a de 80, Christian Marclay explorou múltiplas formas de manipular o som através dos gira-discos (e gramofones antigos) e dos discos de vinil. Todo o equipamento serviu de base para o seu trabalho de explorador sonoro: gira-discos com rotações estragadas ou alteradas, discos partidos ou literalmente colados, técnicas de scratch, de mistura, de alterações de pitch. Todas estas ferramentas (entre outras) serviram para conceber o álbum "More Encores.", lançado em 1988. Este disco é decisivo na história da música pela inovação com que Christian Marclay explora a música de outrem. Ou seja, todas as doze faixas têm como matéria musical composições de outros tantos músicos. Houve uma atitude apropriacionista, à luz do "ready made" de Duchamp, ao manipular os sons de compositores famosos. Aliás, "More Encores" é mesmo considerado o primeiro grande disco que recorre, exclusivamente, a samples analógicos de outros artistas. E que artistas: John Cage, Maria Callas, John Zorn, Jimi Hendrix, Jane Birkin, Chopin, Strauss, Fred Frith, entre outros. Christian Marclay manipula, literalmente, os discos destes músicos com algumas das técnicas já descritas para compor algo de completamente novo e esteticamente desafiante. O trabalho de Marclay é também conceptual, ao nível da abordagem dos pressupostos teóricos da linguagem musical. E é um disco que tem de ser ouvido em vinil (até porque tem como matéria prima de base o vinil), dado que o formato digital não revela todas as nuances tímbricas concebidas a pensar na rodela vinílica. É o próprio músico que defende: "interesso-me pelos sons que as pessoas não querem - como o som da agulha no disco riscado, o ruído da superfície do vinil, ou o scratch, por exemplo".
De resto, Christian Marclay é mesmo considerado o precursor da utilização do gira-discos enquanto instrumento musical não convencional. Não o utiliza no mesmo sentido em que o faz um DJ de hip-hop, mas antes como objecto performativo, de manipulação sonora através dos mais distintos procedimentos técnicos. Desde a década de 70 e, sobretudo, a de 80, Christian Marclay explorou múltiplas formas de manipular o som através dos gira-discos (e gramofones antigos) e dos discos de vinil. Todo o equipamento serviu de base para o seu trabalho de explorador sonoro: gira-discos com rotações estragadas ou alteradas, discos partidos ou literalmente colados, técnicas de scratch, de mistura, de alterações de pitch. Todas estas ferramentas (entre outras) serviram para conceber o álbum "More Encores.", lançado em 1988. Este disco é decisivo na história da música pela inovação com que Christian Marclay explora a música de outrem. Ou seja, todas as doze faixas têm como matéria musical composições de outros tantos músicos. Houve uma atitude apropriacionista, à luz do "ready made" de Duchamp, ao manipular os sons de compositores famosos. Aliás, "More Encores" é mesmo considerado o primeiro grande disco que recorre, exclusivamente, a samples analógicos de outros artistas. E que artistas: John Cage, Maria Callas, John Zorn, Jimi Hendrix, Jane Birkin, Chopin, Strauss, Fred Frith, entre outros. Christian Marclay manipula, literalmente, os discos destes músicos com algumas das técnicas já descritas para compor algo de completamente novo e esteticamente desafiante. O trabalho de Marclay é também conceptual, ao nível da abordagem dos pressupostos teóricos da linguagem musical. E é um disco que tem de ser ouvido em vinil (até porque tem como matéria prima de base o vinil), dado que o formato digital não revela todas as nuances tímbricas concebidas a pensar na rodela vinílica. É o próprio músico que defende: "interesso-me pelos sons que as pessoas não querem - como o som da agulha no disco riscado, o ruído da superfície do vinil, ou o scratch, por exemplo".
Em Junho de 2001 tive a feliz oportunidade de conhecer pessoalmente Christian Marclay. Foi na Bienal de Artes da Maia - "UrbanLab", dado que fui convidado para tocar na primeira parte do Christian Marclay DJ Trio (com Christian Marclay, Erik M. e Toshio Kashiwara). Foi particularmente interessante para mim ouvir o o próprio artista e músico a explicar os seus procedimentos criativos. Na altura, estava entusiasmado porque se encontrava a desenvolver uma instalação sonora com Lee Ranaldo (dos Sonic Youth). A impressão com que fiquei é que Marclay é um artista humilde, de fortes convicções artísticas e que tem consciência que o seu trabalho como "turntablist" foi pioneiro e fortemente influente na história da música do final do século XX.
Aconselho vivamente a ver este mini-documentário de 5 minutos sobre o trabalho de Christian Marclay:
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