Danny Elman passou pelo Porto, há quase 10 anos, por ocasião do Fantasporto e da estreia do filme “Sleepy Hollow” (“A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça”, 1999), desse prodigioso cineasta chamado Tim Burton. Já o disse aqui várias vezes que Danny Elfman é o meu compositor favorito para cinema dos últimos 20 anos. Não sei se é o melhor nem o mais conhecido, nem sequer o mais premiado (o músico diz que os compositores académicos não gostam do seu trabalho), mas Elfman é, seguramente, um dos mais inventivos e eclécticos criadores de bandas sonoras para filmes desde Bernard Herrmann, Nino Rota ou Ennio Morricone.
Nem toda a sua carreira é brilhante - compôs bandas sonoras banais para filmes comerciais como "Hulk", "Missão Impossível" ou "Men in Black". Mas bastava a sua colaboração com Tim Burton para ficar para a história. Aliás, é a Tim Burton que Elfman deve a sua entrada fulgurante no mundo do cinema, quando o cineasta o convidou a fazer a sublime música para o filme "As Aventuras de Pee-Wee" (1985). (Danny Elfman começou por compor para teatro musical, antes de fundar a interessante banda rock Oingo Boingo em 1978). De resto, Danny Elfman só não criou duas bandas sonoras de filmes de Burton: "Ed Wood" (2004) e "Sweeney Todd" (2007). No primeiro filme, Danny Elfman estava chateado com Tim Burton (reconciliaram-se logo a seguir); no segundo, a música original era de Stephen Sondheim. Burton e Elfman encetaram, pois, uma colaboração artística das mais esfuziantes e originais das últimas duas décadas.
São da responsabilidade de Danny Elfman as notáveis bandas sonoras dos filmes “Eduardo Mãos de Tesoura”, “Batman”, “The Big Fish”, "The Corpse Bride", “Marte Ataca!”, "Charlie e a Fábrica de Chocolate" (todos de Tim Burton), ou ainda “Dick Tracy”, e mesmo a música do genérico da série “Os Simpsons” (Elfman refere que na Índia é mais conhecido pela música dos "Simpsons" do que qualquer outra). O trabalho de Elfman é devedor da tradição musical para filmes de insignes compositores clássicos como Nino Rota, Bernard Hermann, Henry Mancini ou Max Steiner, mas acrescentado sempre um toque singular de criatividade (que pode passar por música de cabaret, jazz, ou rock), refutando as convenções da comédia musical (designadamente da Broadway) e revelando uma sensibilidade rara na criação de ambintes negros e góticos. Ver aqui filmografia completa.
Porventura a obra-prima absoluta de Danny Elfman seja o filme de animação (com produção de Burton) “The Nightmare Before Christmas” (“O Estranho Mundo de Jack”). O filme é um maravilhoso conto onde se cruzam as noites das bruxas e de Natal, num registo misto de negritude teatral do Halloween e de imaginário surrealista. O perfeito contraponto musical de Danny Elfman é feito recorrendo a canções que servem de autêntico motor narrativo, socorrendo-se a uma síntese artística que funde Prokofiev, Tchaikovski e Nino Rota. Para além destas referências, a obra alemã de Kurt Weill revela-se como o elemento musical e estilístico catalisador de toda a obra. Mais a mais, ao contrário de muitas bandas sonoras, este trabalho sobrevive perfeitamente sem o recurso das imagens. Eis algumas palavras do próprio Elfman a propósito desta banda sonora: “Foi um enorme desafio compor a banda sonora para “The Nightmare...”; passei dois anos e meio a trabalhar com o Tim Burton. Escrevemos onze canções antes de haver um guião. Desprezei a regra Disney segundo a qual todos os musicais devem ter cinco temas, de 12 em 12 minutos. Queríamos fazer algo que soasse simultaneamente fresco e antiquado, quase intemporal”.
E o que está a fazer actualmente Danny Elfman? Está a preparar a composição para um peça de teatro musical a estrear na Broadway em 2010 sobre a vida do ilusionista Harry Houdini. No que toca ao cinema, compõe neste momento a música para ao filme "Hellboy: The Golden Army" (de Guillermo del Toro). E foi o responsável pelo original soundtrack de um filme que está a dar muito que falar e que estreia em Portugal daqui a dias: "Wanted" (com Angelina Jolie e Morgan Freeman). O motivo do burburinho em relação a este filme diz respeito aos revolucionários efeitos visuais (na senda de "The Matrix") e por uma alegada redefinição do conceito de filme de acção. Já ouvi a banda sonora que Danny Elfman fez para "Wanted" e, mais uma vez, não desilude. Fraqueja apenas no tema "The Little Things", um desinspirado tema hardrock. De resto, as soluções sonoras encontradas por Elfman são plenas de criatividade e ousadia estética. Ouça-se esta tema "Revenge": a mistura explosiva de orquestrações sinfónicas com riffs de guitarra resulta num momento claramente superior da sua carreira. Um estilo que se reconhece à légua, um estilo que muitos imitam (como Tyler Bates) mas poucos igualam.
Nem toda a sua carreira é brilhante - compôs bandas sonoras banais para filmes comerciais como "Hulk", "Missão Impossível" ou "Men in Black". Mas bastava a sua colaboração com Tim Burton para ficar para a história. Aliás, é a Tim Burton que Elfman deve a sua entrada fulgurante no mundo do cinema, quando o cineasta o convidou a fazer a sublime música para o filme "As Aventuras de Pee-Wee" (1985). (Danny Elfman começou por compor para teatro musical, antes de fundar a interessante banda rock Oingo Boingo em 1978). De resto, Danny Elfman só não criou duas bandas sonoras de filmes de Burton: "Ed Wood" (2004) e "Sweeney Todd" (2007). No primeiro filme, Danny Elfman estava chateado com Tim Burton (reconciliaram-se logo a seguir); no segundo, a música original era de Stephen Sondheim. Burton e Elfman encetaram, pois, uma colaboração artística das mais esfuziantes e originais das últimas duas décadas.
São da responsabilidade de Danny Elfman as notáveis bandas sonoras dos filmes “Eduardo Mãos de Tesoura”, “Batman”, “The Big Fish”, "The Corpse Bride", “Marte Ataca!”, "Charlie e a Fábrica de Chocolate" (todos de Tim Burton), ou ainda “Dick Tracy”, e mesmo a música do genérico da série “Os Simpsons” (Elfman refere que na Índia é mais conhecido pela música dos "Simpsons" do que qualquer outra). O trabalho de Elfman é devedor da tradição musical para filmes de insignes compositores clássicos como Nino Rota, Bernard Hermann, Henry Mancini ou Max Steiner, mas acrescentado sempre um toque singular de criatividade (que pode passar por música de cabaret, jazz, ou rock), refutando as convenções da comédia musical (designadamente da Broadway) e revelando uma sensibilidade rara na criação de ambintes negros e góticos. Ver aqui filmografia completa.
Porventura a obra-prima absoluta de Danny Elfman seja o filme de animação (com produção de Burton) “The Nightmare Before Christmas” (“O Estranho Mundo de Jack”). O filme é um maravilhoso conto onde se cruzam as noites das bruxas e de Natal, num registo misto de negritude teatral do Halloween e de imaginário surrealista. O perfeito contraponto musical de Danny Elfman é feito recorrendo a canções que servem de autêntico motor narrativo, socorrendo-se a uma síntese artística que funde Prokofiev, Tchaikovski e Nino Rota. Para além destas referências, a obra alemã de Kurt Weill revela-se como o elemento musical e estilístico catalisador de toda a obra. Mais a mais, ao contrário de muitas bandas sonoras, este trabalho sobrevive perfeitamente sem o recurso das imagens. Eis algumas palavras do próprio Elfman a propósito desta banda sonora: “Foi um enorme desafio compor a banda sonora para “The Nightmare...”; passei dois anos e meio a trabalhar com o Tim Burton. Escrevemos onze canções antes de haver um guião. Desprezei a regra Disney segundo a qual todos os musicais devem ter cinco temas, de 12 em 12 minutos. Queríamos fazer algo que soasse simultaneamente fresco e antiquado, quase intemporal”.
E o que está a fazer actualmente Danny Elfman? Está a preparar a composição para um peça de teatro musical a estrear na Broadway em 2010 sobre a vida do ilusionista Harry Houdini. No que toca ao cinema, compõe neste momento a música para ao filme "Hellboy: The Golden Army" (de Guillermo del Toro). E foi o responsável pelo original soundtrack de um filme que está a dar muito que falar e que estreia em Portugal daqui a dias: "Wanted" (com Angelina Jolie e Morgan Freeman). O motivo do burburinho em relação a este filme diz respeito aos revolucionários efeitos visuais (na senda de "The Matrix") e por uma alegada redefinição do conceito de filme de acção. Já ouvi a banda sonora que Danny Elfman fez para "Wanted" e, mais uma vez, não desilude. Fraqueja apenas no tema "The Little Things", um desinspirado tema hardrock. De resto, as soluções sonoras encontradas por Elfman são plenas de criatividade e ousadia estética. Ouça-se esta tema "Revenge": a mistura explosiva de orquestrações sinfónicas com riffs de guitarra resulta num momento claramente superior da sua carreira. Um estilo que se reconhece à légua, um estilo que muitos imitam (como Tyler Bates) mas poucos igualam.
6 comentários:
Curiosamente, e nao desprezando o trabalho de Elfman, a minha banda sonora preferida para um filme do Tim Burton e a do Ed Wood.
O Elfman deve ao Burton, verdade, mas o Burton também lhe deve muito.
A música de "Ed Wood" é notável. Aliás, não será por acaso que é composta por outro grande compositor contemporâneo: Howard Shore.
Dificil escolher uma banda-sonora favorita de Danny Elfman. Ele, que a par de John Williams, são os mais mediáticos e criadores de bandas-sonoras de alguns filmes míticos do cinema dos úttimos20/30 anos.
Pela lista de filmes que você citou , impossível ele ser ruim.
O Ed Wood é de 94. Bom post, blog muito interessante
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