O Paquistão é um país muito peculiar. Por boas e más razões. Más em virtude, por exemplo, dos costumes sociais extremamente repressores e violentos para com a condição da mulher; más por questões do reconhecido fundamentalismo religioso e político. Boas razões, por causa da tradição musical, uma das mais ricas no contexto da música étnica e da “world-music”. Tal como para as sociedades ancestrais, assentes em códigos culturais milenares e profundamente enraizados na população, a música é para os paquistaneses, um chamamento ritualista e uma demanda espiritual do homem.
Assim como o fado está para Portugal, o "Cante Jondo" para Espanha ou o Raï para a Argélia, o ancestral canto “Qawwali” é, para o Paquistão, uma forma de canto único, uma forma de celebrar intensamente a existência terrena, aliada ao mais profundo sentimento de religiosidade. Este canto devocional caracteriza-se pela forma como o cantor, após muitos anos de treino, consegue libertar a sua voz em direcção a extremos tímbricos e melódicos que fazem qualquer ocidental não iniciado pasmar de espanto. Neste domínio, Nusrat Fateh Ali Khan (1948 - 1997), constituiu o baluarte maior desta arte impressionante de expor a voz (aos deuses, dizia ele). Nusrat, com o seu físico imponente, sempre sentado, era dono de uma voz tão portentosa quanto bela, tão elegante quanto expressiva. Única, em suma. Colaborou com inúmeros músicos ocidentais (até com projectos de música electrónica, numa proveitosa ponte entre Oriente e Ocidente), foi um sucesso de vendas em países como a França ou a Espanha. Por outro lado, ajudou também o Ocidente a conhecer melhor a apaixonante tradição musical do Paquistão.
Assim como o fado está para Portugal, o "Cante Jondo" para Espanha ou o Raï para a Argélia, o ancestral canto “Qawwali” é, para o Paquistão, uma forma de canto único, uma forma de celebrar intensamente a existência terrena, aliada ao mais profundo sentimento de religiosidade. Este canto devocional caracteriza-se pela forma como o cantor, após muitos anos de treino, consegue libertar a sua voz em direcção a extremos tímbricos e melódicos que fazem qualquer ocidental não iniciado pasmar de espanto. Neste domínio, Nusrat Fateh Ali Khan (1948 - 1997), constituiu o baluarte maior desta arte impressionante de expor a voz (aos deuses, dizia ele). Nusrat, com o seu físico imponente, sempre sentado, era dono de uma voz tão portentosa quanto bela, tão elegante quanto expressiva. Única, em suma. Colaborou com inúmeros músicos ocidentais (até com projectos de música electrónica, numa proveitosa ponte entre Oriente e Ocidente), foi um sucesso de vendas em países como a França ou a Espanha. Por outro lado, ajudou também o Ocidente a conhecer melhor a apaixonante tradição musical do Paquistão.
Dizia-se que, nas suas performances ao vivo, parecia entrar em autêntico transe enquanto cantava, ajudado pela matriz hipnótica dos ritmos das tablas. Para Nusrat interessava tanto o que se dizia ao cantar como a forma como cantava. Daí que o canto “Qawwali” seja uma forma de expressão vocal extremamente rica, da qual Nusrat era um mestre incontestado. Um artista maior da música de raiz tradicional do mundo, Nusrat Fateh Ali Khan, veiculou a espiritualidade através da sua intensa música.
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